Com talento genuíno para os negócios, apresentador se colocou no rol dos principais comunicadores do País.
No ar há 61 anos, no mesmo dia da semana e com o mesmo nome, o Programa Silvio Santos já havia sido reconhecido pelo Guinness Book, ainda em 1993, como o mais longevo da TV brasileira. Não era necessário, porém, uma publicação internacional para atestar o quão importante era uma atração que representava exatamente a essência e a proposta de comunicação de seu dono, de tal forma que a marca permanecesse forte mesmo quando ele próprio já não estivesse mais em cena.
O Programa Silvio Santos, de certa forma, é uma representação da longevidade, senso de humor e informalidade que sempre permearam a carreira do apresentador, que morreu na madrugada deste sábado, 17 de agosto, como um dos principais nomes da história da televisão brasileira e, para muitos, com o título de maior comunicador de todos os tempos.
Antes de Silvio Santos, contudo, existiu Senor Abravanel, o jovem garoto nascido na Lapa, no Rio de Janeiro, no dia 12 de dezembro de 1930. Seus pais, Rebeca e Alberto, descendentes de imigrantes gregos e turcos, tiveram seis filhos. E Senor, desde a adolescência, decidiu colocar a mão na massa não só para ajudar com a renda da família como também para conseguir um dinheiro que lhe permitisse frequentar os cinemas da cidade, sua atividade predileta.
Foi nas ruas que descobriu um talento para algo que, de certa forma, faria pelo resto da vida: vender. Na época, eram somente capas para documentos e outros utensílios simples, como canetas. Foi nessa época de comerciante nas ruas que recebeu um convite para participar de um concurso de locutores na Rádio Guanabara, no Rio de Janeiro.
Depois de um tempo em que conciliava participações em rádios com o comércio de rua, o jovem adotou o nome que o marcaria para sempre na memória do público: Silvio Santos.
A carreira no rádio começou junto com a ideia de ampliar os negócios e as finanças. Já ciente de que o entretenimento era atrativo para o público, Silvio criou um comércio de anúncios e shows na Barca da Cantareira, que fazia o tráfego do Rio de Janeiro a Niterói. Para complementar a renda, criou a revista Brincadeiras para Você, com passatempos e jogos.
Em 1954, mudou-se para São Paulo e conseguiu seu primeiro emprego como locutor da Rádio Nacional. Seu trabalho era emprestar a voz para comerciais, sendo muitos deles no Programa Manoel de Nóbrega, seu futuro parceiro e amigo.
Quatro anos depois, a proximidade com Nóbrega fez com que Silvio assumisse a empresa do amigo, o Baú da Felicidade, que oferecia prêmios mediante o pagamento de carnês. A partir do ano seguinte, fundaria sua empresa, Silvio Santos – futuro Grupo Silvio Santos – para gerir a operação do Baú.
Antes disso, contudo, começou a fazer participações na TV e comandou, em 1957, pela primeira vez, um programa televisivo: Audições, da TV Paulista, com cantores e maestros, que era exibido simultaneamente pela Rádio Nacional.
A partir daí, não saiu mais da telinha, tendo apresentado atrações como Quando Maestros se Encontram, O Grande Espetáculo e Hit Parade.
Em 1960, Silvio notou que a televisão era um território interessante não apenas para exercitar seu talento como comunicador, como também a melhor vitrine possível para popularizar seu Carnê do Baú. Foi aí que idealizou, produziu e apresentou seu primeiro programa próprio, o Vamos Brincar de Forca, em que os participantes ganhavam prêmios.
Após outros games shows na TV, em 1963 passou a alugar um espaço aos domingos, na TV Paulista, onde estreou, no dia 2 de junho, o primeiro Programa Silvio Santos, atração que combinava jogos, apresentações musicais e prêmios. Com diferentes quadros e atrações, o Programa Silvio Santos viria a ser a atração mais longeva da televisão nacional, permanecendo no ar até os dias de hoje.
Em 1964, além do Programa Silvio Santos, que comandava na TV Paulista, Silvio decidiu expandir sua presença na mídia ao alugar uma faixa de horário na TV Tupi, para a veiculação de mais programas. É dessa época que vieram atrações como o Festival da Casa Própria e o Cidade Contra Cidade.
Ainda na década de 1960, a televisão brasileira ofereceu uma imagem inusitada para os espectadores das gerações posteriores: Silvio Santos foi uma das atrações principais da Globo.
Isso aconteceu quando o controle da TV Paulista passou para o comando do Grupo Globo. Como Silvio já alugava sua faixa na emissora, ele expandiu seu espaço, chegando a ficar no ar, com seu programa, por nove horas.
Em 1972, criou o Grupo Silvio Santos, holding que seria responsável por controlar todos os seus negócios, tanto as produções de TV como o Baú e outras operações. No ano seguinte, inaugurou seu Centro de Produção Vila Guilherme, em São Paulo, de onde era produzido o Programa Silvio Santos.
Embora já fosse altamente popular entre o público brasileiro, Silvio não havia ainda conquistado seu maior sonho: ter seu próprio canal de TV, algo que começou a se realizar em 1975, quando conquistou a concessão da TV Studio Silvio Santos (TVS Rio), que seria inaugurada no ano seguinte.
Apesar da TVS, o comunicador ainda alimentava a pretensão de levar sua programação a todo o País. Após muito batalhar por uma concessão, finalmente conquistou o extinto Canal 4 de São Paulo e, no dia 19 de agosto de 1981, o SBT entrou no ar.
Prestes a completar 43 anos nesta próxima segunda-feira, a emissora conseguiu imprimir e manter as características de seu “patrão”, com uma programação voltada à família brasileira e atrações que, ao longo de décadas, marcaram gerações, como Show de Calouros, Topa Tudo por Dinheiro, Programa Hebe, Domingo Legal, Jô Soares Onze e Meia e outros.
Em 1996, inaugurou o complexo dos estúdios da Anhanguera, que até hoje abriga o SBT. Ao longo desses anos, sempre ficou conhecido por participar, ativamente, das decisões acerca da programação e das contratações da casa, algo que acabou gerando diversas histórias na imprensa e entre os profissionais que trabalharam com Silvio Santos.
Após o início da pandemia de Covid-19, Silvio Santos afastou-se das gravações de seu programa. Depois, vacinado, e sempre com o mesmo talento para conduzir a plateia, retornou para comandar a atração, mas já começou a ser substituído, esporadicamente, por uma de suas filhas, a apresentadora Patricia Abravanel.
A última vez em que comandou seu Programa Silvio Santos no SBT foi em junho de 2022. Após esse período, passou a maior parte do tempo em casa, com a família, de onde seguiu acompanhando as estratégias de sua emissora.
Silvio tentou transferir seu talento como comunicador para o âmbito político e chegou a se candidatar à Presidência da República, em 1989, na primeira eleição do País após a redemocratização. Sua candidatura, porém, foi vetada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Antes, disso, também havia pensado em se candidatar à Prefeitura de São Paulo.
Com as pretensões políticas já de lado, Silvio virou enredo de escola de samba. O apresentador foi homenageado pela Tradição, em 2001, com o enredo “Hoje é Domingo, é Alegria. Vamos Sorrir e Cantar”, que embalou o público na Marquês de Sapucaí. Silvio levou para a avenida familiares e outros artistas e colegas do SBT.
Neste sábado, 19, enquanto Globo, Record e boa parte dos veículos de comunicação se mobilizavam para cobrir a morte de Silvio Santos, com informações diretamente do hospital em que ele esteve internado e repercussão de sua perda entre as personalidades da mídia, o SBT, curiosamente, exibia desenhos animados, sem alterar sua programação.
A cobertura ao vivo da morte do “patrão” teve início apenas algum tempo depois, com a apresentadora Simone Queiroz explicando: “Nós interrompemos nossa programação só agora porque também estamos administrando a nossa dor, a dor da imensa família brasileira” (veja abaixo).
Nas redes sociais, circulou o boato o de que o atraso na cobertura atendia a um desejo do próprio Silvio Santos, que não teria autorizado a emissora a preparar uma programação especial para o dia de sua morte por não ver, naquele planejamento, um bom presságio, e também por não querer se colocar no centro das atenções.
O SBT não confirmou essa versão que circulou nas redes sociais. Em uma carta divulgada ao público, a Família Abravanel revelou que Silvio teria uma cerimônia funerária judaica e restrita aos familiares e pessoas mais próximos.
“Ele pediu para que assim que ele partisse, que o levássemos direto para o cemitério e fizéssemos uma cerimônia judaica. Ele pediu para que não explorássemos a sua passagem. Ele gostava de ser celebrado em vida e gostaria de ser lembrado com a alegria que viveu. Ele nos pediu para que respeitássemos o desejo dele. E assim vamos fazer”, disse a família Abravanel.
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