A Confederação Nacional da Indústria (CNI) teve uma participação ativa na 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP29), em Baku, no Azerbaijão. Nossas ações se destacaram pela ampliação da presença do setor empresarial no estande da CNI, pelo evento “Diálogo Empresarial” e pelo Brazilian Industry Day, com um público recorde de parceiros envolvidos nos debates.
Esse esforço foi acompanhado por mais de 30 países representados no estande, o que reforça a importância dessa iniciativa para a promoção da indústria brasileira. Avançamos na articulação com organizações congêneres, salientando-se a parceria com o Major Economies Business Forum (Bizmef), U.S. Chamber of Commerce, Keidanren (Japão), BDI (Alemanha) e CBI (Reino Unido), ampliando a colaboração internacional.
Para garantir a relevância e a diversidade dos debates, a mobilização de painelistas internacionais também foi intensificada, enriquecendo as discussões nos nossos eventos. Em um compromisso com a sustentabilidade, as emissões de gases de efeito estufa referentes à nossa participação na COP29 foram completamente neutralizadas, numa parceria inédita com a Ambipar, que oferece serviços de gestão ambiental.
Isso acontecerá novamente na COP30, em Belém do Pará, no ano que vem. As negociações em Baku se estenderam na tentativa de um acerto satisfatório para a nova meta global de financiamento climático (NCQG, na sigla em inglês). Essa era a grande expectativa de entrega para essa COP. O acordo alcançado, de US$ 300 bilhões por ano, foi muito aquém do esperado, em especial porque os países em desenvolvimento aguardam por uma cifra que supere US$ 1 trilhão, mas deve ser encarado como o início de uma reestruturação do sistema financeiro global para a agenda climática.
Durante a COP29, vimos um avanço expressivo com a finalização das negociações sobre o artigo 6 do Acordo de Paris, que já se arrastava há três anos. As decisões tomadas apoiarão a completa operacionalização dos créditos de carbono. Essa é uma boa notícia para os países em desenvolvimento, que poderão se beneficiar desse fluxo de financiamento. O mecanismo oferece uma oportunidade para o Brasil envolver ativamente a indústria em um mercado global de carbono como parte de seus esforços para alcançar a neutralidade climática.
Vale ressaltar, também, o consenso alcançado sobre a meta global de adaptação às mudanças climáticas. Embora as negociações ainda estejam em andamento, os países avançaram em um acordo sobre indicadores que serão utilizados para avaliar seus progressos em relação à adaptação. Para o Brasil, esse é um tema crucial.
Dos nossos 5.570 municípios, 3.679 apresentam baixa capacidade adaptativa em relação a desastres climáticos. Para a indústria, se adequar aos impactos é estratégico. Como anfitrião da próxima conferência, o Brasil terá a oportunidade de impulsionar um novo estágio no multilateralismo climático, promovendo o fortalecimento das relações entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Estamos elaborando uma estratégia para mobilizar representantes do setor privado com a missão de construir e propor recomendações relevantes para a indústria, influenciando o processo de tomada de decisões nas pautas prioritárias das conferências climáticas da ONU. O chamado Sustainable Business COP será parte de nossos esforços na trilha até a COP30.
Em Belém, em 2025, a CNI será ainda mais atuante, com a sugestão de ações concretas para combater os efeitos adversos das mudanças climáticas, incluindo a participação das instituições que representam o setor industrial em todo o mundo. Pretendemos apresentar propostas inovadoras, de modo a encontrar soluções que viabilizem o desejável desenvolvimento sustentável das nossas economias e garantam o futuro do planeta.
*Ricardo Alban é empresário e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O artigo foi publicado na Revista Indústria Brasileira, no dia 27 de dezembro.
https://noticias.portaldaindustria.com.br/artigos/ricardo-alban/de-...
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