Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Desaceleração da economia brasileira preocupa vizinhos

Casa de câmbio em Buenos Aires. Reuters

Argentinos temem que Brasil redirecione ao país produtos que não consega exportar

Os países vizinhos do Brasil estão apreensivos com o desempenho da economia brasileira. Os sinais de desaceleração ficaram claros com a divulgação do resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre deste ano, que registrou variação zero em relação ao trimestre anterior, de acordo com o IBGE.

Assessores dos governos e analistas econômicos ouvidos pela BBC Brasil destacaram que o desempenho da economia brasileira tem hoje influência maior nos países vizinhos do que a crise europeia e dos Estados Unidos.

"O que acontece no Brasil hoje afeta diretamente a economia argentina. A crise na Europa ainda é para nós um fato distante. Por isso, o resultado do PIB merece nossa atenção. Se o Brasil vai bem, podemos exportar mais para seu mercado", disse o economista argentino Diego Giacomini, da consultoria Economia e Regiões, de Buenos Aires.

Outro economista argentino, Raúl Ochoa, especialista em comércio exterior e professor da Universidade de Buenos Aires (UBA), disse que a estagnação da economia brasileira era esperada. Com a desaceleração, vem à tona o temor do empresariado argentino com uma eventual "invasão" de produtos brasileiros no país vizinho.

"A economia argentina depende da economia brasileira. Hoje, mais de 20% das exportações argentinas vão para o Brasil. Se o Brasil cresce menos, compra menos, e pior, como temem os empresários, pode exportar para a Argentina o que não está vendendo em seu próprio mercado"

Raúl Ochoa, economista

"A economia argentina depende da economia brasileira. Hoje, mais de 20% das exportações argentinas vão para o Brasil. Se o Brasil cresce menos, compra menos, e pior, como temem os empresários, pode exportar para a Argentina o que não está vendendo em seu próprio mercado", disse.

No Brasil, o Ministério da Fazenda estima crescimento de 3,2% para 2011 e de entre 4% e 5% para 2012.

As previsões do Ministério da Economia da Argentina para 2012 são de 5% de expansão.

Setor automotivo

O comércio entre os dois países vinha bem neste ano. Segundo a consultoria Abeceb, de Buenos Aires, divulgados na semana passada, o comércio Brasil-Argentina registrou resultados recordes em novembro deste ano, frente a 2010.

Mas no mesmo mês veio uma luz amarela, de alerta, com a queda no desempenho do setor automobilístico. Na segunda-feira, a Associação de Fábricas de Automóveis (Adefa) informou que as exportações do setor caíram 17,8% em novembro na comparação com o mesmo mês de 2010.

O Brasil, como lembrou o economista Marcelo Elizondo, absorve 80% das exportações do setor automotivo argentino.

"É dependência demais e por isso sempre estamos atentos à economia brasileira e igualmente a da China, principal compradora da soja argentina", disse.

Paraguai

Plataforma da Petrobrás. AFP

Economia brasileira teve crescimento nulo no terceiro trimestre de 2011, impactando vizinhos

No Paraguai, segundo assessores do Ministério da Fazenda, o governo já tinha reduzido a previsão de crescimento econômico de 2011, de olho no desempenho do Brasil.

A economia paraguaia também terá crescimento menor por causa do impacto da febre aftosa no gado local, que reduziu as exportações do país.

"Antes da aftosa, a previsão era de um crescimento econômico de 6,5% em 2011. Mas com a menor venda de carne para a Rússia, Chile e Brasil tivemos que rever este dado reduzindo a previsão para 4,5% este ano. Em 2012, esperamos entre 3,5% e 4% porque a retomada da confiança dos compradores de carne pode demorar um ano", disse um assessor do Ministério.

"Se o Brasil cresce menos, nos afeta diretamente"

Fernando Masi, do Centro de Análises e de Difusão da Economia Paraguaia

O economista paraguaio Fernando Masi, do Centro de Análises e de Difusão da Economia Paraguaia (Cadep), de Assunção, disse que o país exporta mais de 20% da sua produção para o Brasil.

"Se somarmos os produtos de outros países enviados daqui para o Brasil este índice salta para 40%. Ou seja, se o Brasil cresce menos nos afeta diretamente", disse Masi.

Uruguai

No Uruguai, a situação é, até o momento, diferente, segundo assessores do Ministério da Economia.

A previsão oficial é que o país crescerá este ano acima do previsto, registrando 6% de expansão e não os 4,5% anteriormente esperados, de acordo com dados de setembro, últimos disponíveis.

"O aumento constante do Investimento Estrangeiro Direto (IED), com alta de 30% em seis anos, é um dos principais motores da nossa economia hoje. Mas claro que sempre estamos atentos ao que acontece no Brasil", disseram.

Para muitos especialistas, o Brasil, com a maior economia da América Latina, é hoje a "locomotiva" da região

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