Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Design à porter - Arquitetura das lojas de luxo

Arquitetura das lojas de luxo busca inspiração nas artes para fortalecer a experiência de suas marcas. O resultado aparece nos números

 

Em um espaço de 100 metros quadrados, tapetes e poltronas de cores fortes surgem combinados a bancos em formato de diamante. Espelhos cintilantes no teto refletem detalhes brilhantes do piso. Apesar da irreverência, o local não é uma galeria de arte ou um clube noturno.

 

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Diane von Furstenberg, em São Paulo: Recém-aberta no shopping iguatemi, a butique, que foi inspirada 
em um porta-joias, vendeu cinco vezes mais do que o esperado 

Trata-se de uma loja de roupas e acessórios, mais especificamente a nova butique da estilista Diane Von Furstenberg, inaugurada no mês passado no shopping Iguatemi em São Paulo. Toda a ambientação foi pensada para dar a impressão de se estar em um porta-joias gigante – e as roupas seriam as peças preciosas.

E assim o cliente, sem perceber, adentra um convidativo universo de cores e texturas que o incita a explorar mais. A estratégia tem dado resultado: ao final do primeiro mês de atividade, as vendas foram cinco vezes maiores do que o esperado e o estoque da butique praticamente se esgotou.

 

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Prada, em Nova York: A grife italiana investiu US$ 40 milhões nessa que virou sua loja-símbolo. 
O projeto inclui uma escadaria onde um exército de manequins expõe as roupas no lugar de araras

Diane Von Furstenberg não é a primeira a usar conceitos de arte para incrementar a experiência de compra. Grifes brasileiras de moda, como Rosa Chá, Carlos Miele, além da ótica Opart, adotaram o design em suas lojas para fortalecer os vínculos com os consumidores.  Elas seguem exemplos internacionais como o da italiana Prada e a americana Apple – representantes de segmentos distintos, mas iguais na busca por um estilo arquitetônico vendedor. “Quando um cliente entra em nossa loja, ele não encontra o óbvio. O design foi pensado de modo a incentivar a descoberta”, explica Patricia Assui, diretora da Diane Von Furstenberg no Brasil. Por descoberta leia-se vendas.

Com um objetivo semelhante, a grife de moda praia sofisticada Rosa Chá também decidiu mexer no visual de suas unidades. Conhecida por seus biquínis e maiôs, a marca precisa comunicar que está mudando: ampliou-se o leque de produtos e vai começar a comercializar moda casual e lingerie.

 

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Rosa Chá: desenhada pelo arquiteto Arthur Casas, pretende mostrar a nova cara da marca, que deixa de ser apenas de moda praia 

E, para mexer com a imagem de marca e prover uma outra experiência de compra, contratou o arquiteto Arthur Casas para reformar todas as lojas. “A intenção é surpreender a consumidora e criar um espaço em que ela possa ficar à vontade”, relata o arquiteto. A empresa está investindo cerca de R$ 1 milhão na reforma de cada uma das cerca de 15 lojas da grife.

O resultado poderá ser visto nos próximos meses. “Estudamos a experiência de compra e queremos mostrar que há uma nova Rosa Chá”, conta Ronaldo Mattos, CEO da Rosa Chá, que pertence ao grupo Marisol. Com as butiques prontas, cada tipo de produto será exposto num espaço diferente.

 

 

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Opart: aberta na rua Oscar Freire, a butique de óculos importados refaz os efeitos especiais típicos da optical art

Na parte de lingeries, por exemplo, o piso será de carpete e a decoração mais intimista para remeter ao universo da feminilidade. E todos os ambientes se interligam por pinturas em tom cor de pele – evocando o corpo feminino. “Queríamos encontrar um fio-mestre que unisse os ambientes de alguma forma, daí o tom de pele. Afinal, comprar lingerie ou biquíni é para a mulher um momento que requer intimidade”, conta Casas, que discutiu o conceito com a diretoria da Rosa Chá e com Alexandre Herchcovitch, o estilista da grife.

“Em um mundo competitivo, as empresas que não abraçam o design cometem um erro estratégico, estão fora do jogo”, aponta Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da BrandWorks, consultoria de varejo.Nessa competição pela atenção do consumidor, vale até brincar com os sentidos. Um bom exemplo é a ótica focada em marcas de luxo Opart, do empresário Marcos Amaro.

Ela nasceu inspirada no movimento artístico da optical art, da década de 50. Ali, os óculos de sol de grife como Burberry, Salvatore Ferragamo, Tom Ford, Dior e Gucci, entre outras, estão expostos em meio a quadros e painéis coloridos. O conceito foi desenvolvido pelo arquiteto Ruy Ohtake e pretendeu fazer do estabelecimento na rua Oscar Freire, em São Paulo, uma obra de arte em si. “Queríamos oferecer algo diferenciado”, conta Amaro, que deverá investir mais R$ 10 milhões até o final do ano na abertura de mais cinco unidades da Opart.

 

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Carlos Miele: Assinada por Hani Rashid e localizada em Nova York, a loja tem formas 
que lembram o corpo feminino e manequins que pendem do teto

“O design, especialmente no mercado de luxo, oferece a possibilidade de diferenciação e aumenta a competitividade”, aponta Edson Crescitelli, diretor de pós-graduação da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). “A tendência para o futuro é que os ambientes sejam cada vez mais prazerosos.”

Não foi à toa que a italiana Prada, em 2001, causou frisson ao inaugurar um espaço com pegada futurista, no bairro do Soho, em Nova York, no mesmo local onde antes ficava uma filial do museu Guggenheim. Na ocasião, um exército de manequins posicionado estrategicamente na escadaria do prédio, anunciava que a grife estava mais forte do que nunca ao investir nada menos que US$ 40 milhões na nova loja. De fato, a grife que andava um pouco esquecida do público formador de opinião ganhou fôlego fashion e virou ponto de peregrinação para os amantes da moda e do design. Era a centelha que faltava para voltar a brilhar.

Outra construção bem-sucedida – que fez sucesso até entre os intelectuais – foi a loja do brasileiro Carlos Miele, inaugurada em 2003 no Meatpacking District, também em Nova York. O projeto, criado pelo arquiteto Hani Rashid, foi definido pela revista Time como “um espaço ao mesmo tempo grandioso e delicado, como se tivesse sido esculpido em gelo derretido, dando a impressão de que as roupas estão flutuando na superfície da água”.

Além disso, a loja representou Nova York na Bienal Internacional de Arquitetura e Design daquele ano e foi citada como referência de arquitetura em mais de 20 livros. Seu design curvo e manequins que surgiam do teto chamou a atenção também do intelectual francês Gilles Lipovetski, que afirmou: “Ele construiu a identidade da marca na sensualidade do espaço, cheio de curvas sinuosas. É como se estivéssemos entrando no corpo de uma mulher.” Impressão impactante e positiva que certamente tem tudo a ver com as intenções da grife.

 

 

FONTE: ISTO É DINHEIRO

por Carolina Guerra 

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