Fonte:|revistagalileu.globo.com|
O objetivo é dar mais autonomia no transporte público, nos estabelecimentos de saúde e na hora de escolher a roupa
Você já imaginou como seria sua vida se você fosse daltônico? Parar no sinal vermelho (“é o de cima, né?”), pegar a linha verde do metrô (“verde era mesmo a linha da Sé?”), presentear um amigo que odeia o Flamengo (“aí meu Deus, será que essa camiseta não é vermelha?”). O designer português Miguel Neiva pensou em uma maneira de resolver todos esses problemas e criou um código para daltônicos, o ColorAdd. Confira entrevista com ele.
Como você teve a ideia do projeto?
Surgiu com a minha tese de dissertação de mestrado em design e marketing na Universidade de Minho – inicialmente direcionado para a indústria têxtil. Durante minha pesquisa, conclui que nada está sendo feito para diminuir os constrangimentos do daltônico. E a marca ColorAdd apareceu quando decidi levar este projeto de inclusão mais longe do que uma simples tese. Depois de garantir a proteção da marca, me rodiei de uma equipe multidisciplinar capaz de implementar um projeto “diferente”, “Made in Portugal”. Foi um enorme e motivador desafio
Onde você imagina que o ColorAdd será aplicado?
Desenvolvi um estudo com daltônicos, com resultados extremamente elucidativos quanto a “necessidade” desta ferramenta. 90% do daltônicos necessita de ajuda para comprar roupa, mais de 40% já sentiu dificuldade na integração social, quase 50% sentiu o embaraço da roupa escolhida não ser a melhor. Mesmo tendo nome, pelo menos 50% dos utilizadores dos “metrôs” usam a cor como fator de identificação. Nos hospitais, não só a orientação dentro dos edifícios hospitalares, mas também a triagem nas urgências é feita exclusivamente pela cor. Dá para imaginar o desconforto psicológico que será a errada interpretação das cores.
A aplicação deste código é transversal a todas as áreas sociais e econômicas - desde os transportes, a saúde, a educação, passando pela indústria têxtil, de tintas e muitas outras. No entanto, para esse projeto que se pretende global e de inclusão social, consideramos que as áreas de saúde e educação são as principais.
Quais são os planos para implantar o projeto?
O lançamento do sistema ColorAdd no mercado iniciou-se em Dezembro de 2009 e temos já uma parceria com uma importante empresa de tintas no mercado espanhol e português. Estamos também em fase adiantada de negociações para aplicar o código em duas empresas multinacionais de grande relevo na área de transportes e vestuário. Como temos a ideia de internacionalizar o código, estamos disponíveis para estabelecer parcerias com empresas que tenham experiência relevante nos mercados locais, como por exemplo o do Brasil. Considero o Brasil como uma forte possibilidade de impulsionar este projeto à dimensão global, não só pelo tamanho da população do país, mas principalmente pelo interesse por projetos de inclusão demonstrado por vários contatos que tenho recebido.
Qual seu mercado-alvo?
O mercado do ColorAdd é muito vasto, abrange todas as empresas/organizações que utilizam a cor para comunicar características dos seus produtos ou prestar informações em qualquer parte do mundo. A aplicação do sistema ColorAdd é transversal a todos os quadrantes da sociedade global, independentemente da sua localização geográfica, cultura, língua, religião, bem como às diferentes vertentes socioeconômicas.
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