Fabricante de tecidos La Estampa, criada há dez anos com capital de R$ 150 mil, prepara coleção para ser exportada à rede americana.
Com investimento inicial de menos de R$ 150 mil, o tempo entre o início das atividades da grife de tecidos La Estampa, em um galpão do então decadente bairro de São Cristóvão, no Rio, e a preparação para chegar às araras da gigante do varejo americano Macy"s foi curto: menos de dez anos.
Plano de Castelão é abrir uma casa de criação, no moldes da que tem no Rio, em Nova York.
Apesar de já ter nascido com vocação internacional, em 2002, a empresa do paulista Marcelo Castelão agora começa a inverter o sinal de sua balança comercial. Depois de começar importando tecidos da Europa, numa época em que o comum era trazer produtos com preços reduzidos da Ásia, Castelão agora quer vender para a maior economia do mundo.
Com estampas criadas para grifes nacionais como Farm, Le Lis Blanc e Ronaldo Fraga, ele assina nas próximas semanas um contrato para desenvolver tecidos para uma coleção inspirada no Brasil que deve chegar à rede de lojas de departamento americana no ano que vem.
"O mercado americano, que as pessoas estão começando a desprezar, pois agora só se fala em Ásia, é o maior mercado do mundo e não vai deixar de ser pelos próximos vinte anos", diz.
O iminente desembarque no mercado de moda dos EUA abriu espaço para a concretização de um plano antigo de Castelão, atropelado pela crise financeira de 2008. No começo do ano que vem, ele vai abrir uma casa de criação em Nova York, a primeira da La Estampa no exterior. Hoje, a empresa tem equipes de criação no Rio e em São Paulo.
Castelão não revela números sobre as receitas atuais, mas diz que, com os novos passos da companhia, em 2013 deve atingir um faturamento de R$ 180 milhões a R$ 200 milhões. Até lá, deve dobrar a capacidade de produção. Para este ano, a previsão é de que sejam vendidos 10 milhões de metros de tecidos, 1,5 milhão a mais do que em 2010.
Mercado interno. O crescimento, porém, não virá apenas das vendas internacionais. De olho no crescimento da economia brasileira, a empresa aposta em novos negócios no Brasil e quer transferir aos poucos sua produção, ainda concentrada na Espanha, para cá.
Embora as estampas sejam criadas por uma equipe de 37 estilistas e designers baseados no Brasil, há até pouco tempo 100% dos tecidos eram confeccionados na Europa. Com um investimento de R$ 10 milhões em máquinas de estamparia digital, cujo funcionamento lembra o de uma impressora a jato de tinta, o empresário começou a produzir no País há pouco mais de um mês, ainda em pequena escala.
"É uma questão de segurança e de tecnologia. Não queremos depender de um único parceiro. E as máquinas que temos aqui, ninguém no mundo tem. Fizemos parceria com dois fabricantes de máquinas, com os quais estamos desenvolvendo os equipamentos em conjunto", conta Castelão. Em dois anos, 80% da produção deve vir dos galpões de São Cristóvão.
Para a empresa, a mudança representa uma redução de custos. Um tecido comprado na Europa por US$ 3 chega no Brasil custando US$ 6, por causa de taxas e impostos.
Inicialmente voltado para o público das classes A e B, que busca tecidos mais sofisticados, Castelão agora quer atender toda a pirâmide social. Para chegar às confecções que produzem para os consumidores que estão mais atrás de preço do que de diferenciais, ele lançou outra unidade de negócios, a Price-e.
Funcionando há cerca de um ano em regime de testes, o plano é terminar de azeitar o negócio em outubro, quando entra no ar uma loja virtual em que os clientes poderão comprar sem intermediários.
PARA LEMBRAR
Gigante do varejo dos Estados Unidos, a rede Macy"s tem cerca de 850 lojas de departamento e de móveis em mais de 45 Estados americanos, além de outlets e uma operação online. Em 2010, a empresa somou US$ 25 bilhões em vendas. O grupo emprega, no total, 166 mil pessoas. No mês passado, as vendas da Macy''s avançaram 7,4%, acima das expectativas do mercado, em um movimento descolado do registrado por outras lojas de departamento dos Estados Unidos, que cresceram menos ou tiveram queda.
Você precisa ser um membro de Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI para adicionar comentários!
Entrar em Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI