Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Do rock ao caipira: Rita Lee e Tonico e Tinoco pela Rhodia - Tendere

Rita Lee e Tonico e Tinoco - moda europeia pra brasileiro ver.

A releitura de tendências de moda internacionais para o mercado de moda brasileiro, levando em conta os aspectos da cultura nacional, não é novidade.

 

Nos anos 1960, Lívio Rangan, patrocinado pela Rhodia, estava à frente das principais novidades da moda no Brasil. O intuito da Rhodia era fazer seus produtos (filamentos e fios sintéticos) serem bem aceitos no país. Rangan acompanhava o ritmo frenético do consumo e da moda jovem internacional e identificou no país algo similar. Como menestrel publicitário da nomeada indústria francesa para a frente de consumo de moda - hoje seria o que chamamos diretor criativo -, pesquisava as tendências, adaptava-as ao gosto nacional, e lançava-as em desfiles-shows e performances de grande porte. Financiando festivais de música, apresentando esses desfiles-show, a Rhodia parecia criativa e jovem.

Um exemplo disso foi uma de suas surpreendentes adaptações das tendências internacionais para o mercado nacional.

No início dos anos 1970, estava em voga na Europa o look paysan, um visual inspirado em um camponês idílico, com referência ao vestuário rural de países como a França e Itália. Por aqui, para introduzir a tendência, sob a coordenação de Rangan, a Rhodia explorou o universo rural brasileiro (ou seja, a roça, em especial a  do interior de São Paulo), usando para representá-lo a dupla caipira Tonico e Tinoco. 

 

Mas a tendência tinha que trazer algo de jovem, de frescor, enfim, de novidade, por isso uniu-se a uma referência jovem (e do rock): Rita Lee. Introduziu o que deram o nome de Nhô Look, contando com a participação da diva do rock e da dupla sertaneja. O pensamento de Rangan era simples, mas sofisticado: se a brasileira conhecesse a referência como parte de sua própria realidade cultural, ela a usaria!

 

A tendência tinha que trazer algo de jovem, de frescor, por isso uniu-se a uma referência jovem: Rita Lee!

 

Rangan, portanto, não dava as costas para as tendências internacionais, tão pouco desprezada a cultura local. Ao contrário! Ele percebeu que o Brasil era um espaço aberto a novidades, mas que se estas não fizessem sentido dentro da lógica local raramente as peças seriam consumidas. Mais do que adaptar os produtos da Rhodia para o gosto local, Rangan proporcionou que artistas, estilistas, costureiros, músicos, indústrias confeccionistas e marcas de moda fomentassem uma linguagem de moda nacional.

 

Essas peças encontram-se hoje no acervo do Masp.


 

Patricia Sant'Anna

leia o post no blog.

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