Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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DPW 2023: o que rolou no maior evento de tecnologia em Procurement do mundo?

Saiba mais sobre o que aconteceu no DPW 2023.

DPW 2023Imagem: Divulgação

A Beurs van Berlage é um edifício histórico localizado no centro de Amsterdã, capital dos Países Baixos. Projetada por Hendrik Petrus Berlage, considerado o pai da arquitetura moderna holandesa, a construção é o símbolo de uma visão de arquitetura mais funcional e menos decorativa, sem grandes ornamentos. A arquitetura simples do local foi um grande contraste com o que foi a DPW 2023, a maior conferência de Procurement do mundo.

O evento aconteceu nas instalações do prédio histórico entre os dias 11 e 12 de outubro e contou com a presença de mais de 80 palestrantes, performances artísticas e mais de 1.200 participantes presenciais, vindos de 76 países. A edição deste ano teve ainda múltiplos palcos, cobertura em tempo real, entrevistas, espaços para networking e um dos maiores lounges de exibição que eu, em cinco anos de frequentando eventos de Procurement, já vi.

Além da oportunidade de fazer conexões com as maiores referências do mercado, conferências do tipo são terreno fértil para ideias e insights sobre as principais tendências que devem nortear o caminho da tecnologia em Procurement nos próximos anos. Procurement, apesar de pouco conhecido por um público mais amplo, é o processo  crucial de definição da estratégia para aquisições de bens e serviços dentro de uma empresa, englobando várias etapas  de uma cadeia de suprimentos.

Para resumir o que foi o DPW 2023, que de longe superou as edições anteriores em termos de quantidade e diversidade de público, trago os três principais destaques desses dois dias de aprendizados e trocas.

Muitas ferramentas, poucas soluções

Com o lema de “Make Tech Work”, a DPW não decepcionou quanto à diversidade de tecnologias emergentes à disposição dos participantes. Foram mais de 120 expositores e startups distribuídos em mais de 18 categorias de tecnologias diferentes, muitas das quais que eu sequer conhecia ou tinha ouvido falar.

A primeira coisa que surpreendeu foi a enorme disparidade entre a quantidade de startups emergentes no cenário europeu e americano, se comparado ao mercado brasileiro ou latinoamericano. O gap não só é grande como continua crescendo, e é necessária uma reação imediata em termos de investimentos em novas tecnologias locais, se quisermos algum tipo de protagonismo brasileiro no cenário de Procurement global nos próximos anos.

Por outro lado, quantidade não significa qualidade. Como disse Stephany Lapierre, fundadora e CEO da TealBook, startup emergente do mercado canadense, “enquanto é absolutamente fantástico ver investimentos e tantas novas startups de ProcureTech, é desafiador (e talvez até sufocante) diferenciá-las uma da outra”.

Saímos de um cenário de grande insatisfação com poucas soluções de Procurement disponíveis há algumas décadas, para um cenário de bastante ruído e falta de clareza de qual seria a combinação apropriada entre as centenas de opções disponíveis atualmente. Essa incerteza faz com o que os líderes de Procurement optem por manter seus sistemas obsoletos em vez de tentar substituí-los, buscando soluções apenas para otimizá-los de alguma forma.

O que os executivos buscam, no fim das contas, é uma resposta melhor para equilibrar o antigo problema do “sistema único que não resolve nada” com o novo problema das “centenas de soluções que não conversam entre si”Literalmente, a tecnologia em Procurement precisa funcionar, como o próprio tema do evento prega.

Um encontro de referências mundiais

Com uma programação ambiciosa, um dos principais destaques dos dois dias de interação foi a presença massiva de vários dos principais líderes e influenciadores da indústria de compras e do mundo corporativo.

Dr. Elouise Epstein, sócia da Kearney e autora de um dos livros mais influentes do mercado de Procurement, o “Trade Wars, Pandemic and Chaos”, esteve em várias palestras e painéis antes e durante a conferência.  Além das suas opiniões ácidas sobre o futuro do mercado, ela escolheu o palco da DPW 2023 para lançar seu novo livro, “How to hack your supply chain: Breaking today, building tomorrow”.  A principal crítica que a especialista faz na nova obra é sobre a maneira como as pessoas aprendem e internalizam conteúdo no mercado de Procurement.

Outras pessoas também usaram o palco do evento para lançar seus conteúdos. Foi o caso de Yossi Sheff, diretor do MIT Center for Transportation & Logistics. Autor de mais de nove livros relacionados a negócios, cadeias de suprimentos e logística, o professor compartilhou insights exclusivos sobre o atual estado de aplicações de inteligência artificial generativa e preditiva nas cadeias de suprimentos, e sua opinião sobre os desafios de emprego e trabalho em um mundo pós Modelos de Linguagem de Grande Escala (LLMs), como o ChatGPT. Após sua sessão, Sheff distribuiu e autografou seu seu novo livro “The Magic Conveyor Belt: Supply Chains, A.I., and the Future of Work” para os participantes.

Vale uma menção honrosa para outras presenças inusitadas. Foi o caso de Guenther Steiner, Team Principal do time da Haas de Fórmula 1, que trouxe sua visão única de gestão de equipes, estratégia e liderança na categoria mais avançada e popular de automobilismo do mundo. Como fã de F1 e Procurement, foi interessante traçar paralelos entre mundos tão diferentes e perceber que o tema da gestão e estratégia está mais presente no nosso dia a dia do que imaginamos.

Intake-to-procure e orquestração são a nova bola da vez

James Meads, fundador do Procuretech Podcast, um dos podcasts mais relevantes do mercado de Procurement, afirmou em sua página do Linkedin pós-evento: “Intake (recebimento), orquestração e tirar Procurement do ERP & Excel são os tópicos que mais se repetiram na DPW”.

E não tem como não concordar. Frases como “o ERP está morto“, “orquestração é o futuro” e “pare de usar Excel, o maior pesadelo da cibersegurança”, da Dr. Epstein, parecem confirmar a ideia de que o foco na requisição na experiência do usuário está ganhando força em Procurement.

Essa tendência se soma ao crescimento exponencial nos últimos anos de startups de intake, como a americana Zip, do Rujul Zaparde e do Lu Cheng, que estava presente em várias sessões do evento. Merece destaque também a vitória da ORO Labs, startup americana de orquestração de processos em Procurement, na competição de startups organizada dentro da própria DPW 2023.

DPW 2024 já tem data

No encerramento do evento, Matthias Gutzmann, fundador e CEO da DPW, aproveitou para agradecer a presença de todos e já anunciar a data da DPW Amsterdam no ano que vem, que vai acontecer nos dias 9 e 10 de outubro de 2024. A novidade ficou por conta de uma edição “itinerante” menor que deve ocorrer nos Estados Unidos no início do ano.

Em conversa com Herman Knevel, o outro co-fundador da DPW, aproveitei para lançar a candidatura de São Paulo para uma edição internacional em 2024 ou 2025, trazendo a América Latina definitivamente para o radar de Procurement no mundo.

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