Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Ele está agonizando e ninguém percebe!!!!!!!! de Giuseppe Tropi Somma

POR GIUSEPPE TROPI SOMMA - "Ponto de Vista" da ed. 65 da revista Costura Perfeita

ENQUANTO TODOS SE BANQUETEIAM E SE DIVERTEM NA FESTA, UM TIRO
VINDO DE FORA ATINGE UM DOS MELHORES CONVIDADOS.......

A SITUAÇÃO É TÃO GRAVE QUE, EM QUATRO OU CINCO ANOS, NÃO HAVERÁ MAIS NENHUMA ROUPA NACIONAL E SERÁ O FIM DE MILHÕES DE EMPREGOS."

Enquanto o Brasil comemora em clima de festa sua quase imunidade à crise mundial, suas perspectivas
para a Copa de 2014, para as Olimpíadas de 2016 etc. etc., o setor têxtil e de confecção está
agonizando, em estado gravíssimo, e ninguém dá a devida atenção.
Esse setor, como sabemos, nos períodos de recessão e desemprego, é o pronto-socorro que
resolve as más situações econômicas familiares, porque hoje custa muito pouco implantar uma
minifábrica de roupas (com cerca de R$ 3 mil uma família começa a fabricar roupas). Pois bem, ele está
em uma profunda crise, ou melhor, iniciando uma fase de extinção. As grandes confecções que não
fecharam viraram grandes importadoras. O brasileiro está cada vez mais vestindo “China” e todas as
confecções reclamam assustadas da falta de serviço. Basta olhar nas lojas, à sua volta, no seu amigo,
em você, e verá que só estamos vestindo produto chinês, devido ao baixo preço. Até mesmo as
miniconfecções informais, que hoje são maioria, e que sugam a produção das confecções formais,
estão apavoradas pela falta de serviço. Elas têm suas razões:
1º) Devido ao novo controle fiscal, com o sistema da nota fiscal eletrônica, as confecções formais
precisam de nota de serviço etc., o que não é possível nas confecções informais, por motivos óbvios.
2º) Elas não se formalizam para não enfrentar os problemas que as confecções formais sempre
enfrentaram (e até para alguns não perderem o Bolsa Família).
3º) Devido à virtual falência do parque industrial brasileiro, o pessoal do Ministério do Trabalho, não
tendo mais a quem fiscalizar, inventou a corresponsabilidade da empresa que terceiriza (confecção)
sobre as obrigações trabalhistas de seus terceirizados (faccionistas) versus os seus respectivos
trabalhadores, o que inibe a terceirização para essas microconfecções familiares.
E quando, por tantos motivos, é inviável para os formais produzir, e também se é impedido de
terceirizar, só resta fechar. Eis porque uma quantidade imensa de confecções fechou e continua
fechando.
E a indústria têxtil? Com a inundação de roupas chinesas em todas as praças brasileiras, sumiu o
mercado industrial para consumir o tecido nacional. Fabricar tecido para quem? Se a roupa já vem
importada pronta e, do pouco tecido que se vende, 90% também é importado?
A situação é tão grave que, em quatro ou cinco anos, não haverá mais nenhuma roupa nacional e
será o fim de milhões de empregos. Note-se: isso independe de qualquer situação econômica, de nosso
país ou de fora dele. É o custo Brasil.
Como demonstrado em artigo da edição anterior, a nossa crise é devida ao custo Brasil, pela carga
tributária e pelas leis trabalhistas. No entanto não devemos atribuir o peso das leis trabalhistas aos
recolhimentos previdenciários, porque, em maior ou menor proporção, em todos os países se paga para
garantir um mínimo de aposentadoria, inclusive na China. O peso das leis trabalhistas é aquele gerado
por tantos outros direitos e regalias adicionais que não têm nenhuma relação com o serviço prestado;
aquele gerado por inúmeros pleitos absurdos, que geram litígios forenses, cujos custos são imprevisíveis
e muitas vezes fatais para a sobrevivência da empresa.

Ponto de Vista
A crise global é um problema gravíssimo, mas temos que separar a crise do Brasil da crise mundial.
A locomotiva da economia europeia sempre foram a indústria e o turismo. A China, com os seus preços,
quase monopolizou para si toda a atividade industrial do mundo, restando para os europeus apenas o
turismo. Mas, sem o fomento industrial, o turista diminuiu em número e em substância, pois os poucos
turistas não gastam mais despreocupadamente como antes, razão pela qual países essencialmente
turísticos, como a Grécia e a Itália, foram os primeiros a sofrer os efeitos da crise, passando da falta de
caixa ao endividamento total. Não é o nosso caso. Não podemos evitar a causa (China), mas podemos
evitar os seus efeitos, porque a nossa economia é polivalente. Nesse contexto, a confecção merece ser
protegida pela grande função social que tem.
Algumas medidas devem ser tomadas e em caráter de urgência.
Com vontade política, podemos transformar esse grande problema em uma enorme solução social.
Se levarmos em conta os impostos do setor têxtil e confeccionista nos últimos anos, e somente na
produção, veremos que o seu valor é muito pequeno, mas os benefícios sociais são muito grandes, pela
mão de obra que geram. Agora, se isentarmos de todos os impostos (eu digo de todos) as indústrias
têxteis nacionais e as confecções, desde a matéria-prima até o produto acabado chegar às lojas, onde,
enfim, se pagaria o ICMS, certamente a costureira brasileira estaria em igualdade de condições e
competiria com os chineses.
Está na hora de começar a mexer na rígida exigência das leis trabalhistas. Vamos colocar acima dos
direitos trabalhistas o direito constitucional do livre-arbítrio sobre tais direitos, dando a cada um o direito
de escolha. Sim, por que não? Porque, se é um “direito”, o arbítrio sobre ele é somente de quem o
detém, e a liberdade individual é também uma prerrogativa básica na Constituição, que precede
quaisquer outros direitos nela anexados. Vamos dar a cada empresa nova que abrir e a cada trabalhador
que iniciar um emprego a opção de trabalhar dentro do regime da CLT (das Leis Trabalhistas) ou fora
dele, com contrato particular de livre escolha entre as partes, determinando as condições de trabalho.
Assim como se fez quando se instituiu o Fundo de Garantia (aderir ao sistema de depósito do FGTS ou
não). O mercado vai dizer ao empresário e ao trabalhador o que ele deve fazer, porque, se o empresário
não achar quem queira trabalhar fora da CLT, simplesmente ficará sem colaboradores.
Se assim fizéssemos, o brasileiro iria constatar o quanto é melhor trabalhar fora da demagogia
retrógrada das leis trabalhistas. O quanto a livre negociação e a meritocracia iriam trazer de vantagens
ao trabalhador, porque o empresário se comportaria longe do temor de que retribuir o mérito hoje se
tornaria uma arma contra si próprio amanhã. É comum ver, em uma audiência trabalhista, um patrão se
dirigir ao juiz e dizer: “Eu não fiz isso, mas dei este benefício, este e este”, ao que o juiz responde: “Não
importa. E quem mandou você dar isso?”. Alguém quer presentear um funcionário com uma casa, um
carro ou dar outros benefícios, mas não pode, porque se tornaria um valor agregado ao salário e
futuramente a sua bondade lhe custaria muito mais cara. São muitas as razões que travam a melhoria
de vida dos bons funcionários. As leis trabalhistas impedem de se praticar a meritocracia, para defender
os interesses dos acomodados e ociosos.
Nossos legisladores devem entender que o“papel social” não é a “finalidade” de uma empresa, mas
do governo. Para a empresa, o “papel social” é um “meio” sem o qual ela não sobrevive. Esse “meio”
se chama “geração de empregos”, e deve ser nas melhores condições possíveis, para fidelizar seus
colaboradores. O “meio” tem que estar de acordo com a capacidade, a possibilidade e o projeto de
cada empresa. Assim como não se pode pretender que uma bicicleta acompanhe a velocidade de uma
motocicleta, não se pode impor um “meio” para uma empresa, com o risco de ela não sobreviver, como
vem acontecendo há quase meio século em nosso país, provocando o fechamento e a falência de
inúmeras empresas sólidas. E, quando dizemos “empresas fechadas”, dizemos “empregos perdidos”.
O Brasil espera um ato de coragem de nossos políticos, para legislar com menos filosofia e mais
praticidade. Ao impor filosofia a uma realidade oposta, as consequências serão cada vez mais graves
para todos e um dia a conta chegará até para os “filósofos”.


*Reprodução liberada*


CAV. GIUSEPPE TROPI SOMMA É EMPRESÁRIO E FUNDADOR DA ABRAMACO   GIUSEPPE@CAVEMAC.COM.BR

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Comentário de adalberto oliveira martins filho em 18 janeiro 2012 às 23:23

Mais uma vez, Sr Giussepe traz outro alerta!!!!""" O Brasil espera um ato de coragem de nossos políticos, para legislar com menos filosofia e mais praticidade"""".!!!!!

infelizmente este ato de coragem não acontecerá!!!! acredito que Sr Giussepe poderia ser o nosso presidente da ABIT , pois seguramente faria algo para o setor em um todo e nao apenas em confecções!!!!


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