Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Empresas brasileiras negociam quota de exportação de tecidos com fábricas haitianas, que ficariam responsáveis por vender roupas para os EUA

Fonte:|correiobraziliense.com.br/|
Deco Bancillon

O setor têxtil está perto de dar uma boa contribuição à balança comercial brasileira. Está em negociação acordo entre confecções nacionais e do Haiti que poderá fazer com que o Brasil exporte por ano montante de até US$ 100 milhões ao país caribenho. O acordo prevê que empresas brasileiras vendam uma quota de tecidos às indústrias haitianas. O próximo passo seria dar acabamento às matérias-primas e transformá-las em roupas e artigos de cama, mesa e banho. Essa etapa ficaria a cargo dos parceiros. O material finalizado e embalado no país caribenho terá como destino os Estados Unidos (EUA), que mantêm comércio bilateral com o Haiti.

O interesse brasileiro em estreitar relações comerciais com o país da América Central foi relatado pelo Correio em reportagem publicada em 27 de setembro. Na ocasião, empresários do setor têxtil desembarcaram em Porto Príncipe, capital do Haiti, para avaliar as demandas de infraestrutura e a logística que possibilite o investimento brasileiro. A missão foi liderada pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), e teve apoio dos ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) e das Relações Exteriores (MRE). Fontes do governo relataram que os empresários cumpriram pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que há dois anos se esforça para que a ajuda humanitária que o Brasil presta ao país evolua para a área comercial.

A ideia inicial era que as indústrias brasileiras passassem a fabricar confecções no país caribenho, aproveitando-se de acordo entre EUA e Haiti que prevê a não taxação de exportações da área têxtil. Mas esse entendimento não se confirmou, devido a gargalos identificados por brasileiros na infraestrutura haitiana. "Há dificuldades sérias de energia e de água. E, por isso, pensamos que a via mais fácil para um acordo entre os dois países passa primeiro pelo comércio de matérias-primas", contou o diretor-superintendente da Abit, Fernando Pimentel.

Balança comercial
Pimentel revelou que os brasileiros devem exportar aos haitianos, basicamente, tecidos para fabricação de artigos de moda íntima e denin - matéria prima utilizada em peças jeans. "Em denin, o limite de exportação por ano ao Haiti é de 60 milhões de metros quadrados, o que dá de 35 milhões a 40 milhões de metros lineares." Caso o acordo seja bem-sucedido, um segundo passo seria o investimento na ampliação e modernização das plantas fabris haitianas. "Mas isso é um segundo plano. O investimento é uma consequência da relação comercial", diz.

Atualmente, as exportações do Brasil ao Haiti somam cerca de US$ 3 milhões por mês, segundo números do Mdic. Em 2008, totalizaram US$ 49,5 milhões. Foi o pior resultado para as exportações ao país desde 2005. Também indicaram uma queda contínua das vendas. Sobre 2007, houve recuo de 35,2%. E ante 2006, de 25,4%.

Na outra ponta, ocorreu o inverso. Em 2008, as importações de produtos haitianos pelo Brasil somaram US$ 1,476 bilhão. Isso representa uma alta de 337,5% sobre os números de 2007, e de 403,7% ante as compras feitas em 2006. Há ainda um outro porém nessa relação. Enquanto as compras brasileiras de produtos haitianos são de produtos básicos, sobretudo de óleos vegetais, as importações haitianas de produtos brasileiros consistem em produtos de menor necessidade básica, como bombons, caramelos, confeitos e pastilhas sem cacau. De janeiro a setembro, segundo dados do Mdic, as vendas desse tipo de produto ao Haiti corresponderam a 8,6% do total exportado em 2009.

Missão qualificará mão de obra

Enquanto um acordo comercial entre Brasil e Haiti não sai do forno, os gastos com a missão humanitária seguem a todo vapor, inclusive na área econômica. Até o fim de 2010, o governo brasileiro espera inaugurar um centro de qualificação profissional no país, que terá foco no aprimoramento dos profissionais da área de carpintaria, eletricidade, corte e costura. Também deverão ser ensinados os ofícios de pedreiro e de bombeiro a qualificadores haitianos, que deverão repassar o conhecimento.

O investimento do Brasil na unidade é estimado em US$ 2,5 milhões. A Agência Brasileira de Cooperação (ABC) é quem irá bancar o projeto, que terá apoio técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). "Estamos esperando os haitianos avaliarem o projeto e dar o o.k. Mas é coisa para iniciarmos imediatamente", revelou o diretor da ABC, Marco Farani.

Ele disse que o projeto é apenas uma das várias ações que o Brasil desenvolve no Haiti. E que, para o próximo ano, devem sair do papel projetos na área de agricultura - como o que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) toca, no qual é ensinado aos haitianos como se mantém uma fazenda - e de cultura. Esse último consiste basicamente em oficinas sociais e artísticas que o cantor e compositor baiano Carlinhos Brown tocará nos guetos de Porto Príncipe, capital do Haiti. O orçamento total previsto para ações como essa no país caribenho é de US$ 7 milhões, segundo informou o diretor da ABC.

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