O documento afirma que, apesar do número alarmante de 3,3 milhões de crianças neste quadro, ainda existem restrições de dados, então o que é de conhecimento pode ser apenas “a ponta de um iceberg”. O trabalho forçado ocorre em diversos setores econômicos e industriais, sendo que metade das crianças se concentram na exploração sexual comercial – trabalho doméstico, agricultura e manufatura são outros setores. Relatos qualitativos indicam que crianças podem ser submetidas a formas severas de coerção e abuso, incluindo sequestro, drogas, cativeiro, engano e manipulação de dívidas. Alguns dos piores abusos ocorrem em situações de conflito armado.
O casamento forçado, no caso de mulheres e meninas, no entanto, é amplamente disseminado globalmente, ocorrendo em todas as regiões do mundo e atravessando linhas étnicas, culturais e religiosas. A ação é intimamente ligada a práticas patriarcais, como a visão, em muitas partes do mundo, que o valor de uma menina está no seu futuro papel como mãe e esposa. “Ela é concebida como tendo pouco valor econômico para sua própria família, reforçando leis de herança que levam homens e meninos a herdar os bens da família, assim como a priorização da educação para eles”, destaca o relatório.
Entre as regiões mais comuns para a prática do casamento forçado estão: Ásia e Pacífico, no qual foram registrados quase dois terços dos casos. Há também destaque para países de renda média baixa (três a cada cinco pessoas). Os atores responsáveis por esse cenário são, em sua maioria, países (73%) e outros parentes (16%). Metade dos que vivem em casamentos forçados foram coagidos usando ameaças emocionais ou abuso verbal. Isso inclui o uso de chantagem emocional – por exemplo, pais ameaçando se automutilar ou afirmando que a reputação da família será arruinada – e ameaças de afastamento de membros da família, entre outras coisas. Uma vez forçado a se casar, há maior risco de exploração sexual, violência, servidão doméstica e outras formas de trabalho forçado dentro e fora de casa.
O casamento forçado, no caso de mulheres e meninas, no entanto, é amplamente disseminado globalmente, ocorrendo em todas as regiões do mundo e atravessando linhas étnicas, culturais e religiosas. A ação é intimamente ligada a práticas patriarcais, como a visão, em muitas partes do mundo, que o valor de uma menina está no seu futuro papel como mãe e esposa.
A ONU considera o casamento infantil uma forma de casamento forçado, uma vez que uma ou ambas partes não podem expressar consentimento livre e informado. No entanto, em muitos países, jovens de 16 e 17 anos podem se casar, logo, para efeito de estimativa atual, a medição destes números foi limitada a casos nos quais os entrevistados das pesquisas relataram terem sido forçados ao casamento. Como resultado, estes números, mais uma vez, não incluem todos os casos de casamento infantil.
O relatório sentecia que “nada pode justificar a persistência da escravidão moderna no mundo de hoje” e finaliza com as principais políticas que devem ser abordadas para acabar com o trabalho e casamento forçado antes da data de 2030 estipulada pelos ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU. São citados: “estender a proteção social, incluindo pisos, a todos os trabalhadores e suas famílias, para mitigar a vulnerabilidade socioeconômica que sustenta grande parte do trabalho forçado; proteção social aos migrantes; fortalecer o alcance e capacidade de inspeções públicas do trabalho; assegurar a proteção e acesso à reparação das pessoas libertadas do trabalho forçado, as respostas legislativas devem ter uma lente de gênero, incluindo leis, políticas, programas e orçamentos sensíveis ao gênero e cobertura de direitos trabalhistas a trabalhadores domésticos”.
Quando me casei, eu tinha 13 anos. E eu tinha uma responsabilidade muito grande. Eu não conseguia lidar com a cozinha nem com o trabalho doméstico. Era uma responsabilidade enorme. Eu olhava para os meus amigos e desejava poder voltar aos dias da infância novamente.
MULHER REFUGIADA E SOBREVIVENTE DE CASAMENTO INFANTIL
Eu tinha medo dele. Eu não queria viver ou dormir com ele na mesma cama… [Mas] eles me disseram que como esposa, eu deveria morar com meu marido. Foi então que me ocorreu a realidade de que eu era casada.
MULHER QUE FOI FORÇADA A SE CASAR AOS 11 ANOS
Eu tive que deixar a situação ou ser morta. Eu sei que nunca poderei voltar para casa porque sou considerada uma pessoa morta por quebrar a cultura e trazer vergonha para as famílias. De acordo com meu pai, estou morta.
MULHER SOBREVIVENTE DE TRÊS CASAMENTOS FORÇADOS
Obrigou-me a limpar ou então ela iria me matar.
TRABALHADORA DOMÉSTICA MIGRANTE DE 25 ANOS
Eu trabalhava sem remuneração, trabalhava sozinha das 5h às 23h de segunda a sexta.
TRABALHADORA AGRÍCOLA DE 20 ANOS
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