EUA e Suíça dizem ter alcançado um acordo sobre comércio e tarifas

[Romildo de Paula Leite]

Os Estados Unidos e a Suíça anunciaram, na sexta-feira, 14 de novembro, que chegaram a um acordo para reduzir drasticamente as tarifas aduaneiras impostas pelo presidente Donald Trump, com a nação alpina a comprometer-se a investir 200 mil milhões de dólares nos EUA para conquistar o apoio da Casa Branca.

AFP

O acordo foi anunciado um dia após conversações em Washington, para onde o ministro suíço da Economia, Guy Parmelin, se deslocou na esperança de aliviar as pesadas tarifas que a Administração Trump impôs este ano.

Trump chocou a Suíça em agosto, quando impôs um direito aduaneiro adicional de 39% sobre as importações de bens provenientes do país, um dos mais elevados na sua ofensiva tarifária global.

O mais recente acordo-quadro reduz essa tarifa para 15% aplicável aos produtos originários da Suíça e principado de Liechtenstein, informou a Casa Branca.

A nova taxa servirá de teto para os produtos anteriormente sujeitos a tarifas mais baixas, enquanto os produtos já sujeitos a tarifas superiores a 15% não sofrerão agravamentos adicionais — à semelhança dos acordos dos EUA com outros parceiros importantes.

"Essencialmente, chegámos a um acordo com a Suíça", disse à CNBC, numa entrevista, o representante dos EUA para o Comércio, Jamieson Greer.

Mais acrescentou que as empresas suíças transferirão para os EUA a produção em áreas como a farmacêutica, a refinação de ouro e o equipamento ferroviário.

Segundo uma declaração da Casa Branca, os países esperam concluir o acordo na sua totalidade até ao primeiro trimestre de 2026.

Como parte do acordo, "as empresas suíças pretendem fazer 200 mil milhões de dólares em investimentos diretos nos Estados Unidos até ao final de 2028", segundo um comunicado do governo suíço, o que incluirá também esforços para reforçar o ensino e a formação profissional.

Os elevados direitos aduaneiros tinham colocado em risco setores inteiros da economia suíça, fortemente orientada para a exportação, nomeadamente a relojoaria e a maquinaria industrial, mas também o chocolate e o queijo.

Embora a indústria farmacêutica, o maior setor de exportação da Suíça, beneficie de isenções destas tarifas abrangentes, enfrentava ameaças constantes de que Trump também viesse a visá-la em breve.

A Administração Trump excluiu setores específicos das suas taxas aduaneiras a nível nacional, mas tem vindo a conduzir investigações que resultam em direitos específicos por setor.

O mais recente acordo traz algum alívio ao estabelecer que os produtos farmacêuticos e os semicondutores da Suíça e Liechtenstein enfrentarão uma tarifa máxima de 15% se Washington vier a impor novas tarifas sobre estes setores.

Por sua vez, os dois países tencionam suprimir alguns direitos aduaneiros nos setores agrícola e industrial, incluindo sobre vários frutos de casca rija, peixe e marisco, acrescentou a Casa Branca.

Tencionam igualmente abster-se de impor impostos sobre os serviços digitais, segundo a declaração dos EUA.

Parmelin declarou, na sexta-feira, que as discussões continuarão para produtos-chave como maquinaria industrial, aço, alumínio, café e queijo.

A Swissmem, a associação da indústria de engenharia mecânica e elétrica, manifestou alívio com o anúncio de sexta-feira.

As empresas suíças temiam que os seus concorrentes de outras economias ricas tivessem uma vantagem competitiva, uma vez que a União Europeia e o Japão tinham negociado níveis tarifários mais baixos, de apenas 15%.

Embora a Swissmem tenha observado que o acordo traz um "alívio temporário", o seu presidente, Martin Hirzel, alertou que "não devemos baixar a guarda. Poderão ser introduzidas novas tarifas".

Na semana passada, os responsáveis máximos de seis grandes empresas suíças, incluindo a relojoeira Rolex e a gigante de artigos de luxo Richemont, reuniram-se com Trump para pedir alívio das tarifas.

Yves Bugmann, presidente da Federação da Indústria Relojoeira Suíça, revelou que a redução tarifária anunciada era uma boa notícia para uma indústria que enfrenta desafios, incluindo um mercado chinês imprevisível.

Também acrescentou que a taxa elevada era "injustificada e causou grande incerteza" no setor.

Desde o seu regresso à presidência, Trump impôs direitos aduaneiros a parceiros comerciais de todo o mundo, com tarifas separadas em setores específicos como o aço, o alumínio e os automóveis.

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