Ex-funcionária da Cianê sente tristeza ao ver a fábrica destruída

[Romildo de Paula Leite]

Elisabeth Sbroglia, 64 anos, mora há meio século nos Campos Elíseos

Elisabeth Sbroglia sente falta dos amigos que fez na Cianê (Foto: Mariana Martins / ME)

“Entrei na Cianê-Matarazzo [antiga fábrica de tecidos] com 16 anos e saí com 42. Minha mocidade ficou ali dentro, uma vida inteira. Mas eu não me arrependo. Se fosse pra começar, faria tudo de novo.

Foi muito bom aquela época. Sinto falta do meu serviço, que eu gostava muito de fazer, e das amizades de verdade que eu fiz lá dentro. Hoje, quando passo e vejo a fábrica toda quebrada, dói até o coração.

Eu sou de Aramina [SP]. Mudei para Ribeirão Preto com 14 anos e desde aquela época só morei nos Campos Elíseos. Morei na [rua] Mem de Sá, na Marquês do Pombal, perto da rua Amazonas e hoje estou aqui na rua Pinheiro Machado.

Quando eu cheguei a Ribeirão Preto, a linha do trem passava ali pela avenida Costa e Silva. Lembro que meus irmãos gostavam de brincar lá. Eu não ia com eles, porque comecei a trabalhar muito cedo.

Tinham poucas casas aqui, agora aumentou bastante, mas muitos vizinhos já morreram. Antigamente, todos visitavam uns aos outros. Fazíamos rodinhas no portão e ficávamos conversando até as 2 horas da manhã. Hoje, até temos amizade, mas cada um fica na sua casa.

Eu sempre fui muito animada. Antes eu ia aos bailes com as primas. Cada sábado era na casa de uma colega. Às vezes eu chegava do serviço às 10 horas e já tinha forró na minha casa. Eu chegava, tomava banho e já ia para o forró. Hoje, vou ao forró da Vila Tibério. Não sou casada, nem tenho namorado, quero só forrozar.

http://www.jornalacidade.com.br/bairros/norte/NOT,2,2,926318,Ex-fun...

[jose carlos troian]

CIANE - Com ela tive o meu primeiro contato com o tecido. Trabalhlei como representante no Rio Grande do Sul. Era uma potencia. Tinha nos funcionarios uma total dedicação e empenho realmente vestiam a camiseta. Sinto saudades. Conheci pessoas maravilhosas Sr. Carlos Alberto, IKA, Marinho entre tantos outros.

Mas o tempo é cruel e não perdoa.