Fonte:|oglobo.globo.com|
De José Alencar, para mim e para os da minha geração, ficará muito mais que a lembrança do empresário mineiro bem sucedido, responsável pela construção de um verdadeiro império têxtil, que hoje se encarrega de distribuir fios, tecidos, malhas, camisetas, roupas de cama e banho para Estados Unidos, Europa e Mercosul, tendo mais de onze filiais em todo o Brasil.
Dele, será mais que a lembrança do político combativo, que iniciou sua carreira assumindo a presidência da Federação da Indústria de Minas Gerais, passando pelo Senado, em 1998, quando foi eleito com mais de 3 milhões de votos. Irá além da memória de sua dupla gestão, de 2003 a 2010, na condição de segundo mandatário de nossa República, muitas vezes discordando da política do próprio governo - como nos assuntos de política econômica -, externando publicamente suas discordâncias ou, ainda, cumulando a cadeira de vice-presidente com outros cargos, como o de Ministro da Defesa.
Lembrar-me-ei dele, também, além dos títulos que ainda em vida recebeu como, por exemplo, o de ser considerado um dos cem brasileiros mais influentes do mundo, no ano de 2009, segundo eleição de uma das principais revistas jornalísticas do Brasil, ou os títulos de "Cidadania", do Estado de Piauí (2005), de "Cidadão Catarinense" (2009), de "Cidadão de Fortaleza" (2009), de "Presidente Emérito da Federação da Indústria do Estado de São Paulo" (2009), entre tantos outros que, se listados aqui, tornariam cansativo este texto.
De José Alencar, lembrarei mais do que o exemplo, ressoado por seus próprios entes, de bom marido, de bom pai e bom avô. De construtor de um lar exemplar, de repassador dos mais festejados ensinamentos de bom comportamento e de boa conduta profissional e pessoal, ensinamentos corroborados por seu modo de ser, de agir, de lidar.
Tudo isso, sem dúvida, constitui parte da lembrança que terei de José Alencar.
Mas, inegavelmente, de José Alencar, guardarei na memória a imagem de um dos homens públicos mais corajosos e alegres da história de nosso país. Do homem que encarou 13 anos de luta contra o câncer, sem se deixar abater pelo desânimo, pelas insuportáveis dores, pelas 18 intervenções cirúrgicas ou pelo incômodo tratamento radio e quimioterápico.
Guardarei a imagem de seu sorriso terno e a expressão de sua consciência quando, já em cadeira de rodas, ingressava nos hospitais para, de novo, intensificar o tratamento contra a doença. Também, o exemplo de sua força quando, já tão maltratado pela enfermidade, surpreendia a todos com inexplicável disposição a suportar tratamentos cada vez mais agressivos, como se não fosse seu o corpo submetido àquelas dores. O som de suas palavras de fé e confiança, dizendo-nos, com uma serenidade celeste, que a luta para continuar vivo valia muito à pena, mas que ele estava sujeito à vontade do Criador.
Há quem possa dizer que, agora, José Alencar descansou. Embora entenda a intenção dos que dizem isso, acho não que não seja a frase mais adequada para o nosso ex-vice-presidente. Digo isso porque, em nenhum momento, houve nele quaisquer sinais de cansaço. Mesmo que seu corpo dissesse o contrário, sua mente e seu propósito continuavam firmes, de pé. Acredito que, agora, José Alencar manteve coerência com o que sempre disse: "estou fazendo minha parte na luta contra a doença, mas isso não depende só de mim".
Portanto, de José Alencar, guardarei a lembrança de um homem que foi bem sucedido em tudo o que fez. Que foi bem sucedido como empresário, como político, como chefe e membro de uma família... Mas que foi excepcional quando, pelos desígnios da vida, foi acometido pela enfermidade que enfrentou como um verdadeiro guerreiro, sem baixar a guarda um segundo sequer. E que foi sublime ao sempre reconhecer seu ínfimo poder para fazer perdurar, por mais um segundo sequer, sua permanência entre nós.
Se eu pudesse resumir José Alencar em dois verbetes, sem sombra de dúvidas, usaria exatamente estes: excepcional e sublime!
Este texto foi escrito por um leitor do Globo.
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