“Longe de ser uma passagem tranquila, é uma relação que será fragilizada por desafios e incompreensões ao longo do caminho”, afirma o texto, que abre um caderno especial sobre a relação entre os dois países publicado pelo jornal.
“Seria difícil encontrar dois grandes países no mundo moderno que são menos familiares um com o outro do que a China e o Brasil ou que são mais diferentes socialmente, politicamente e culturalmente”, diz.
Segundo o jornal, há sinais crescentes de tensão no relacionamento, principalmente pelo lado brasileiro.
“Enquanto o Brasil recebe bem a demanda da China por suas commodities, se enraivece com o fluxo de importados manufaturados baratos da China, que diz estarem prejudicando a indústria brasileira”, afirma o texto.
O Financial Times comenta ainda que o Brasil acusa a China de fechar seu mercado para importados do Brasil e de manter sua moeda artificialmente barata para tornar suas exportações mais competitivas.
“A velocidade com que essa relação se desenvolveu significa que os principais pontos explosivos em potencial só começam a aparecer agora”, diz o jornal.
Lua-de-mel no fim
A reportagem comenta que os laços entre os dois países foram intensificados durante os dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dando a ele o impulso econômico que o ajudou a se reeleger em 2006 e a eleger Dilma Rousseff em 2010.
Apesar disso, o jornal afirma que “hoje, há sinais crescentes de que a lua-de-mel está chegando ao fim” e relaciona as críticas dos industriais brasileiros, que reclamam da ameaça de desindustrialização do país por conta do crescimento das importações de manufaturados chineses.
A reportagem comenta que, apesar de o Brasil ter ainda um superávit no comércio com a China, quando são considerados apenas os produtos industrializados há um déficit que cresceu de US$ 600 milhões para US$ 23,5 bilhões nos últimos sete anos.
Apesar dos problemas, o jornal observa que muitos analistas dizem que “ainda é cedo para o Brasil apertar o botão de pânico em seu relacionamento com a China”.
“Apesar de o comércio entre os dois ter crescido rapidamente, isso aconteceu sobre uma base mínima. Hoje, ele representa 15% do comércio internacional do Brasil”, observa a reportagem.
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