No meio do caos do mercado financeiro da segunda-feira (22), as ações da Lojas Americanas (LAME3 e LAME4) destoaram totalmente do banho de sangue que virou a bolsa brasileira. Enquanto a Petrobras (PETR3 e PETR4) afundava mais de 20% e o Ibovespa caía cerca de 5%, as Lojas Americanas viram suas ações ordinárias e preferenciais dispararem 40% e 19,8%, respectivamente. O motivo? Uma possível fusão entre a Americanas e a sua controlada, a B2W (BTOW3).
É verdade que na terça-feira (23), dia de recuperação da bolsa, as ações da Lojas Americanas caíram mais de 5%, em um movimento de realização de lucros. Isso, no entanto, não diminuiu o otimismo dos investidores: eles acreditam que com a junção das duas operações, pode surgir uma empresa que consiga rivalizar, de fato, com Magazine Luiza (MGLU3) e Mercado Livre.
Há algum tempo, a B2W, que tem 65% do controle nas mãos da Lojas Americanas e é dona de negócios como a Americanas.com e o Submarino, já vem sendo negociada com desconto em comparação às duas empresas, que têm sido queridinhas dos investidores. É isso o que acreditam diversos analistas.
“A alta recente mostra que a Lojas Americanas estava muito mal avaliada e se somássemos a B2W nisso, as ações ficavam muito baratas”, diz Pedro Serra, gerente de research da corretora Ativa Investimentos, que está com posição de compra para as ações.
Não é apenas a Ativa que está otimista. Segundo os analistas da corretora XP, quatro pontos ajudariam essa nova empresa: sinergia, simplificação dos processos (e até o fim de eventuais conflitos de interesse), agilidade para tomadas de decisões (e também de entrega de produtos aos clientes) e fiscais, já que a B2W possui créditos fiscais de R$ 2,8 bilhões decorrentes de prejuízos acumulados.
“A eventual combinação de negócios reforçará nosso argumento de que o Universo Americanas é uma companhia perfeitamente comparável aos pares de e-commerce que negociam na bolsa, como Magalu e Via Varejo, tanto em relação à composição do seu GMV total como também em relação a crescimento”, escreveram os analistas Danniela Eiger, Marco Nardini e Thiago Suedt, da XP.
Atualmente, o valor de mercado da B2W está em R$ 48,1 bilhões. Como a Americanas é avaliada em R$ 49,1 bilhões, a “nova” empresa chega a um valor de mercado de quase R$ 100 bilhões. O Magalu está bem a frente: R$ 161,5 bilhões, de acordo com o fechamento do pregão da última terça-feira (23).
A diferença é que o volume de vendas das duas empresas somadas é maior do que o do Magalu. No terceiro trimestre deste ano, B2W e Americanas, juntas, venderam mais de R$ 16 bilhões – contando com o e-commerce próprio e o marketplace. O Magalu vendeu R$ 12,35 bilhões.
Nas estimativas da XP, em 2021, a “nova companhia” teria vendas de R$ 57,6 bilhões, ante R$ 53,5 bilhões da Magalu e R$ 45,7 bilhões da Via Varejo (VVAR3).
Para o banco Safra, essa operação faz sentido para as duas empresas. Também chega a colocar uma pá de cal nas especulações do mercado, que apostavam que a B2W poderia, em algum momento, ser comprada por empresas estrangeiras, como Amazon ou Alibaba. Afinal, dificilmente eles vão querer um ativo com mais de 1,7 mil pontos físicos.
“Com essa mudança, esse resultado potencial parece mais rebuscado do que nunca, pois achamos altamente improvável que a Amazon ou a Alibaba adquirissem a Lojas Americanas, uma grande operação de tijolo e argamassa junto com a B2W”, escreveu o banco, que enxerga uma valorização de até 20% nas ações da B2W, caso as tratativas entre as empresas resultem em casamento.
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