A cifra é 15 vezes o número de colaboradores na área ainda em 2019, quando a empresa tinha 200 funcionários no setor. O motivo é uma grande virada na maneira como a companhia enxerga a tecnologia.
“A gente decidiu deixar de ser uma empresa que utilizava tecnologia para ser uma empresa que constrói tecnologia. Ao fazer isso, começamos a trazer uma série de novos perfis de profissionais para o nosso time. Desenvolvedores, product managers, cientistas de dados, engenheiros de dados, designers. Pessoas que conseguem identificar um problema, propor uma solução e construir essa solução”, explica Renato Pedigoni, CTO da companhia.
Com isso, vieram os desafios de fazer tantas pessoas trabalharem de forma paralela e de descentralizar a execução mantendo segurança e escalabilidade.
Para tanto, a empresa criou a Alchemia, uma plataforma de desenvolvimento que permite que qualquer desenvolvedor possa criar uma aplicação – segundo a empresa, de forma muito simples, rápida e segura.
Isso é feito em três passos. O primeiro é selecionar uma plataforma de desenvolvimento entre opções open source, não só de backend mas também de frontend, baseadas em linguagens como Kotlin, Node e Phyton.
O segundo é escolher quais serviços da Amazon Web Services (AWS) essa aplicação vai precisar de acordo com o tipo de desafio.
Depois, ao apertar o botão de provisionar aplicação, automaticamente é criado um repositório do GitHub com todo o código boilerplate dessa aplicação.
Também são concedidos automaticamente os acessos e as permissões de todos os serviços e sistemas que são necessários para o time cuidar dessa aplicação.
A partir disso, é criado um pipeline no GitHub Actions, padrão para todas as aplicações, que faz testes de segurança para cada commit, análise tática de código e depois roda os testes automatizados, obrigatoriamente nessa ordem.
Uma vez passando nos testes, é feito o deployment no ambiente de desenvolvimento, de homologação e de produção.
“Tudo que a gente cria, desde o dia zero, já está preparado para executar produtivo, de forma segura e escalável. Assim, os desenvolvedores podem focar nas regras de negócio, em gerar valor. O time também consegue saber exatamente o custo de um serviço e trabalhar para tornar ele cada vez mais eficiente”, afirma Pedigoni.
Com a Alchemia, o tempo de setup para novos novos projetos foi reduzido de sete dias para menos de 20 minutos.
“Ao seguir ainda mais com controle de segurança e boas práticas, a gente tem impactos positivos não só no curto prazo, mas também no longo prazo. Aplicações que seguem boas práticas tendem a ter um lead time menor no longo prazo e a ter uma aplicação mais saudável, com menor necessidade de reescritas, menor necessidade de substituir sistemas”, destaca o CTO.
A plataforma foi construída com componentes de open source como o Backstage, criado pela Spotify, que foi usado para fazer a interface com os desenvolvedores e o catálogo de software.
O Backstage foi conectado ao ArgoCD, uma ferramenta de código aberto usada para implementar e gerenciar aplicativos em Kubernetes. No final do processo, o Boticário provisiona os serviços da AWS para cada uma dessas aplicações.
O código que configura essa infraestrutura de nuvem fica dentro do próprio repositório. Assim, os desenvolvedores têm autonomia para fazer alterações de infraestrutura sem necessidade de alinhar com outras equipes.
Quem executa essas mudanças é o próprio pipeline da Alchemia, que faz todo o deployment e atualização de infraestrutura.
“Ao investir em tecnologia, ao montar essa equipe fantástica que temos hoje, ao trabalhar em parceria com a AWS nesses anos, hoje podemos colocar o GB como uma empresa de core digital. Uma empresa que constrói tecnologia, que opera alavancando os negócios a partir de tech”, pontua Pedigoni.
Em relação à inteligência artificial, o Grupo tem modelos sendo aplicados desde o laboratório de pesquisa. Neste caso, usa modelos preditivos em que se consegue estimar a estabilidade de uma fórmula, por exemplo.
“Quando estamos criando um novo creme, conseguimos predizer como ele vai se comportar em diferentes condições de pressão, temperatura e luminosidade. E seguimos usando isso na cadeia de distribuição, com nossos consumidores finais em loja ou no aplicativo, onde oferecemos experiências personalizadas”, conta o CTO.
Já o uso de IA generativa ainda está em fase inicial de testes. Entre as possibilidades estudadas, estão aumentar a eficiência dos times e melhorar ferramentas de atendimento aos clientes, revendedores e franqueados.
“A gente tem usado também para gerar conteúdo que é consumido pelos nossos usuários em diferentes canais, para as nossas páginas de produto, e conteúdo específico para aquele usuário sobre determinado produto. Então tem muitas formas de aplicar e, com certeza, devemos encontrar muitas oportunidades”, prevê Pedigoni.
Franqueados, revendedores, distribuidores, sellers e até salões de beleza também utilizam sistemas construídos pelo Boticário. Exemplos são softwares usados para fazer a gestão de agendas, CRM e controle de estoque.
O Boticário é hoje a maior franqueadora do Brasil. São mais de 850 franqueados, duas fábricas — em São José dos Pinhais (PR) e em Camaçari (BA) —, além de quatro centros de distribuição.
Além do nome principal, as franquias do grupo incluem as marcas Eudora, Quem disse, Berenice?, BeautyBox, Vult, Eume e Beleza na Web. A empresa possui mais de 4 mil pontos de venda no Brasil e presença em mais de 50 países, com 15 mil empregos diretos.
Em 2022, as vendas totais (GMV) do Grupo ultrapassaram R$ 23,6 bilhões, alta de 31% em relação a 2021 e de 50% nos últimos dois anos.
Por Luana Rosales
Fonte: Baguete
https://sbvc.com.br/grupo-boticario-quer-3-mil-em-tecnologia-ate-o-...
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