Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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A retalhista sueca está a ser acusada de queimar 12 toneladas de vestuário não vendido por ano. A investigação de um programa de televisão dinamarquês dá conta da destruição de peças novas, ainda com a etiqueta, sem qualquer motivo, embora a H&M tenha já refutado a acusação alegando a segurança dos consumidores.

A retalhista sueca H&M está a ser acusada de queimar 12 toneladas de vestuário não vendido por ano, apesar dos seus esforços de sustentabilidade em curso para fechar o ciclo na moda.

A gigante sueca terá, alegadamente, incinerado aproximadamente 60 toneladas de vestuário não vendido nos últimos anos, segundo uma investigação do programa de televisão dinamarquês Operation X, da TV2.

O programa de televisão dinamarquês começou por investigar o que a H&M faz com o vestuário que não vendeu em junho e várias inspeções levaram os jornalistas à empresa de tratamento de resíduos dinamarquesa Kara/Noveren. Os jornalistas terão, alegadamente, visto o vestuário da H&M a ser entregue na empresa de processamento de resíduos antes de ser destruído.

Cerca de 30 mil calças para criança e para senhora ainda com as etiquetas intactas foram entregues, num total de 1.580 quilogramas. Outras investigações concluíram que a empresa de tratamento de resíduos incinerou 60 toneladas de vestuário novo da H&M desde 2013.

Else Skojold, professora de design sustentável na Kolding Design School na Dinamarca, afirmou que a H&M está a destruir a roupa em resultado de um excesso de produção. No passado, as retalhistas de moda apenas produziam, em média, quatro coleções por ano. Mas com a fast fashion, insígnias como a Zara e a H&M têm produtos novos todas as semanas. «É dramático se estivermos a falar de moda, porque as tendências são temporárias. Se alguma coisa não está na moda, então já não pode ser vendido», explicou Skjold no programa Operation X.

H&M nega…

A H&M já se manifestou e assegurou que as alegações são falsas. «É claro que não é verdade», indicou um porta-voz da H&M à Fashion United. «As roupas que são mostradas no programa são encomendas que foram enviadas para incineração por causa de bolor ou por não cumprirem as nossas exigentes restrições em termos de químicos, o que está de acordo com as nossas rotinas para estas encomendas [que não cumprem os requisitos]», esclareceu.

A retalhista sueca incorporou a sustentabilidade como um dos seus principais valores. Ao longo dos anos tem investido em várias iniciativas de reciclagem para incentivar os consumidores a reciclarem o vestuário que já não querem e lançou coleções fabricadas a partir de resíduos têxteis pós-consumo. A H&M também aumentou a percentagem de algodão orgânico e materiais sustentáveis usados nas suas coleções e apresentou como meta utilizar somente algodão sustentável em todas as suas coleções a partir de 2020. A marca de moda revelou ainda que pretende chegar a um modelo de negócio circular, minimizar e reutilizar todos os resíduos.

«A circularidade está no centro da nossa estratégia de sustentabilidade e trabalhamos muito para assegurar que maximizamos a utilização e o valor dos nossos produtos em linha com os princípios da economia circular e da hierarquia de resíduos», sublinhou o porta-voz da H&M. «A incineração é, por isso, a última opção, que só autorizamos em circunstâncias muito especiais quando a reutilização ou a reciclagem não são opções, assim como quando os nossos produtos estão contaminados por fungos ou não cumprem as nossas exigências em termos de químicos», apontou.

… mas as acusações mantêm-se

O programa de televisão Operation X mantém que a H&M está a destruir vestuário que pode ser usado. Após a explicação da H&M, os jornalistas da Operation X pegaram em dois pares de calças diferentes que tinham sido enviados para a Kara/Noveren para serem incinerados e enviaram-nos para um laboratório independente para fazer testes. Compraram ainda dois pares de calças semelhantes disponíveis para venda numa loja da H&M e enviaram-nos também para serem testados, para determinar se havia uma diferença nos químicos e substâncias presentes nas calças a destruir e nas que foram compradas.

Os quatro pares de calças foram testados para diferentes químicos perigosos que colocam risco para a saúde humana de acordo com a UE e as regras dinamarquesas, assim como para bactérias potencialmente perigosas, como e.coli. Segundo os testes, as calças enviadas para incineração não continham níveis perigosos de químicos e mostravam depósitos normais de bactérias, semelhantes aos encontrados nas calças vendidas em loja.

A H&M contra-argumentou que as calças de criança enviadas para serem queimadas continham «um nível de chumbo acrescido» em alguns dos detalhes em metal e que sob as calças azuis escuras de senhora recaía a suspeita de terem fungos. O programa Operation X sublinhou que nenhuma das calças testadas revelou qualquer indício de fungos e que o nível de chumbo encontrado nas calças de cowboy era apenas um décimo do valor limite permitido, menos do que o valor de chumbo encontrado nas calças adquiridas na loja.

Apesar das acusações do Operation X, a H&M referiu que os testes realizados obtiveram resultados diferentes daqueles que a retalhista sueca obteve e que está a seguir as regras de segurança para manter os seus consumidores seguros.

«A H&M tem uma das mais restritas políticas de químicos da indústria e fazemos testes regulares, muitas vezes em laboratórios externos. Como tal, as restrições vão, muitas vezes, além do que a lei exige, uma vez que queremos que os nossos consumidores se sintam completamente seguros para usar os nossos produtos», destacou o porta-voz da H&M.

A retalhista sueca acrescentou ainda que outros produtos que não possam ser vendidos devido a outras razões são sempre doados para caridade ou reutilizados através de empresas de reciclagem.

FONTEFASHION UNITED

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