Fonte:|modaspot.abril.com.br|
JULIANA SAYURI
Entrelaçar fios é a mais simples definição de “tecer”, um hábito cultivado desde a antiguidade. Cruzando as mais diversas épocas, é possível ler a história nas tramas do tecido: do Egito antigo à América pré-colombiana, da Inglaterra na revolução industrial no século XVIII ao revolucionário prêt-à-porter na França no século XX, dos teares mais rústicos aos fios nanotecnológicos, das fazendas mais simples às tessituras fashion.
No prefácio de Fio a fio: tecidos, moda e linguagem, de Gilda Chataignier (Estação das Letras, 2006), Kathia Castilho diz: “Como se vê, os fios tramam contextos, alinhavam histórias, arrematam elos de nossa cultura”. A história dos tecidos nos conta muito sobre o corpo, a moda, os costumes e hábitos, a arte, a cultura e a tecnologia de uma época.
Na página 46 do livro Fio a fio, a autora Gilda Chataignier diz: “[...] Ninguém duvida que o tecido tenha uma presença extremamente forte na sociedade contemporânea. Aliás, em tempos idos e vividos, a fibra tecida e vestida sempre foi símbolo de poder, segurança, competição, cobiça, gosto, elegância e outras variáveis de maior ou menor envergadura, incluindo seus opostos. Dentro das meadas que tecem a História, dos usos e abusos, torna-se patente e inequívoco que o pano é um catalisador de sensações que passam pelos sentidos dos humanos e celebram à sua moda, o que é bom usar ou o que merece ser esquecido [...]”
“Ao longo da história dos tecidos, certos padrões e tramas têm sido repetidos. Esses tecidos se tornaram clássicos e alguns clássicos permanecem populares de uma forma ou de outra, por exemplo, pontos, listras e florais. Outros clássicos entram e saem de moda, como o design paisley. É interessante notar um design têxtil clássico e ver o que o torna tão atemporal, para tentar reinventá-lo” Jenny Udale
No livro Tecidos: História, Tramas, Tipos e Usos (Editora Senac, 2007), a jornalista Dinah Bueno Pezzolo conta que a tecelagem é considerada uma das artes mais antigas do mundo. O surgimento? Questão de necessidade, para proteger o corpo humano do frio e das intempéries naturais. Primeiro, os homens se aventuraram no entrelaçamento de galhos e folhas – e assim nasceria a cestaria. A partir daí, novos modos de entrelaçar foram descobertos, assim como novos desenhos, texturas e materiais.
Dinah Bueno Pezzolo, ancorada na antropóloga Olga Soffer, diz que o mais antigo indício da existência de têxteis na história da humanidade data de mais de 24 mil anos, no período Paleolítico.
Já no Neolítico, vestígios encontrados por arqueólogos indicam os avanços na cultura têxtil. “No Egito, foram descobertos tecidos feitos de linho que datam de 6000 a.C. Na Suíça e na Escandinávia, foram encontrados tecidos de lã datando da Idade de Bronze (3000 a.C. a 1500 a.C.). Na Índia, o algodão já era fiado e tecido por volta de 3000 a.C. Na China, a seda era tecida pelo menos mil anos antes de Cristo”, conta Dinah.
Nos livros e enciclopédias de moda, quatro fibras se destacam por sua importância histórica: o linho, a lã, o algodão e a seda. Confira a trajetória desses fios e o seu entrelaçamento com outras invenções têxteis ao longo da história.
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