Painelistas discutem influência da inteligência artificial nas urnas e criticam falta de regulamentação sobre privacidade e IA nos Estados Unidos.
Este ano, o Estados Unidos enfrenta a primeira eleição presidencial desde que a inteligência artificial se tornou popular e acessível através do ChatGPT, da OpenAI, e demais modelos de linguagem concorrentes. Também é a primeira eleição depois do lançamento do Sora, também da OpenAI, mas que produz vídeos. O país enfrenta um cenário de deepfakes sem regulamentação. Painéis do SXSW 2024 se propuseram a discutir os impactos da IA nas eleições e os desafios advindos da falta de regulamentação política.
Segundo Joan Donovan, professora de jornalismo e mídias emergentes na Boston University , uma das raízes para o desafio da desinformação é, na verdade, a distribuição do conteúdo falso. A IA apenas tornou a prática de criar conteúdo falso acessível. “Desinformação não importa em uma escala pequena, assim como conteúdo banal. Colocamos essas tecnologias para o mundo e democratizamos desinformação. Tornamos barato, rápido e mais crível”, explicou no painel “Elections in the Age of AI: New Tech’s Impacts on Democracy”.
Para ela, não são as campanhas de políticos que estão distribuindo conteúdo falso sobre os candidatos, mas usuários comuns com acesso à tecnologia. A quantidade de conteúdo falso torna a tarefa de identificar o que é verdadeiro e falso e informar o consumidor desafiadora.
Essa interferência da IA nas eleições começou há tempos, diz Lindsay Gorman, head de tecnologia e geopolítica no fundo German Marshall Fund’s Alliance for Securing Democracy, mas desde 2023, o problema ganhou escala. Segundo a executiva, o governo pode tentar divulgar o máximo de informações ao público e fazer checagem de fatos para remediar o problema de deepfakes. A mídia também tem um papel nisso.
Porém, essas duas esferas da democracia não conseguem fazer esse trabalho com a mesma velocidade com que conteúdos falsos são criados e distribuídos. Segundo Joan, cidades menores que já não contam com jornalismo local são as que devem sofrer mais com a influência de deepfakes.
“Os nossos rivais têm sucesso em local de caos. No outro lado, a total descrença é autocrática. Nós temos que fortalecer a balança. Isso é onde a segurança nacional comes in. A melhor forma de desequilibrar a democracia é lançar vários ataques de desinformação. Estamos vulneráveis”, declarou Lindsay.
Secretária do Estado do Colorado, Jena Griswold informou que o governo tenta usar a IA para fortalecer a segurança de seus sistemas de tecnologia e informação, para se defender de ataques cibernéticos e deep fakes. Além disso, o estado treina para cenários desastrosos e ensina oficiais eleitorais a se proteger e identificar conteúdo falso. “Estamos no meio de um ataque generalizado à democracia. Há massiva desinformação circulando”, disse.
Jena argumentou que o Congresso precisa criar legislações em relações a deepfakes, pedir a identificação de conteúdo criado com IA e penalidades para aqueles que infringirem a lei. Para ela, o governo não sabe bem como lidar com a desinformação em escala, porque há grupos que descredibilizam o sistema eleitoral.
Joan não tem a mesma esperança. “Eu não tenho muita esperança nas nossas instituições para legislar. O maior lobby dos Estados Unidos é o das big techs, que querem operar em um ambiente desregulamentado”, argumentou.
Se as esferas públicas, a mídia e as plataformas sociais não conseguem dar conta do recado, a regulamentação pode se tornar um caminho viável. O painel “Beyond the Hype: Policy for Keeping AI in Check” se propôs a debater essa questão.
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