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Ian Bremmer: ‘polarização e ódio nas democracias podem ficar ainda piores com a IA’

Cientista político americano e fundador da Eurasia Group, Bremmer alertou para os riscos da inteligência artificial durante o Febraban Tech.

ian bremmer, eurasiaIan Bremmer. Foto: Divulgação, Febraban

Para Ian Bremmer, cientista político americano e fundador da Eurasia Group, consultoria especializada em riscos de natureza geopolítica, a inteligência artificial pode criar “uma geração de jovens cidadãos crescendo sob influência de algoritmos desumanizados”.

Para ele, jovens com menos de 16 anos não deveriam usar IAs “sem muita supervisão”, já que os podem fazer com que eles desvalorizem a interação com outros seres humanos – o que é um risco para a própria democracia.

“É um risco de substituição. Podemos estar ensinando nossos filhos a se tornarem antissociais e evitarem outras pessoas”, disse Bremmer, durante apresentação feita no Febraban Tech, que acontece essa semana em São Paulo. “É um desenvolvimento muito arriscado para o qual os governos do mundo não estão prestando atenção.”

Para o cientista político, a inteligência artificial também oferece outros riscos. Embora ele acredite que a quantidade de empregos gerados pelo uso de IA será “maior do que os empregos que serão perdidos”, as pessoas que preencherão essas vagas não serão a mesmas.

O que significa que uma quantidade de pessoas não conseguirá mais se inserir no mercado de trabalho, e isso gerará ressentimentos.

“Serão outras pessoas. E as que perderem os empregos vão ficar muito bravas. E vão se juntar a outras pessoas que já estão dizendo que a democracia não é uma coisa boa”, alertou Bremmer. “A polarização e o ódio que vemos na democracia podem ficar ainda piores com a IA.”

Sobre a IA generativa, o especialista diz que ela é como uma “globalização 2.0″. E fez uma analogia sobre a revolução industrial, na qual o avanço tecnológico trouxe energia barata, melhorou a educação e trouxe avanços na área de saúde, além do surgimento de uma nova classe média. 

“Mas ao mesmo tempo há externalidades negativas. Toda essa energia barata [da revolução industrial] trouxe mudanças climáticas que ficam piores todo ano. Não pagamos por isso, estamos fazendo nossos filhos pagarem”, disse Bremmer.

Segundo ele, embora a IA generativa vá trazer produtividade, crescimento – e lucros para as empresas de tecnologia -, as externalidades virão e serão “imediatas, diferente do aquecimento global. As empresas de tecnologia não vão pagar por isso, nós vamos. E nossos filhos.”

O presidente da Eurasia diz que é preciso definir imediatamente as externalidades geradas pela IA, incluindo perda de empregos, impacto social e desinformação, entre outras, e lidar com elas, assim como estamos lidando com os efeitos do aquecimento global com veículos elétricos e energia alternativa.

“Precisamos pagar por essas externalidades negativas. Não podemos deixar isso para os nossos filhos. Temos que lidar com isso agora!”, protestou.

Debate geral sobre IA

Bremmer disse, durante o painel, que o debate sobre inteligência artificial no mundo nunca foi tão intenso. E que ele é perguntado sobre o tema em diversos fóruns: G7, G20 e Banco Mundial, para citar apenas alguns.

Também disse estar ciente sobre o debate em torno da tecnologia também no Brasil. Para ele, no entanto, os benefícios da IA serão enormes.

“Quanto milhões de pessoas ganham acesso à tecnologia e à IA, tudo melhora. A saúde vai melhorar, a educação vai melhorar”, disse, mas não sem ressaltar os problemas. “Mas eu sou cientista político, então vou dizer de que formas as IA podem ser problemáticas politicamente.”

Segundo ele, os bancos centrais e órgãos reguladores globais do sistema financeiro estão cientes dos movimentos feitos pelas empresas de tecnologia, com investimentos de bilhões de dólares no desenvolvimento de inteligências artificiais. Mas eles “não tem a menor ideia” de como regular a IA.

Segundo Bremmer, há dois grandes riscos para as democracias relacionadas ao uso de IA. O primeiro deles é o da desinformação.

“Já não sabemos quem está falando a verdade, e não dá para diferenciar uma IA de um cidadão comum. Só que cidadãos tem direitos, a IA não. Isso pode minar a democracia”, alertou.

O segundo grande risco é o uso de IA para ameaçar a própria existência humana. Como para o desenvolvimento de um vírus assassino, por exemplo. Ou gerar ameaças cibernéticas usadas por cibercriminosos.

“Se você conhecesse um hacker ou cibercriminoso, ele vai te dizer que está sonhando em usar a IA para fins fazer um ataque”, ressaltou.

Marcelo Gimenes Vieira

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