A Carta IEDI a ser divulgada hoje traz uma síntese das iniciativas recentes de políticas voltadas à criação e difusão das novas tecnologias subjacentes à Indústria 4.0 em oito das dez principais potências industriais do mundo. Seis delas são economias desenvolvidas (Alemanha, Estados Unidos, Coreia do Sul, Japão, França e Reino Unido) e duas emergentes (China e Índia). O trabalho foi realizado pela consultora Maria Cristina Penido de Freitas, doutora em economia pela Universidade de Paris, e faz parte da série de estudos que subsidiaram a elaboração da estratégia industrial do IEDI, a ser divulgada em breve.
A partir de documentos oficiais dos governos, artigos acadêmicos, estudos de consultorias, organizações sindicais e de think tanks da indústria, experiências internacionais a respeito da Indústria 4.0 foram tema de uma série de Cartas IEDI, tais como as de n. 803 de 01/09/17, n. 807 de 29/9/17, n. 820 de 11/12/17, n. 823 de 29/12/17, n. 827 de 26/01/18, n. 831 de 16/02/2018, n. 841 de 29/03/2018, n. 847 de 11/05/2018 e n. 849 de 25/05/2018, entre outros trabalhos.
Em síntese, as principais potências industriais do mundo movimentam-se com rapidez em direção à Indústria 4.0, lançando mão de programas de política industrial em apoio ao desenvolvimento das tecnologias subjacentes e de sua difusão na estrutura industrial nacional. Foi lançada, assim, uma corrida internacional em direção à indústria do futuro, com potencial de redefinir as posições de liderança no setor.
Se o Brasil não priorizar este tema e acelerar a formulação de um plano nacional, inclusive articulando os diferentes agentes de seu sistema de inovação, sua posição no ranking global da indústria, que já está em rota descendente, pode recuar ainda mais. Em 2016, o país encontrava-se na 9ª colocação, isto é, muito próximo de ser excluido do grupo das dez maiores potências industriais.
Apesar do fenômeno da Indústria 4.0 ainda estar acompanhado de muita incerteza, há grande potencialidade para revolucionar produtos, métodos de produção, formas de organização e mercados inteiros. Tais efeitos, ademais, podem muito bem transbordar as fronteiras da indústria e afetar o conjunto das atividades econômicas. Nesse sentido, a indústria manufatureira tende a representar cada vez mais a integralidade da cadeia de valor da produção de bens, incorporando serviços no processo produtivo e na pós-produção. Por essas razões fala-se em Quarta Revolução Industrial.
As tecnologias subjacentes a este processo são muitas e encontram-se em diferentes estágios de maturação. Mais do que um ou outro desenvolvimento tecnológico, porém, o caráter disruptivo que a Industria 4.0 traz é, sobretudo, fruto da articulação e convergência dessas tecnologias, tais como Sistemas Ciber-Físicos (CPS), Internet das Coisas (IoT), Manufatura Aditiva (impressão 3D), Big Data, Computação em nuvem, Robótica avançada, Inteligência Artificial (AI), realidade virtual e aumentada, novos materiais etc.
Seja qual for o nome que os países utilizam para definir essa indústria do futuro – Indústria 4.0, Manufatura Avançada, Indústria do Futuro, Digitalização Industrial, Fábrica Inteligente, Fábrica Conectada, entre outros – o fenômeno está cada vez mais no centro de suas agendas estratégicas.
Nos países estudados, a situação da indústria de transformação varia significativamente e as expectativas para a digitalização da indústria também são distintas. Em termos do objetivo pretendido pelas iniciativas governamentais é possível distinguir, grosso modo, três grupos distintos.
No primeiro deles, com Alemanha, Coreia do Sul e Japão, as políticas adotadas visam à manutenção da posição de liderança mundial das empresas industriais nacionais nos setores de alta tecnologia, diante de uma concorrência global cada vez mais intensa. No segundo grupo, com Estados Unidos, França e Reino Unido, as estratégias adotadas buscam reverter o processo de desindustrialização, ampliar o peso da produção e do emprego industrial nas economias domésticas e capturar parcela significativa de valor nas articulações estratégicas das cadeias de valor globalizadas.
No terceiro grupo, com China e Índia, as políticas buscam aproveitar as oportunidades oferecidas pela revolução industrial em curso para realizar alterações estruturais na indústria e reduzir o diferencial em relação às nações desenvolvidas. Há, contudo, diferenças marcantes nas estratégias industriais desses dois países emergentes.
Refletindo especificidades nacionais em termos dos pontos fortes e debilidades da indústria e da pesquisa científica e tecnológica, a prioridades das políticas também variam entre os países analisados:
• Na Alemanha, por exemplo, a ênfase foi colocada na integração de tecnologias digitais em maquinário de produção industrial e “fábricas inteligentes”, com atenção especial aos sistemas integrados, sistemas ciber-físicos e à internet das coisas.
• No Japão, o governo identificou uma oportunidade estratégica de liderar o mundo com “robôs na era da Internet das Coisas”, mediante a integração de robótica avançada e inteligência artificial.
• Na Coreia do Sul, a prioridade é estabelecer um ecossistema industrial avançado mediante a disseminação do uso de fábricas inteligentes e o desenvolvimento de tecnologias relacionadas a IoT, impressão 3-D e Big Data.
• Nos Estados Unidos, a estratégia para a pesquisa industrial enfatiza os sistemas de tecnologia da informação ou tecnologias emergentes baseadas na ciência, e materiais de última geração (e engenharia de materiais inovadores) para fabricação.
• Na França, a política identifica como prioridades: manufatura aditiva (impressão 3-D); virtualização da fábrica e objetos conectados; realidade aumentada.
• No Reino Unido, as áreas prioritárias da política são inteligência artificial e big data, crescimento limpo, mobilidade, inovações voltadas às necessidades da sociedade em envelhecimento.
• Na China, os principais objetivos da política são: a modernização do parque industrial, a obtenção de autonomia tecnológica e o desenvolvimento de um setor produtor de equipamentos industriais de alto valor agregado.
• Na Índia, a ênfase da política reside na superação das deficiências estruturais que dificultam a modernização da indústria e atração de investimento direto estrangeiro.
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