Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Indústria de Média-Alta Tecnologia Puxa Déficit

Ruy Baron/ Valor / Ruy Baron/ Valor
Para Julio Gomes de Almeida, do Iedi, o aumento do déficit comercial nos setores com menor dependência tecnológica decorre da falta de competitividade

Historicamente deficitários na balança comercial, os segmentos que dependem mais da importação de tecnologia desenvolvida no exterior passaram a contribuir menos para a deterioração do saldo total de exportações e importações da indústria brasileira de transformação. Com saldo negativo de US$ 29,98 bilhões em 2011, os setores de alta tecnologia registraram alta de 14,6% no déficit comercial, na comparação com o ano anterior. Quem mais contribuiu para o saldo negativo foi o segmento de média-alta tecnologia, cujo déficit cresceu 33,4% no mesmo período, atingindo US$ 52,36 bilhões em 2011. O déficit total da indústria de transformação em 2011 foi de US$ 48,74 bilhões.

Os cálculos da balança industrial de acordo com a intensidade tecnológica são do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Para Julio Gomes de Almeida, economista do Iedi, os dados revelam que a origem do crescimento do déficit comercial da indústria não está mais concentrada na produção de alta tecnologia, na qual se destacam os segmentos de aeronáutica, informática, TV, comunicação e os farmacêuticos.

A maior deterioração da balança da indústria em 2011 foi provocada principalmente por setores de média-alta tecnologia - automóveis, produtos químicos, bens de capital mecânicos e elétricos -, além de segmentos tradicionais de baixa tecnologia, como têxtil, vestuário e calçados. "O jogo é o mesmo, mas mudou a escalação", resume Almeida. O déficit comercial mantém a tendência de aumento, mas está sendo alimentado por setores com menor dependência tecnológica, explica. "Isso significa que estão pesando mais a falta de competitividade e os custos dos fatores de produção."

  

O economista lembra que nos segmentos de alta tecnologia o fraco desempenho da exportação foi o fator que pesou mais para o saldo negativo. A indústria aeronáutica exportou no ano passado 0,5% a menos do que em 2010 e a indústria brasileira de áudio, vídeo e telecomunicações amargou queda de 15,1% nos embarques. O total do segmento de alta tecnologia ficou com aumento de apenas 2,6% de exportação. As importações de alta tecnologia aumentaram 11,4%, bem abaixo da alta de 23,5% verificada no total da indústria de transformação.

No setor de média-alta tecnologia, porém, houve uma dinâmica diferente. As importações cresceram em ritmo acima da média, com alta de 25,9%. Nos segmentos de automóveis e produtos químicos (exceto farmacêuticos), por exemplo, as exportações também tiveram alta, mas em grande descompasso com o ritmo mais acelerado das importações. A indústria de automóveis exportou no ano passado 15,7% a mais do que em 2010, mas as importações cresceram 29,1% no mesmo período.

Em média-alta tecnologia estão segmentos que foram muito dinâmicos no período recente da economia brasileira, diz Almeida. O descompasso entre embarques e desembarques é um sinal do avanço das importações na economia do país, acredita. Apesar do dinamismo no mercado interno, lembra, são setores que aproveitaram parcialmente o crescimento econômico porque houve maior concorrência com os importados.

Silvio Campos Neto, economista da Tendências, acredita que a elevação de importados nesses segmentos não está restrita a bens finais, mas também à troca de insumos nacionais pelos adquiridos de fornecedores externos. O câmbio ainda foi favorável às importações e permitiu à indústria nacional melhorar sua competitividade com a compra de matéria-prima a preços mais baixos. "A maior concorrência com os importados ficou evidente no setor de veículos, o que resultou no aumento de imposto para os importados", diz, referindo-se ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), cuja alíquota aumentou em 30 pontos percentuais para carros comprados do exterior.

A expansão dos importados foi permitida pela expansão da classe média, que aumentou a demanda doméstica, diz Welber Barral, sócio da M Jorge Consultores. "A indústria nacional, porém, não conseguiu aproveitar esse crescimento para ganhar mercado."

No segmento de máquinas e bens de capital, diz Barral, há também um problema de falta de oferta nacional. "Máquinas e equipamentos para a indústria de petróleo e gás, por exemplo, são importados simplesmente porque o Brasil não produz", explica. Em outros segmentos, há, porém, a questão de competitividade. "A indústria do setor sofreu com o aumento de custos de produção local. Insumos como aço e eletricidade ficaram bem mais caros. Além disso, a indústria brasileira muitas vezes não é capaz de concorrer com a importação sustentada por mecanismos de financiamento externo, com juros muito baixos", acrescenta.

O que mais chama a atenção, diz Barral, são os segmentos que até pouco tempo contribuíram com superávit, viraram o sinal e agora vêm aprofundando o déficit. Além de automóveis, são exemplos os segmentos de têxteis, couros e calçados. De acordo com o levantamento do Iedi, essas três atividades tiveram déficit de US$ 1,5 bilhão em 2011. No ano passado, o saldo devedor foi de US$ 215 milhões, mas em 2009 esses segmentos ainda geravam superávit, de US$ 354 milhões. Nesses setores de mão de obra intensiva, pesou o custo com salários.

Fonte:|http://www.valor.com.br/brasil/1196314/industria-de-media-alta-tecn...

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