A indústria brasileira gasta R$ 17,1 bilhões por ano para compensar as deficiências na infraestrutura de logística e transportes no país. Essa carga adicional se soma aos altos custos com taxas e tributos e reduz ainda mais a competitividade do setor produtivo. As informações estão na segunda edição do documento Carga Extra na Indústria Brasileira, elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A primeira edição do estudo analisou os gastos das empresas para pagar os tributos.
“Estamos muito preocupados com o custo de se produzir aqui no Brasil. Além de todos os problemas que temos de carga tributária, taxa de juros, energia cara e câmbio valorizado, estudos como esse mostram que existe uma carga extra”, explicou José Ricardo Roriz, diretor-titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decontec), responsável pela pesquisa.
Neste segundo levantamento, a Fiesp ouviu 1.211 empresas industriais a respeito de três aspectos: manutenção da frota própria, transporte (movimentação de cargas) e armazenamento.
De acordo com as indústrias consultadas, as más condições das rodovias e vias urbanas implicam em um gasto extra com manutenção de frota equivalente a 0,36% do faturamento, ou seja, um custo anual de R$ 6,2 bilhões.
O estudo ainda apurou que os gastos mais elevados estão relacionados ao transporte e ao armazenamento dos produtos. As empresas listaram como principais obstáculos os atrasos e esperas por conta de problemas em estradas e vias.
Esses custos consomem R$ 10,2 bilhões por ano (0,60% do faturamento), enquanto as despesas com armazenamento respondem por R$ 675 milhões ao ano (0,04% do faturamento).
Investimento X competitividade
“O governo precisa investir. Os investimentos brasileiros têm sido baixos e o pouco que se faz em infraestrutura demora a sair. Os prazos de execução nunca são atendidos”, criticou Roriz.
Ao todo, a indústria brasileira compromete 7,2% de seu faturamento, o equivalente a R$ 122,3 bilhões, para cobrir custos com logística, sendo que R$ 84,4 bilhões são destinados para transporte, R$ 10,1 bilhões para armazenamento e R$ 27,8 bilhões para a manutenção de frotas.
Segundo Roriz, esses valores adicionais se somam aos gastos com tributos e aos custos de produção, comprometendo ainda mais a competitividade da indústria brasileira.
“A carga extra é mais um elemento que tira a capacidade das empresas brasileiras de competir com importados, tanto aqui dentro quanto no exterior”, conclui Roriz.
Fonte:|http://www.exportnews.com.br/2012/02/industria-gasta-r-171-bi-ao-an...
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