Com essa, a Dufry não contava.
A dois dias da abertura do Terminal 3 de Guarulhos, no qual a Dufry terá a maior loja duty free do mundo, quem roubou a cena foi a FNAC.
A Folha de São Paulo mostrou hoje que a FNAC vai vender em sua loja, no mesmo T3, o iPhone a um preço mais barato que nos EUA, “sem imposto, em real, e parcelado no cartão de crédito”.
Segundo a Folha, além de ficar isento do IOF (se a transação no cartão for em reais), o brasileiro, obviamente, também não vai pagar o ‘sales tax’ que incide quando se compra o iPhone nos EUA.
A dinâmica dos ‘free shops’ no Brasil sempre foi diferente do resto do mundo: aqui, as empresas sempre fizeram lojas gigantes na área de desembarque e nenhuma loja no embarque. A lógica é simples: o brasileiro viaja muito para o exterior, e o País recebe relativamente poucos turistas.
Lá fora, acontece o contrário: os ‘free shops’ na área de embarque são mais relevantes.
Agora, com gestão privada dos terminais, o Brasil fica um pouco mais parecido com o resto do mundo.
A FNAC abre domingo na área de embarque; a Dufry, no embarque e desembarque.
A abertura do T3 tem um impacto simbólico importante: deve servir como um divisor de águas na autoimagem do brasileiro que usa aeroportos bem como dar início ao enterro oficial da era Infraero.
Apesar de não ter tido a repercussão nas redes sociais do iPhone da FNAC, os planos da Dufry para Guarulhos parecem estar à altura do momento histórico (e da oportunidade de negócios). A empresa vai administrar uma área chamada GRU Avenue, que terá lojas da Victoria’s Secret, Burberry, Salvatore Ferragamo e Emporio Armani, entre outras.
Guarulhos hoje responde por 70% do resultado da Dufry no Brasil. Em outubro do ano passado, a Dufry ampliou sua loja no T2 de 1.600 metros quadrados para 3.140 metros quadrados. O espaço que a Dufry vai inaugurar domingo é quatro vezes maior que a loja do T2.
As ações da Dufry listadas na Bovespa estão em alta de 29% nos últimos 12 meses, com os investidores antecipando em grande parte o crescimento de receita que virá dos terminais privatizados.
Por Geraldo Samor
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