A exposição “O fenômeno Kosíguin”, em Moscou, reconta trajeto de político cuja atuação foi inerente à URSS. Relembre alguns de seus feitos mais marcantes.
Nascido em uma família de classe operária em Petrogrado (atual São Petersburgo), Aleksêi Kosíguin conseguiu trilhar uma carreira vertiginosa na União Soviética. Após servir no Exército Vermelho e trabalhar no sistema de cooperação na Sibéria, Kosíguin se formou em um instituto têxtil na então Leningrado.
Trabalhou por um tempo como diretor de uma fábrica têxtil e, em 1938, foi escolhido como presidente do comitê executivo do Soviete de Deputados Operários, o que o transformou em líder da segunda maior cidade da União Soviética depois de Moscou.
No ano seguinte, com apenas 35 anos, tornou-se ministro (cargo que era então chamado de “Comissário do Povo”) da Indústria Têxtil.
Socorro à indústria na guerra
As habilidades administrativas de Kosíguin ficaram evidentes durante a Segunda Guerra Mundial. Dias após o início do conflito, foi nomeado vice-diretor Conselho de Evacuação do Governo, que tinha diante de si uma missão vital: transferir para o leste do país milhares de fábricas em áreas da URSS que poderiam ser ocupados por Hitler.
Apesar dos obstáculos, a tarefa foi concluída com sucesso: em 1942, 2.500 fábricas haviam sido reinstaladas no leste do país, embora muitas tenham tido que começar do zero depois de montadas em sua nova localização.
Segundo historiadores, Kosíguin teve papel fundamental na missão.
O perigoso Caminho da vida
Em janeiro de 1942, Kosíguin foi enviado para Leningrado, então sitiada por tropas alemãs e finlandesas. Ali deveria organizar a evacuação de centenas de milhares de moradores da cidade e garantir os suprimentos para que sobrevivessem ao bloqueio.
Foi nessa época que participou da criação do Caminho da Vida: uma passagem sobre o lago Ladoga congelado, a única via que ligava a cidade ao continente.
A criação dessa trilha permitia enviar comida para os cidadãos famintos e evacuar os mais fracos. Tratava-se de uma viagem potencialmente perigosa, já que aviões e artilharia nazista realizavam bombardeios constantes e, em várias ocasiões, os veículos afundaram nas fendas abertas no gelo. Mas não havia outra alternativa.
Graças ao Caminho da Vida, mais de meio milhão de pessoas foram evacuadas da cidade. No leito do lago foi instalado também um oleoduto, que enviava combustível a Leningrado. Muitos relataram que Kosíguin nutria grande orgulho por tal feito.
Kosíguin recebe título honorífico de índios em Vancouver, 1971
O perigoso Caminho da vida
Em janeiro de 1942, Kosíguin foi enviado para Leningrado, então sitiada por tropas alemãs e finlandesas. Ali deveria organizar a evacuação de centenas de milhares de moradores da cidade e garantir os suprimentos para que sobrevivessem ao bloqueio.
Foi nessa época que participou da criação do Caminho da Vida: uma passagem sobre o lago Ladoga congelado, a única via que ligava a cidade ao continente.
A criação dessa trilha permitia enviar comida para os cidadãos famintos e evacuar os mais fracos. Tratava-se de uma viagem potencialmente perigosa, já que aviões e artilharia nazista realizavam bombardeios constantes e, em várias ocasiões, os veículos afundaram nas fendas abertas no gelo. Mas não havia outra alternativa.
Graças ao Caminho da Vida, mais de meio milhão de pessoas foram evacuadas da cidade. No leito do lago foi instalado também um oleoduto, que enviava combustível a Leningrado. Muitos relataram que Kosíguin nutria grande orgulho por tal feito.
Kosíguin recebe título honorífico de índios em Vancouver, 1971
Iossif Stálin e Kosíguin no Kremlin, 1947
Encontro com operários na mina Maiak, em Norilsk, 1968
Durante visita à rainha Elizabeth 2ª, em 1967. Da esq. à dir.: Kosíguin; rainha Elizabeth 2ª; filha de Kosíguin, Liudmila Gvichiani, e o príncipe Philip
Kosíguin reunido com ex-líder palestino Yasser Arafat durante viagem por países do Oriente Médio e do Norte da África, 1975
A simpatia de Stálin
Ao fim da guerra, as habilidades administrativas de Kosíguin eram altamente valorizadas e lhe garantiram vários cargos no governo. Tudo indica que Stálin mantinha grande simpatia por ele e, já em 1940, o nomeou como seu vice. Sugere-se que foi justamente o carinho de Stálin por Kosíguin que o livrou das repressões.
Para o neto de Kosíguin, Aleksêi Gvichiani, seu avô “era necessário para o governo, para o regime, por seu pragmatismo e capacidade de realizar tarefas econômicas e alcançar resultados concretos. Ninguém mais tinha essa capacidade”.
Durante o governo de Khruschov, Kosíguin começou apoiando-o na luta interna do Partido, embora mais tarde tenha se aproximado dos opositores do líder soviético.
Quando Khruschov foi deposto, Kosíguin assumiu a presidência do governo soviético e ocupou o posto quase até sua morte, em 1980, permanecendo no cargo mais do que qualquer outro líder na história da Rússia desde o início do século 20.
Cinco anos de glória
Ao tornar-se presidente em 1964, Kosíguin tentou reconstruir o planejamento econômico soviético, introduzindo alguns elementos de mercado. Sua ideia era que as empresas fossem mais independentes, isto é, pudessem estabelecer relacionamentos com fornecedores e consumidores, além de manter parte dos lucros.
O efeito de suas medidas foi rápido: o período de reformas, na segunda metade da década de 1960, foi uma das épocas com maior ritmo de crescimento da economia soviética. Não é à toa que esses cinco anos são considerados uma época de ouro.
Ainda assim, as reformas também escondiam um lado negativo: por não poder subir os preços (o controle permanecia nas mãos do Estado), as empresas reduziram seus investimentos em produção e aumentaram os salários. Paralelamente, a inflação começou a crescer, acompanhando os rendimentos mais elevados da população.
Aos poucos, a reforma de Kosíguin foi sendo revertida, embora algumas medidas tenham sido novamente aplicadas em meados dos anos 1980, durante a perestroika.
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