Fonte : [ isto é dinheiro - www.istoedinheiro.com.br ]
Na década de 1960, a calça jeans se tornou um dos símbolos da geração que pensava ser possível mudar o mundo, para melhor, na base da paz e do amor. Foi nesse contexto que a americana Levi Strauss&Company, fundada em 1853, ganhou força global.
Rapidamente, a calça Levi´s e as camisetas da marca se transformaram em sinônimo de inovação, criatividade e moda. Hoje, no entanto, a Levi Strauss luta para se reinventar. Como grife e, principalmente, como empresa. É que nos últimos cinco anos seu faturamento mundial estagnou na faixa dos US$ 4 bilhões (a empresa não revela participação brasileira nesse total).
"A calça é que tem de se adequar ao corpo da mulher"
Maurício Busin > diretor da Levi strauss & Company
Resultado direto do acirramento da concorrência, especialmente dos chineses. Os competidores se aproveitaram da “letargia criativa” da Levi’s para promover um bem-sucedido processo de comoditização da calça jeans.
Graças ao barateamento do custo das tecnologias de desbotamento das peças, processo responsável por conferir uma identidade única a cada calça. Com isso, até mesmo os jeans vendidos em supermercados conseguiram assumir um jeitão parecido ao das peças produzidas por marcas sofisticadas.
Na parte de cima da pirâmide, a Levi’s também teve de enfrentar o avanço das grandes grifes, que lançaram suas versões de jeans aproveitando-se da clientela cativa e também da força de suas marcas. A lista inclui desde a compatriota Calvin Klein até as italianas Diesel e Armani, que apostaram fortemente no público feminino.
Nos últimos meses, porém, a direção mundial da Levi’s começou a reagir. Para deter os chineses, criou uma subsidiária, a Denizen, cujo quartel-general fica em Hong Kong. Uma calça com a etiqueta da Denizen custa cerca de US$ 50 – metade do valor cobrado por uma Levi’s e 15% acima das concorrentes locais.
Símbolo de uma era: com jeitão descolado, a sede da Levi Strauss, em São Francisco, tem um estilo inovador,
atributo que a marca começou a perder a partir da década de 1990
Mais: fez uma pesquisa global para “ler” o corpo de 1,6 mil mulheres em 18 países, incluindo o Brasil. Desse trabalho nasceu a nova modelagem, batizada de Curve ID. “A Levi’s tinha 80 modelagens, com as quais conseguia vestir 30% das mulheres.
Agora, reduzimos o número de fits para quatro e eles se ajustam ao corpo de 90% das clientes em nível global”, disse à DINHEIRO Maurício Busin, diretor de marketing para a América Latina da Levis Strauss&Company.
“As mulheres não têm de se adequar à roupa. A calça é que tem de se adequar a elas.” Com isso, a empresa espera eliminar uma de suas grandes deficiências competitivas. Enquanto as grifes concorrentes possuem participação igualitária das vendas entre os sexos, 80% dos consumidores da Levi’s são marmanjos. O Curve ID já mostra resultados: “No último semestre as vendas para o público feminino cresceram 32% no Brasil”, disse o executivo.
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