Nos últimos dias, a maioria dos refugiados que conseguiu atingir a fronteira da Tunísia vivia e trabalhava em Tripoli, a capital da Líbia.
foto DOMINIQUE FAGET/AFP |
Percorreram pouco mais de 200 quilómetros, transportando o que puderam: malas, sacos, caixas de papelão, roupas às costas, até aparelhagens sonoras e todos eles com um cobertor colorido, cuidadosamente guardado num saco de plástico, fazendo lembrar o tradicional comércio de têxteis na zona da raia portuguesa.
É este o cenário que se repete minuto a minuto. Os asiáticos, mal chegam, insistem em tirar fotos com os primeiros voluntários das ONGs que encontram, com sorriso estampado e um sinal de vitória, como se não acreditassem que ali estão. Os africanos do Sul não largam, nem por um segundo, as aparelhagens e os cobertores felpudos e coloridos que transportam debaixo do braço.
Agora, muitos já chegam com as famílias - mulheres e crianças - que são acolhidas pelas diversas organizações humanitárias. Resistiram o quanto puderam em largar tudo e dão uma outra imagem nos campos de refugiados, montados a poucos quilómetros da fronteira. Mas são os homens a esmagadora maioria da população que temporariamente sobrevive em tendas à espera de um "guia de marcha" para seguir para os países de origem.
Mesmo a ritmo mais lento do que nos últimos dias, continuam a chegar diariamente à Tunísia, vindos da Líbia, milhares de pessoas. De acordo com dados da ACNUR (Alto Comissariado para os Refugiados das Nações Unidas), já cruzaram a fronteira mais de 120 mil pessoas. O que significa que as organizações humanitárias e as autoridades tunisinas, supervisionadas pelo ACNUR, conseguiram garantir o alojamento temporário e ajudaram a que quase todos eles fossem repatriados.
A imagem da fronteira está longe de parecer o caos que se transformou há uma semana. As ruas estão limpas, há uma organização militarizada, rigorosamente vigiada, e uma orientação das comunidades islâmicas que se torna, dia para a dia, cada vez mais evidente e mais acentuada
A redução de número de refugiados levantou um problema aparentemente inesperado às organizações humanitárias e ao governo tunisino: há excesso de alimentos, roupas, cobertores e até de colchões. Rodeada por pequenas povoações, as autoridades ds Tunísia não conseguem arranjar armazéns suficientemente fiáveis para guardar tanto material recolhido. Restou-lhes lançar um apelo para que ninguém fornecesse nem mais um pacote de leite.
Com tanta reserva, as autoridades e as ONGs estudam uma forma de enviar toda a ajuda para os mais de 600 mil refugiados, de acordo com dados do ACNUR, que ainda se encontram na Líbia. Mas cruzar a fronteira está também vedada à ajuda humanitária. Nem sequer o Crescente Vermelho (organização equivalente à Cruz Vermelha, no mundo ocidental) conseguiu enviar alguém para a Líbia, apesar dos intensos contactos que vai mantendo com os "companheiros" do outro lado da fronteira.
FONTE: JORNAL DE NOTÍCIAS
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