Profissionais de conteúdo comentam sobre a popularização dos vídeos em que influenciadores imitam personagens de games e ganham dinheiro da audiência
Mesmo quem não é usuário ativo do TikTok pode ter visto algum comentário, nos últimos dias, sobre a onda de lives NPC. No X (ex-Twitter) e também no Instagram, circulam vídeos com trechos que mostram pessoas, em movimentos repetitivos, falando diante da câmera dos smartphones, enquanto recebem interações de outros usuários.
Para quem não está familiarizado com o assunto, as razões que levam as pessoas a fazerem tais lives – e, também, os motivos que fazem com que outras pessoas assistam e ofereçam pagamento em dinheiro para quem faz lives NPC – pode não fazer sentido. Já para quem está inserido na tendência, tais lives parecem representar uma forma de aumentar os lucros e aumentar a quantidade de seguidores.
NPC é a sigla, em inglês, de non-playable character (que, em tradução livre, pode ser compreendida como personagem não-jogável). Fazer uma live de NPC é, portanto, simular o comportamento robótico de personagens de jogos de vídeo-game.
Essa representação, no entanto, tem algumas características específicas. O personagem inicia a live parado e a dinâmica acontece quando quem está assistindo envia um presente — pequeno valor em dinheiro — para quem está fazendo a live. Esse presente vem em forma de figurinha, e neste instante ele reage fazendo alguma ação repetitiva correspondente a aquele estímulo, como explica Eder Redder, diretor nacional de conteúdo da Artplan.
“É como se a audiência pudesse controlar o creator. Essas lives estão fazendo sucesso e muitos estão ganhando dinheiro com isso”, comenta o publicitário.
Na opinião de André Passamani, sócio e CEO da Mutato, as lives de NPC talvez sejam o fenômeno que melhor tipifiquem a dinâmica da internet pós-ascensão do TikTok. Em julho deste ano, alguns TikTokers dos Estados Unidos passaram a fazer lives emulando esses comportamentos de figurantes de vídeo games, explica o executivo.
Após esse comportamento começar a se popularizar nos Estados Unidos, alguns usuários na China começaram a reproduziram a tendência e viralizaram entre os brasileiros. Até que, lembra Passamani, no último dia 8 o youtuber Felca publicou um vídeo para explicar – e até mesmo fazer piada – sobre essas lives.
“Foi pelas mãos desse criador de conteúdo que a tendência se espalhou. No dia 13, nosso monitoramento pegou muitas referências de criadores chocados com a inundação e o caráter non sense que esses conteúdos geravam. A informação de que alguns influenciadores ganharam até US$ 7 mil parece ser o componente fundamental para atrair a atenção”, analisa o sócio e CEO da Mutato.
@felipebressanimquanto eu ganhei com as lives de npc♬ som original – Felca
O brasileiro adora tudo o que é non sense. Essa é uma das razões que Redder, da Artplan, aponta para o fato de esse tipo de conteúdo ter se popularizado tão rapidamente nas conversas pelas redes sociais nos últimos dias.
“Soma-se isso à cultura dos usuários do TikTok, que são os que mais gostam de experimentar coisas novas. É uma plataforma que se move por formatos, por repetição, e as lives NPC representam tudo isso junto”, diz.
Para Redder, contudo, essa tende a ser uma tendência passageira, até porque, o próprio TikTok já estaria de olho nessas movimentações.
Há alguns dias, Felca – o mesmo youtuber que teria ajudado a popularizar a tendência das lives NPC no Brasil – postou uma mensagem, vista em seu próprio TikTok, em que a plataforma restringiria a recomendação daquele conteúdo pelo fato de ele conter ações muito repetitivas. Oficialmente, contudo, a plataforma não se pronunciou sobre restrições a respeito desse tipo de conteúdo.
Como tudo aquilo que chama a atenção do público nas redes sociais, as lives NPC também entraram no radar das marcas. Por enquanto, as empresas ainda estão naquela fase de entender a brincadeira.
Nessa fase, contudo, é preciso cautela. “Logicamente, as lives NPC não cabem para qualquer marca. Precisa fazer sentido com o posicionamento. Além disso, tem o desafio criativo: como fazer isso de forma orgânica e não parecer forçado?”, questiona o profissional da Artplan.
Passamani, da Mutato, acredita que as piadas em relação à doação de dinheiro nesse tipo de live são mais fortes do que uma possível tendência para as marcas.
Já para os criadores de conteúdo, o fator non sense pode ser interessante. O executivo enxerga, também, uma relação mais estabelecida entre doação de dinheiro da audiência aos creators.
“Seja pelo Onlyfans, close friends do Instagram, membership do Youtube ou até por essas doações eventuais do TikTok ou superchat do Youtube. No Brasil, não vai ser incomum ver QR Code de Pix na tela de vídeos no Youtube”, aposta.
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