Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Lucros divinos fabricando roupas para ir à igreja

Fonte:|valoronline||

Enquanto as grandes indústrias e redes varejistas não despertam para esse mercado, as pequenas confecções avançam na produção e venda de peças direcionadas ao público evangélico, com estimados 26 milhões de praticantes no Brasil, um número em ascensão.

Uma das primeiras a perceber esse potencial foi Áurea Flores, que transformou a dificuldade de encontrar peças e roupas mais discretas em um negócio que já dura 19 anos. Hoje, ela é dona da Joyaly, uma pequena confecção focada na produção de saias, blusas, vestidos e conjuntos para mulheres que professam a fé cristã protestante. A empresa vende 50 mil peças por mês. Em geral são saias jeans pouco abaixo do joelho e blusas e camisetes sempre com manga e sem decote.

A empresa desenvolve duas linhas de produtos - uma com peças básicas para uso diário e outra com bordados, para ir à igreja - e vende via atacado. Hoje, ela conta com cerca de 14 mil cadastros de revendedores autônomos e lojas de varejo.

Embora não exista um levantamento oficial sobre o número de confecções e lojas concentradas nesse consumidor, Alison Flores, diretor comercial da Joyaly, calcula ter 10 concorrentes (fabricantes) diretos. Segundo ele, a maioria dos empresários tem uma produção influenciada pela religião.

Para levar modernidade às coleções, ele diz que o departamento de estilo e criação da Joyaly viaja duas vezes por ano para Paris, Milão, Londres e Nova York. Na volta, a equipe traduz conceitos vistos lá fora em produtos que respeitam os preceitos religiosos. Por conta de pesquisas internacionais, os aviamentos que compõem as peças também buscam antecipar tendências e desenvolver novos materiais (zíperes, botões e etiquetas) com os fornecedores.

A Jaça Confecções, criada em 1989 para atender pentecostais, também tem duas pessoas responsáveis pela pesquisa de tendências e criação de peças para o público feminino, como saias, vestidos, jardineiras, conjuntos e blusas.

Suas criações são vendidas para consultoras e lojistas de todo o Brasil e também de outros países, no atacado. "Temos também uma loja que atende o público de varejo com preço diferenciado", explica Nair Maria Costa, sócia-proprietária da Jaça Confecções.

Para se diferenciar da concorrência, Nair diz que investe na qualidade, na criatividade, no preço, no atendimento e até em fatores como responsabilidade social. A empresa já recebeu o prêmio Top of Mind pelo Dia Internacional da Mulher.

A estratégia adotada pelas confecções para expandir o campo de ação é diversificada. A Joyaly monitora não só as tendências da moda, mas também a evolução do seu público alvo. Para isso, realiza pesquisas em seus canais (SAC, lojas e site). "A comunidade web é um bom termômetro do que está acontecendo, principalmente porque é frequentada por jovens, que são mais receptivos às mudanças e sempre buscam o novo", explica Flores. A Joyaly tem blog, está no twitter e também realiza promoções como Garota Joyaly. Já a Jaça Confecções tem um site que está sendo substituído por outro, com e-commerce, para vendas pela internet.

Por conta da crise, o primeiro semestre não foi bom para as empresas, que passaram a sentir uma melhora a partir de julho. "Neste ano, diferentemente dos últimos (as taxas de crescimento foram de 15%), não vamos crescer", afirma Flores. Sua meta é fechar 2009 com o mesmo faturamento do ano passado. O valor, no entanto, ele não revela. Já na Jaça Confecções, as vendas deste ano a princípio caíram, depois reagiram, mas ainda não atingiram a expectativa de Nair. Ela acredita que com fé e trabalho, as vendas voltarão a acelerar.

Embora sua fé se destaque como uma das que mais crescem no país, ainda não existe uma grife de luxo focada nesse público, tampouco uma grande rede varejista ou um estilista famoso que dedique alguma de suas coleções às mulheres que professam essa fé. "Existe um mercado enorme a ser trabalhado, mas o setor ainda não se organizou para atendê-lo", afirma Geni Ribeiro, consultora do programa Texbrasil da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit). Para conquistar esse exigente público, ela recomenda o desenho de peças mais arrojadas. "Não é porque a roupa será usada por uma evangélica que ela precisa ser toda fechada e sem graça. É preciso ter uma proposta mais contemporânea às coleções."

Geni também sugere que o varejo atenda esse nicho de mercado com mais atenção e até mesmo ousadia. As lojas, segundo ela, precisam ser mais charmosas e atraentes. Isso significa investir em serviços e em um melhor atendimento aos clientes. Daí a proposta de servir água, suco e café e de criar uma ala de espera para maridos e crianças. "Há evangélicos em todas as camadas sociais e muitas oportunidades inexploradas. Esse mercado é praticamente virgem", afirma Geni.

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