Fonte:|colunas.epocasp.globo.com|
Há quem descreva a sensação de usar um corset como a de um abraço forte ou de ser sustentada por mãos másculas. Também tem quem busque a função estética da peça, usando-a diariamente para reduzir as medidas da cintura. E há aqueles que são fascinados pelas curvas criadas com o uso deste item de vestuário que surgiu como roupa íntima e hoje ganha ares de alta-costura.
Madame Sher, nome pelo qual é conhecida Leandra Rios, é a corsetiér que trouxe o espartilho de volta ao guarda-roupa da paulistana. Criada em 2004, a marca que leva seu nome, veste mulheres (e alguns homens) de todos os tipos, de praticantes do tightlacing – o uso contínuo do corset para a modificação da silhueta - a celebridades como Fernanda Young, Adriane Galisteu, Luciana Gimenez, Claudia Raia e a diva burlesca Dita Von Teese.
Há uma certa confusão entre corset, espartilho, corselet e corpete. Qual a diferença?
Uso o termo corset, embora seja o mesmo que espartilho, para evitar que as pessoas acabem confundindo com lingerie de sex-shop. O espartilho é uma peça feita sob medida para reduzir a cintura e levantar o busto por meio de uma estrutura de metal rígida, com várias camadas de tecido e recortes. O corselet é uma peça de lingerie com alguma estrutura, geralmente de barbatanas de plástico e o corpete é uma peça que se ajusta ao corpo, mas que não o modela.
O espartilho para uso contínuo deve ser feito sob medida para não prejudicar a saúde de quem faz tightlacing
De onde vem a sua fascinação pelo espartilho?
Sempre tive fascinação pelo corpo feminino. Ficava admirando as curvas das mulheres na TV quando criança e assim que meu corpo começou a se formar usava aqueles sutiãs pontudos e uma cinta por baixo dos vestidos. A paixão pelo corset foi natural, e acabou transformando em trabalho por causa da procura das pessoas.
O corset surgiu como peça íntima e hoje é uma peça de luxo. O que acha do uso de lingerie como roupa?
Tenho algumas ressalvas. Tenho pavor de peças de lingerie usadas sem nada por cima. O Galliano lançou uma proposta bacana há algum tempo, com transparências, e acho que funciona. Fica lindo usar um underbust (corset mais longo que o waist-cincher, vai até a linha abaixo dos seios) com uma blusinha transparente por cima de um sutiã bonito. Mas usar o sutiã com o corset como se fosse um top, não. A insinuação é muito mais interessante e elegante.
Porque usar corset hoje em dia?
Há várias razões. Para mudar o corpo, por causa do fetiche, por estar na moda… A peça atrai homens e mulheres por motivos diferentes. A cintura fina é sinal de saúde na sociedade moderna, e bem marcada dramatiza o bumbum, o peito, o quadril. Acho que ninguem vê uma mulher com cintura fina e fica imune.
Entre as décadas de 1950 e 1980 apenas fetichistas manifestavam interesse pelo espartilho. A peça cria uma aura de fragilidade em quem a usa?
Eu acredito no contrário. Hoje o corset tem um quê de armadura, de proteção. Gosto disso. Tento fazer os corsets confortáveis para que as mulheres possam fazer tudo o que quiserem de uma posição de poder, com pleno controle sobre o corpo. O efeito vai além da estética. O comportamento se altera.
A cintura sobe e desce acompanhando a moda. Qual é a altura correta?
A altura das costelas flutuantes. A maioria das mulheres que faz tightlacing hoje quer eliminar a cintura dupla, criada com o uso de peças de cintura baixa. A modelagem que criei é única, com uma frente plana e curvas laterais acentuadas. Os lados do waist-cincher são mais compridos e a frente é reforçada para acomodar o corpo da brasileira, que é meio neurótica com a barriga. A diferença entre a modelagem original do espartilho e a moderna é que a atual não força a cintura para cima, então é mais saudável.
Qual o modelo mais popular entre as brasileiras? Há alguma diferença na maneira como as paulistanas usam o espartilho?
O underbust básico é o mais popular pela versatilidade. Hoje as mulheres até 40 anos gostam do overbust com bojo pré moldado. Em São Paulo se usa mais o espartilho por cima da roupa. Em cidades menores a peça choca mais. As paulistanas entendem que o meu corset é uma peça de alta costura, não uma lingerie, e assumem o look.
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