Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Mais de 60% das empresas consultadas foram afetadas pela logística internacional

Consulta da CNI junto a 465 empresários mostra que aumento do frete, falta de navios e indisponibilidade de contêineres foram os maiores problemas para as exportações e importações.

Mais de 60% das empresas consultadas foram afetadas pela logística internacional

Três em cada cinco empresas que exportam ou importam foram altamente afetadas pelas condições do mercado marítimo internacional nos últimos meses. De acordo com a Consulta Empresarial: Logística Internacional, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o aumento do frete internacional foi o principal problema para empresas com operações de comércio exterior, citado por 90% das empresas. Ao todo, 83% das exportadoras e 71% das importadoras precisaram suspender ou postergar algum embarque.

Com as dificuldades ocasionadas por problemas na logística mundial, entre as empresas que tiveram de suspender ou postergar o transporte de produtos muitas não conseguiram cumprir contratos com clientes, o que ocorreu para 90% em exportações e 80%, em importações.


"O mundo ainda sente os efeitos da desorganização do transporte marítimo mundial, que sofreu uma reação em cadeia devido a fechamento de portos em importantes mercados, a consequente retenção de navios e de contêineres. Esse desequilíbrio levou a aumento de preços, que ainda persistem e se somam aos desafios estruturais de competitividade do comércio exterior brasileiro ", analisa a gerente de Comércio e Integração Internacional da CNI, Constanza Negri.


 

Aumento do frete é o maior problema das empresas

Essa conjunção de fatores que marcam o desarranjo do transporte marítimo internacional acirrou a disputa por navios e contêineres, pressionando o valor de frete, em comparação com o período anterior à pandemia. O custo elevado foi o principal problema enfrentado pelas empresas, com 92% das exportadoras impactadas, percentual que sobe para 95%, entre as importadoras.


“No caso do Brasil, a indisponibilidade de contêineres pode ser mais agravada em função da baixa eficiência aduaneira-portuária, pelo fato de o país estar distante das principais rotas de navegação e movimentar apenas 1% do fluxo global de contêineres”, afirma Constanza Negri.


Nas operações de exportação, a falta de contêineres é tida como segundo maior empecilho, sentido por 80% das empresas consultadas. Na sequência, a indisponibilidade de navios ou de espaço nas embarcações e o cancelamento/omissão dos embarques programados dividem o terceiro lugar, com impacto em 76%.

Nas importações, a baixa oferta de navios disponíveis ou de espaço nas embarcações é a segunda grande dificuldade na atuação, enquanto a falta de contêineres é a terceira. Ambas afetaram sete em cada dez empresas.

Suspensão e adiamento de embarques tornaram-se mais comuns

Como resultado da escassez de navios e de contêineres em algumas rotas e o consequente aumento de prazos de permanências das embarcações nos terminais, as empresas brasileiras tiveram de suspender ou adiar embarques com maior frequência. Entre as importadoras, 73% recorreram às medidas, enquanto nas exportadoras esse percentual sobe para 81%.

Das empresas exportadoras que precisaram suspender ou postergar, 90% relataram descumprimento dos contratos, 91% mencionaram alteração da modalidade de embarque, e 94% registaram cobrança adicional sobre o uso do contêiner.

No caso das importadoras que precisaram suspender ou postergar, 80% listaram problemas de não cumprimento dos contratos. A cobrança adicional sobre o uso do contêiner foi citada por 88%, e 91% mencionaram alteração da modalidade de embarque.

Principais mercados tiveram crescimento nos custos

A maioria das empresas declarou que as condições pioraram nas relações com os seus mercados mais importantes, sejam de destino ou origem. Em comparação com o início de 2021, as exportadoras brasileiras experimentaram uma piora com Estados Unidos/Canadá (73%), Europa (69%) e China (66%). As importadoras, por sua vez, reportaram piora de 66% com os mesmos mercados.

Todos os principais mercados das companhias consultadas registraram um amplo aumento no custo do frete, quando comparados com os valores pré-pandemia. Um crescimento superior a 500% foi vivenciado por um quarto das exportadoras que operam com o mercado norte-americano, e por um quinto das que trabalham com o latino-americano.


“Além disso, novos fatores intensificaram as questões da logística global. O outro lockdown ocorrido em Xangai afetou ainda mais as linhas comerciais com a Ásia, enquanto o conflito entre a Rússia e a Ucrânia suspendeu rotas com origem e destino para esses dois países”, complementa Biasutti.


Em relação às importadoras, o percentual de empresas que perceberam aumento acima de 500% foi maior no caso de mercadorias originárias da China (23,9%). Em seguida, têm-se o frete originário na Ásia (19,6%), com exceção da China.

Fique por dentro!

Para acompanhar a evolução dos valores do frete e outros dados relevantes, basta acessar o Painel CNI da Infraestrutura Brasileira, painel virtual que acompanha mensalmente essas e outras informações da área.

Por: Pedro Ferraz

Ilustração e infografia: Juliana Bezerra
Da Agência de Notícias da Indústria

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