MAMÃE, EU QUERO VOAR
Notas da coluna do jornalista Carlos Brickmann publicada em jornais de hoje
O Brasil é o país onde merecer o tratamento de Excelência já é suspeito.
Imagina o caro leitor que Executivo e Legislativo sejam os grandes consumidores do Tesouro nacional? Engana-se: são também, mas não são os únicos.
O corregedor nacional de Justiça, Gilberto Martins, acaba de determinar investigações sobre viagens ao Exterior de ministros do Superior Tribunal de Justiça e respectivas esposas, sempre em primeira classe, com pagamento de diárias, tudo por nossa conta.
A justificativa é que Suas Excelências viajam para representar o presidente do STJ, Felix Fischer, em eventos internacionais.
“Causa-nos preocupação (…) o número elevado de viagens realizadas ao Exterior às custas do Erário”, diz o corregedor Gilberto Martins. E são boas viagens para bons destinos, com preços de Primeiro Mundo, como Europa e Japão.
O STJ diz que inexiste “qualquer irregularidade”. Pois é.
O caro leitor está indignado? Surpreso?
Não há motivo para surpresa: segundo o corregedor Gilberto Martins, “o problema não é novidade no Poder Judiciário, estando sob investigação outras denúncias envolvendo viagens internacionais de magistrados de diversos tribunais brasileiros”.
Exemplo: o CNJ examina na terça um processo sobre despesas irregulares no Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Há ali passagens e diárias para 31 juízes, dois desembargadores e três servidores, todos enviados à Florida, nos Estados Unidos, para participar de um curso de segurança pessoal.
Para que?
Acertou: para nada.
Sub do sub
Da ótima coluna Aziz Ahmed, no jornal carioca O Povo: “O Diário Oficial da União, seção 2, da última terça-feira, publica a nomeação de Celina Pereira para ‘chefe de gabinete do chefe de gabinete pessoal da Presidência da República’ “.
Ele sabe. Esteve lá
Aécio?
Eduardo Campos?
Alguma CPI?
Não: o maior inimigo do governo não é candidato a nada, exceto a desmoralizar o alto-comando governista.
Nestor Cerveró, que foi diretor internacional da Petrobras na época da compra da Refinaria de Pasadena (aquela que custou US$ 42 milhões e foi repassada para a Petrobras por US$ 1,2 bilhão), não gostou de ter tido seu relatório sobre o caso desclassificado por Dilma.
Declarou-se pronto a contar o que sabe na Câmara, no Senado, na Polícia Federal e na Procuradoria Geral da República.
E que é que ele sabe? A julgar pelos cargos que ocupou, tudo: ele sabe porque esteve lá.
Só falta marcar a data. E, conforme o caso, haverá disputa para ouvi-lo primeiro.
O país avança
As coisas melhoram.
Antes, o deputado federal André Vargas, do PT, vice-presidente da Câmara dos Deputados, viajava de turboélice da FAB de Londrina (PR) para Brasília, às nossas custas, levando um séquito de assessores que carregavam sua mala e, num cabide especial, para não amassar, seu terno (aliás, levando-se em conta a elegância de Sua Excelência, deveria deixar o terno amassar à vontade. Pelo menos teria uma desculpa).
Agora continua viajando com comitiva, mas em jatinho pago por riquíssimo amigo doleiro.
Antes ele do que nós.
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