Anunciantes como Beck's e Natura investem em produtos adaptados, tecnologia, manifestos e campanhas incusivas.
A mudança etária da população se reflete na ampliação da faixa mais madura do público consumidor. Com menores taxas de mortalidade precoce, aumento da expectativa de vida e redução da natalidade, as empresas preparam-se para encarar um cenário com um consumidor de mais idade preponderante e evitar qualquer tipo de etarismo
Até 2025, um quinto da população mundial será composta por pessoas com mais de 60 anos. O dado, revelado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), atesta a inversão da pirâmide etária globalmente. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, até 2030, o número de idosos ultrapassará o total de crianças entre zero e 14 anos. Do mesmo modo, a PNAD Contínua, do IBGE, também confirma a tendência. Entre 2012 e 2022, houve aumento de 11% para 15% na participação de pessoas com 60 anos ou mais na população brasileira. Por outro lado, o grupo de pessoas com menos de 30 anos recuou de 49% para 43% no mesmo período.
Em alguns casos, como para Natura, a antecipação foi essencial. Em 1986, a empresa lançou a marca Chronos, cujo nome se refere ao deus grego do tempo. À época, a Natura visava questionar o mercado de cuidados para pele que prometia “parar o tempo” e celebrar diferentes fases do consumidor.
A marca Chronos tem 39 anos, mas a Natura segue atualizando a defesa pelo empoderamento etário. Em 2016, na campanha #velhapra, mulheres questionam o tabu de serem consideradas maduras demais para suas escolhas. Já o movimento #MinhaIdadeNaoMeDefine, lançado em 2022, convocou mulheres a refazerem o pacto com a sua beleza e combater o etarismo.
“Certamente, com uma população mais idosa, a demanda por produtos para cuidados específicos para a pele madura já vem aumentando”, pontua Denise Coutinho, diretora de marketing da Natura Brasil.
Assim como a necessidade da pele idosa se modifica, o mesmo acontece com o paladar. A partir de pesquisas, a marca Beck’s, da Ambev, identificou que a percepção do amargor no paladar diminui com o passar dos anos. Isso levou a marca de bebidas desenvolver uma cerveja de edição limitada pensando no público 70+. Além de criar um produto adaptado ao paladar idoso, o intuito do produto e campanha foi promover um diálogo ao movimento da cultura “pró-aging”, diz Felipe Cerchiari, diretor de marcas globais da Ambev.
A partir do projeto, a Ambev incorporou o público acima de 55 anos para o público-alvo e novas campanhas da Beck’s. “Compartilhar a preocupação com o movimento pró-aging é mostrar que o conceito de envelhecer bem, hoje, é poder continuar aproveitando todas as experiências mais gostosas da vida”, coloca Cerchiari.
Segundo os executivos de Ambev e Natura, atualmente, o papel das marcas de diversos segmentos deve ser a de uma ferramenta ou solução que ofereça satisfação ou autoestima para consumidores de qualquer faixa etária. Ou seja, não apagar marcas do tempo e sim valorizá-las. Além disso, como fomentadora de tendências e discussões, Denise, da Natura, acredita que a marca deve acelerar a desconstrução do mito da eterna juventude.
Nesse contexto, conforme informa, um dos maiores desafios é promover a autoaceitação enquanto tenta desmistificar a ideia de envelhecimento, que ainda é esteriotipada no vestuário, comportamentos, identidade e escolhas.
“A sociedade ainda não valoriza como deveria o passar do tempo como algo positivo. Cabe a nós, como parte da engrenagem da beleza e do bem-estar, aprofundar debates fundamentais da sociedade e nos manter lado a lado com o público, atentos às suas necessidades”, argumenta. “Não só falamos em produtos, mas nos colocamos como alavanca para ampliação de conversas tão fundamentais”, complementa.
Isso envolve desenvolver produtos e “momentos especiais para qualquer pessoa que tenha a disposição e a atitude de abraçar novas experiências”, coloca o executivo da Ambev.
Ainda assim, Denise sublinha que o envolvimento de marcas não é apenas uma resposta à mudança na distribuição da população, mas também uma resposta aos olhares mais críticos do público ao não se sentir representado e manifestar descontentamento. “A princípio, podemos pensar que isso é um risco, mas na verdade, essa transformação de comportamento acaba sendo muito positiva para pressionar essa mudança”, opina.
Parte essencial do processo de atualização das empresas e, portanto, das marcas, envolve um trabalho de pesquisa, estudos de cenários e escuta ativa dos consumidores. Essas são as técnicas adotadas pela Ambev e que resultaram em programas de diversidade e inclusão social, para além da criação de produtos como o Beck’s 70+.
“Tendo a nossa escuta ativa sempre presente para atendermos os constantes desejos dos consumidores, entendendo a sua pluralidade em todos os sentidos. Além disso, estamos sempre observando as tendências e oportunidades do mercado. Nos inspiramos no estilo de vida de nossos consumidores, nas novas ocasiões de consumo e nas experiências de marca que podemos proporcionar”, divide o diretor de marcas globais.
Segundo Denise, a tecnologia e pesquisa aliada a flexibilidade trazem resultados positivos para as marcas e longevidade junto ao consumidor e em oposição ao etarismo. “As mudanças demográficas nos exigem flexibilidade e nos fazem estar enraizados na crença de que a diversidade é essencial para gerar impacto positivo, além de ser uma fonte de inovação. A compreensão das necessidades do público mais maduro e a capacidade de oferecer produtos e experiências relevantes são fatores-chave para um futuro de sucesso nesse sentido”, coloca.
https://www.meioemensagem.com.br/marketing/marcas-combate-etarismo
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