Fonte:|blogs.estadao.com.br/moda/|
Calças grossas, com textura emborrachada, parecendo feitas de plástico. Outras prateadas, como uma folha metálica maleável. Vincos e amarrotados que dificilmente serão desfeitos. Em um primeiro olhar, para obter efeitos assim tão diferentes entre si, seriam necessários diversos materiais. Mas são usados apenas dois, combiandos. Conheça o jeans resinado. Ele já existe há um tempo e é o que vai aparecer na coleção outono/inverno de algumas marcas.
Textura e brilho do jeans ficam alterados com a resina
A Cavalera, por exemplo, tem calças, jaquetas e coletes dourados, pretos e cinzentos – estes últimos, com jeitão de que foram esfregados em fuligem. A Reserva criou calças com brilho metálico. Já a Ellus até patenteou sua criação: o ‘leather denim’, um jeans com cara de couro.
Alguns tipos são transparentes e não alteram a textura do jeans
“A resina é um material de uso bastante amplo”, explica Patrícia Ribeiro, gerente de desenvolvimento dos jeans da Vicunha (que fornece para a Reserva). “Existem vários tipos, que podem ser combinados entre si.”
Não é só para mudar a cor e a textura que os resinados servem. Há alguns formatos que só são possíveis graças ao material. É o caso do ‘bigode 3D’ – as rugas no começo da coxa, que começam perto do zíper e se estendem pelas laterais da pélvis. Há ainda as resinas que seguram os vincos da peça, as que mantêm a coloração da roupa por mais tempo e as que dão uma mãozinha nos efeitos de lavagem. Existe até uma que estica, para ser aplicada em peças mais elásticas.
A resina também cria efeitos de lavagem nas peças
O produto, de origem sintética, pode ser aplicado tanto na tecelagem como na peça já confeccionada. “Só que quando é feito na lavanderia, o efeito não é tão uniforme por causa dos bolsos, dos passadores”, conta a diretora de marketing da Vicunha, Renata Guarniero. Mas pode haver suas vantagens: costuras podem ser cobertas, dando a impressão de que a peça é feita de apenas um corte.
A resina é pastosa, com consistência semelhante ao silicone – e, como tal, existe em várias consistências. Pode ser “passado” sobre a peça, tal como uma geleia, ou a jato, como um spray. Depois da aplicação, ela vai para o forno (!). “O calor polimeriza a resina e faz com que ela se funda ao jeans e tenha maior fixação”, explica a coordenadora de jeanswear da Ellus, Camila Zoldan.
Muitas das aplicações em roupas, como brilhos e paetês, podem deixar as peças frágeis. Não é o caso da resina. “Esses processos aumentam a durabilidade do produto”, diz a gerente de marketing da Canatiba (que fabrica para a Ellus, 2nd Floor e Mário Queiroz), Marli Vernille Guth. “A vida útil, porém, está atrelada ao uso de cada consumidor.”
Então, a peça pode ser lavada numa boa? “Depende do tipo da resina”, diz Camila. “É importante ler as instruções de lavagem na etiqueta de cada calça.” Isso porque a Ellus possui um tipo específico de resina, até patenteada, que faz com que a peça fique parecendo feita de couro. Batizado de ‘leather denim’, o material precisa ser lavado a seco.
Quem andou comprando roupas do tipo deve ter tido transtornos com a lavagem. Mas o problema parece ter ficado para trás. “Antigamente, as resinas eram de qualidade inferior e se desgastavam mais rápido”, diz Camila. “Mas, hoje, são melhores e feitas com maior fixação.” A Vicunha até recomenda o uso do ferro de passar em algumas peças, para que o brilho da resina seja retomado – levando em conta, claro, as instruções da etiqueta.
Em todo caso, valem algumas dicas, válidas para todo tipo de jeans, resinado ou não: estender diretamente ao sol, lavar com água quente ou usar secadora são proibidíssimos. Além de desbotar a coloração, podem danificar o elastano presente na composição do jeans.
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