Quem está por trás da operação de marketing digital descentralizado é a startup brasileira Bornlogic, que se define como uma “omnitech”.
“Me chama no zap”, a estratégia da Via Varejo para aumentar as vendas, ajudou a empresa a atravessar o período em que as lojas físicas da Casas Bahia e do Ponto Frio ficaram fechadas. A ferramenta chegou a responder por 20% da venda on-line, graças ao impulsionamento de campanhas feitas pelos vendedores no Facebook. Um batalhão de 20 mil vendedores fez mais de 30 mil anúncios na rede social, chamariz para o cliente entrar em contato no WhatsApp.
Quem está por trás da operação de marketing digital descentralizado é a startup brasileira Bornlogic, que se define como uma “omnitech” – fornecedora de tecnologia para dinamizar as vendas em todos os canais usados pelo varejo, o “omnichannel”.
Batizada de “gerentes digitais”, a plataforma facilita a publicação de anúncios no Facebook e no Instagram, especialmente por meio de vídeos. Também controla os resultados, dando o retorno ao vendedores, e faz a gestão dos recursos financeiros disponíveis a cada gerente para impulsionar o conteúdo nas redes sociais.
“Não adianta uma empresa disponibilizar o WhatsApp se o funcionário não tiver com quem falar”, diz o fundador André Fonseca, um cientista da computação que iniciou a carreira no Vale do Silício e trabalhou na área de tecnologia da Vinci Partners. O serviço cresceu na pandemia e atraiu a primeira rodada de captação para a startup. A Bornlogic acaba de receber um aporte de R$ 8 milhões da Astella Investimentos, dinheiro que será usado para ampliar a área comercial e tentar triplicar o tamanho da empresa até o fim do ano.
A empresa também está por trás da plataforma dos vendedores do Magazine Luiza (Magalu) – a propósito, foi por uma provocação da varejista que a Bornlogic conseguiu redesenhar seu modelo de negócio. Em Avaré, no interior de São Paulo, as vendedoras da varejista gravaram uma paródia de um funk para anunciar uma oferta. O vídeo, na página do Facebook, teve mais de 300 mil visualizações e a oferta anunciada, uma TV de 50 polegadas, atingiu 80% da meta mensal de vendas em apenas um fim de semana.
A startup já tinha tentado outros caminhos, mas não tinha encontrado um modelo de negócio que se sustentasse. Criada em 2013, a empresa se dedicava a otimizar a compra de anúncios de grandes anunciantes no Facebook. Com o tempo, a própria rede social passou a oferecer o serviço, tornando a Bornlogic obsoleta. Numa segunda fase, a startup se tornou uma companhia de compra de anúncios em redes sociais – até a nova guinada, há três anos.
Até 2019, boa parte das companhias ainda precisava ser convencida do poder do marketing digital descentralizado. Com as restrições impostas pela pandemia, o jogo mudou. Dos cerca de 30 clientes corporativos da Bornlogic, a maioria é do varejo – mas a startup também oferece a ferramenta a grupos como Kroton e Porto Seguro.
“Com um produto bem desenhado, o ‘gerentes digitais’ cresce ao redor de 8% por mês”, diz Marcelo Sato, sócio da Astella. A gestora de venture capital tem cerca de R$ 400 milhões sob gestão e é investidora de companhias como a Dr. Jones, marca de produtos de beleza para homens.
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