A borboleta branca desceu em espiral sacolejando as asas diáfanas. Pousou cautelosamente na areia úmida, ali onde a maré vazante acabara de cobrir de espuma. Um pouco adiante, caminhando sobre o espelho que a película d’água formava perto da arrebentação, um jovem e inexperiente caranguejo procurava partículas invisíveis com as suas formidáveis pinças.
- Cuidado! – Alertou o caranguejinho. – Aqui não é lugar para alguém tão frágil. O que é que você procura?
- Sal – Disse a borboleta com toda simplicidade. Vim lamber o sal que o mar deposita na areia.
- Ah! Sim. Pois fique à vontade. Sal é o que não falta neste mundo alagado em que vivo. Aliás, vivo coberto de sal, sempre molhado, sempre correndo entre o mar e a areia. O que eu não daria para sair esvoejando por aí…
- E por que você não faz isso?
- Bem que eu gostaria… Mas ninguém nasce uma coisa e vira outra assim, sem mais nem menos.
- Como não? Claro que vira. Eu, por exemplo, nasci lagarta. Era lenta, rastejava pelos galhos e comia um montão de folhas. Para muitos eu era repugnante! Agora, olhe para mim! Sou uma elegante borboleta. Vôo pra lá e pra cá, tomo o néctar das flores e aprecio o sal que você despreza.
- E como se faz isso?
- Muito simples. Você come até não poder mais. Quando percebe que a sua pele está rígida e pequena para você, é porque você virou borboleta. Aí, é só abandonar a pele antiga e sair voando!
- Vou tentar – Disse o caranguejo. E passou a comer sem parar. Em pouco tempo sentiu-se incomodado. Percebia a sua carapaça cada vez mais rígida e apertada. Ele ficou feliz com isso, pois sentiu que algo extraordinário iria acorrer. De fato! Como acontece com todo caranguejo quando cresce, o nosso caranguejinho sentiu um impulso irresistível de sair da carapaça. Mas ao contrário dos outros caranguejos, que se escondem para trocar a casca, ele resolveu subir na pedra mais alta e exposta que encontrou. Esforçou-se, espremeu-se até que se viu nu, sem qualquer proteção. Estava eufórico! Nunca se sentira tão livre! Imaginou que iria sair voando imediatamente, como a borboleta lhe dissera. Dito e feito. Um pássaro que passava por ali, vendo o bicho fora da carapaça, não teve dúvida. Levou-o no bico para um passeio, só de ida, até o seu ninho.
Moral da história: Na metrologia, como na vida, cada grandeza física, cada processo tem o seu próprio padrão e a sua própria metodologia. Adaptações inocentes podem conduzir a resultados catastróficos.
Fonte:|http://ipemsp.wordpress.com/2011/09/30/medicoes-fabulosas-a-borbole...
Você precisa ser um membro de Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI para adicionar comentários!
Entrar em Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI