Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Medidas brasileiras são "tiro no pé", avaliam argentinos

Debora Giorgi, ministra da Indústria, é a interlocutora argentina
Em meio às infrutíferas negociações dos últimos dias para derrubar as barreiras protecionistas aplicadas entre os dois maiores sócios do Mercosul, o governo argentino se convenceu de que a medida brasileira de exigir licenças não automáticas a automóveis importados é um tiro no próprio pé e tem efeitos apenas temporários, depois dos estragos que - conforme admite a Casa Rosada - pode causar à indústria do país vizinho em um primeiro momento. Por isso, a Argentina está disposta a endurecer nas discussões com o Brasil e fechou posição em duas questões: continuará freando a entrada de máquinas agrícolas e não recuará por ora, sem obter concessões, das travas aos eletrodomésticos de linha branca.

Houve consternação, nos gabinetes de Buenos Aires, com a decisão brasileira de controlar a importação de veículos. Uma fonte do governo argentino diz que "o único setor industrial" no qual a Argentina tem superávit com o Brasil é o automotivo, mas "paradoxalmente" há déficit quando se calcula a cadeia produtiva como um todo. Considerando o comércio de autopeças, o saldo se torna favorável em cerca de US$ 1,9 bilhão por ano para a indústria brasileira.

Ou seja, os carros argentinos são montados basicamente com peças e autopartes brasileiras. É um setor em que o Brasil tem déficit de US$ 15 bilhões com outros países, mas superávit de US$ 5 bilhões por ano com a Argentina. Portanto, na avaliação feita em Buenos Aires, prolongar as restrições aos automóveis argentinos - o mesmo não vale para carros coreanos ou chineses, por exemplo - acabará gerando prejuízos à própria indústria brasileira de autopeças.

Além de provocar desorganização em um setor cujas empresas são multinacionais instaladas no Mercosul com um sistema de produção integrada, o que joga contra a institucionalidade do bloco da qual o Brasil se diz defensor, o governo argentino aponta outro ponto frágil na medida. São 7 mil automóveis enviados ao mercado brasileiro todas as semanas e a indústria automotiva, sozinha, foi responsável por cerca de 50% do aumento da atividade industrial em 2010. Portanto, admite um funcionário argentino, é natural que o licenciamento não automático a veículos do país possa levar algumas montadoras até a reduzir jornadas de trabalho.

Mas isso é algo de efeito temporário. Ele explica: acredita-se piamente que o Brasil não ultrapassará os 60 dias permitidos pela Organização Mundial do Comércio (OMC) para emitir o documento de liberação dos automóveis importados, ao contrário do que faz a própria Argentina. Dessa forma, os transtornos ficam limitados aos primeiros dois meses. Foi uma "jogada agressiva" do governo brasileiro, diz a fonte argentina. "Mas, se não afrouxarmos, a medida perde toda a eficácia depois de 60 dias. No limite, se nenhuma licença for liberada, no 61º dia o fluxo normal é restabelecido e tudo ficaria como se fosse o 1º dia de comércio em um cenário sem licenças não automáticas."

A intenção do Ministério da Indústria é continuar aplicando esse mecanismo, não só a produtos brasileiros, mas de todo o mundo - as regras da OMC impedem discriminação por origem. O governo acredita que, com isso, protege em torno de 1 milhão de postos de trabalho formais e ainda estimula indústrias estrangeiras a produzir no país para driblar as barreiras protecionistas. É o que já ocorre com empresas brasileiras como Vulcabras, Penalty, Santana Têxtil e Moura. Assim, pode-se discutir o prazo de liberação das licenças, mas não sua existência.

Um ou outro agrado pode ser feito, mas a Argentina está disposta a manter restrições para a entrada de máquinas e equipamentos agrícolas. O argumento é de que existe um déficit bilateral de US$ 450 milhões por ano. Sem barreiras, segundo o Ministério da Indústria, esse déficit pode pular facilmente para o nível de US$ 1 bilhão.

Também há uma decisão de protelar a entrada de produtos de linha branca. Nesse caso, o governo diz que já existem fabricantes argentinos de geladeiras, lavarroupas e fogões que querem exportar para o Brasil. "No caso de linha branca, as exigências brasileiras de liberação das licenças não automáticas só serão possíveis mediante reciprocidade de acesso dos produtos argentinos ao mercado do Brasil."

Tudo isso não significa, porém, que não há medo de novas medidas protecionistas do governo de Dilma Rousseff. Os argentinos lembram que, às vésperas das eleições presidenciais previstas para 23 de outubro, seria um problema viver a repetição das barreiras impostas no fim de 2009. Naquele ano, em resposta às medidas protecionistas da Argentina, o Ministério do Desenvolvimento aplicou licenças não automáticas a produtos de valor relativamente baixo, mas importantes do ponto de vista regional - como vinhos produzidos em Mendoza, maçãs e pêras do Vale do Rio Negro, alho das províncias do Norte. "Houve inúmeras queixas de senadores e de governadores", lembra o negociador argentino.

Fonte:|valoronline.com.br|

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Comentário de Luiz Gustavo Moreira em 28 maio 2011 às 7:41

Devemos é parar de importar qualquer coisa dos argentinos, afinal eles só servem para mandar frente fria e problemas. Se fizermos isto eles morrem de fome. Eles pensam que são primeiríssimo mundo

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