NELSON MOTTA
Com grandes espetáculos, cenários luxuosos, elencos competentes e salas lotadas em longas temporadas, os musicais se tornaram o sucesso do momento no teatro brasileiro.
Em tese, qualquer tema pode inspirar um musical, bastam boas músicas e letras e uma historinha para costurar tudo. Até o mensalão daria um musical.
A abertura seria a cena verídica (relatada por José Casado) do encontro de Lula e Zé Dirceu com Roberto Jefferson para celebrar o acordo do PT com o PTB. Com bons vinhos e largos sorrisos, eles chegam para o jantar festivo na casa de Jefferson. Depois do lauto repasto, dos risos e das garrafas vazias, passam à biblioteca para o café, conhaque e charutos.
Desabado no sofá vermelho, com o olhar já meio turvo, Lula é surpreendido por Jefferson, que começa a cantar acompanhado ao piano por sua professora de canto lírico:
“Eu sei que vou te amar/ por toda a minha vida eu vou te amar/ Em cada despedida eu vou te amar/ desesperadamente eu sei que vou te amar …”
Os convidados emudecem, a voz do barítono ressoa na sala, com gestos largos e interpretação grandiosa, olho no olho de Lula, Jefferson canta a música inteira com intensa emoção e termina com a voz embargada, enquanto uma lágrima furtiva rola pela face de Lula.
Trinta políticos de vários partidos, com ternos brilhantes, gravatas medonhas e cabelos acaju invadem a cena cantando e dançando para Lula e Jefferson: “Ei, você aí/ me dá um dinheiro aí/ me dá um dinheiro aí…”
Segue dueto de Jefferson e Zé Dirceu em “Vou festejar”:
Jefferson: “Chora, não vou ligar/ chegou a hora/ vais me pagar/ pode chorar, pode chorar.”
Dirceu: “É o teu castigo/ brigou comigo/ Sem ter por quê”.
Jefferson: “Eu vou festejar/ vou festejar/ o teu sofrer/ o teu penar.”
Os dois juntos: “Você pagou com traição/ a quem sempre lhe deu a mão.” (bis)
Dirceu canta “Segredo”, de Herivelto Martins, para Jefferson: “Teu mal é comentar o passado/ ninguém precisa saber do que houve entre nós dois/ o peixe é pro fundo das redes/ segredo é pra quatro paredes/ primeiro é preciso julgar pra depois condenar.”
Joaquim Barbosa bate o martelo. Black out
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