
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que o atual cenário geopolítico mundial demanda do Brasil coragem para crescer e buscar oportunidades em diferentes parceiros comerciais, como o Chile. Ele enfatizou os fatores de atração de investimento são os mesmos que compõem a competitividade de uma economia, como educação, na formação de novos pesquisadores, cientistas e de mão de obra qualificada.
O discurso foi feito ao lado do presidente do Chile, Gabriel Boric, no encerramento do Fórum Empresarial Brasil-Chile, nesta terça (22), na Confederação Nacional da Indústria (CNI).
“Esse não é momento de ficar com medo, é o momento de criar coragem e decidir o que queremos ser. O nosso crescimento econômico depende, exclusivamente, da nossa vontade de crescer e de construir relações estratégicas”, disse o presidente.
“Precisamos identificar onde podemos estabelecer parcerias e onde há espaço para desenvolvimento. O governo não faz negócio, o que podemos fazer é abrir as portas para os empresários façam, e que eles saibam que o bom negócio é aquele em que os dois países ganham”, reforçou Lula.

Boric: Chile é parceiro de segurança para o Brasil
O presidente chileno, por sua vez, abordou o momento de incerteza do comércio mundial, criticou arbitrariedades no comércio exterior e destacou aos empresários brasileiros que, por outro lado, o Chile oferece ao Brasil certeza e segurança.
“O Chile é um parceiro confiável, um país estável e que respeita as regras do jogo; e nosso compromisso com a estabilidade socioeconômica torna o nosso país um ótimo destino para investir, especialmente neste tempo de turbulências”, disse Boric.
Em referência aos recentes movimentos geopolíticos no comércio, o chefe de Estado enfatizou que o protecionismo prejudica pessoas, famílias e pequenos produtores, e afirmou que por isso o Chile não optará por uma potência ou outra - mas segue com autonomia estratégica e acordos de facilitação com diversos parceiros, como o Brasil.

Indústria brasileira segue aberta ao diálogo
O evento, promovido pela CNI e pela Sociedad de Fomento Fabril (SOFOFA) e apoiado pelos respectivos governos, reuniu 250 participantes, entre empresários, representantes de entidades setoriais e autoridades. O objetivo do encontro é fortalecer os laços comerciais, impulsionar investimentos e promover a inovação, discutindo ambiente de negócios e prioridades do setor privado.
O vice-presidente da CNI, Mário Aguiar, ressaltou que a CNI continua aberta ao diálogo e disposta a contribuir para a implementação de políticas e iniciativas que atendam às demandas do setor produtivo e promovam o desenvolvimento econômico e social das duas nações.
“Com entendimento e união dos empresários do poder público, Brasil e Chile podem encontrar soluções eficazes para enfrentar os desafios comuns e para aproveitar as oportunidades que estão se abrindo em meio ao atual cenário de incerteza”, afirmou o vice-presidente da CNI, Mário Aguiar.
A programação do fórum incluiu painéis de discussão sobre integração de cadeias produtivas e cooperação em áreas estratégicas como energia, turismo e finanças sustentáveis. Além disso, paralelamente ao fórum, foi realizado um seminário de micro, pequenas e médias empresas e cooperativas,com painéis sobre os benefícios e desafios do acordo comercial, empreendedorismo feminino e oportunidades para essas empresas.
CNI reforçou as três prioridades da indústria brasileira para o relacionamento bilateral
Durante o evento, o vice-presidente da CNI destacou as três prioridades da indústria do Brasil para avançar no relacionamento com o Chile. O presidente Gabriel Boric afirmou que trabalhará junto às equipes de governo para dar andamento às demandas do setor produtivo.
- Implementar o novo regime de origem entre Brasil e Chile: a atualização das regras de origem é o único tema comercial pendente após o Acordo de Livre Comércio Brasil-Chile. O texto já foi negociado e está na fase de tradução. Com o empenho dos governos brasileiro e chileno, é possível concluir sua celebração entre o Mercosul e o Chile neste semestre, viabilizando a entrada em vigor de forma bilateral ainda em 2025;
- Concluir a negociação do Acordo Regional de Reconhecimento Mútuo (ARM) de Operador Econômico Autorizado (OEA): o ARM permite que os procedimentos adotados na certificação de OEA no Brasil sejam reconhecidos no Chile e vice-versa. Dessa forma, as empresas autorizadas são automaticamente identificadas na aduana como de baixo risco. O plano de trabalho do ARM entre os países do Mercosul e da Aliança do Pacífico foi assinado em 2018 pelas aduanas do Brasil e do Chile, mas não houve evolução no intercâmbio de informações;
- Fomentar a cooperação regulatória internacional (CRI): no âmbito do Acordo de Livre Comércio Brasil-Chile, os dois países concluíram as negociações de uma iniciativa de CRI no setor de cosméticos. Para que entre em vigor, ainda é necessário a publicação de ato normativo e implementação do acordo setorial. Além disso, para reduzir ou eliminar entraves no comércio bilateral, é importante promover novas iniciativas de CRI em outros setores, tomando como referência a iniciativa do setor de cosméticos.
Veja todas as imagens do evento no Flickr da CNI.
Chile é um dos principais parceiros comerciais do Brasil
O Brasil e Chile são parceiros econômicos estratégicos na América Latina e têm relação comercial sólida e em expansão: enquanto o Brasil é o principal destino das exportações chilenas na região, o Chile é o terceiro maior mercado para os produtos brasileiros. Ao longo das últimas décadas, os países aprofundaram seus vínculos por meio da modernização de acordos comerciais, criando uma base robusta para a integração econômica.
O Chile é o 7º maior parceiro comercial do Brasil e representa 2,1% da corrente de comércio brasileira. Em 2024, o intercâmbio comercial entre os dois países somou US$ 11,7 bilhões, sendo US$ 6,7 bilhões em exportações brasileiras para o Chile e US$ 5 bilhões em importações. A indústria da transformação tem papel relevante: na última década, o setor produtivo representou 69,8% das exportações do Brasil para o Chile e 64,8% das importações brasileiras de produtos chilenos. Os dados são de um levantamento feito pela CNI com base em estatísticas do Comex Stat.
Fórum Empresarial Brasil-Chile é organizado por instituições brasileiras e chilenas
Além da CNI e da Sofofa, participam da organização do Fórum Empresarial Chile-Brasil os Ministérios das Relações Exteriores do Brasil e do Brasil; o Ministério do Planejamento brasileiro, o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; e a Embaixada do Chile no Brasil.
A subsecretária de Relações Econômicas Internacionais (Subrei) do Chile, Claudia Sanhueza, afirmou que o país aposta no multilateralismo para fortalecer a resiliência comercial e diversificar os mercados estratégicos, e que para alcançar esse objetivo o Brasil é um parceiro fundamental. O objetivo, reforçou Claudia, é continuar construindo uma relação inclusiva e voltada para o desenvolvimento sustentável.
Para a presidente da Sofofa, Rosario Navarro, investimentos como a construção do corredor bioceânico não só encurtam distâncias logísticas, mas integram oportunidades e comunidades e dinamizam economias locais, além de ampliar alcance global da região. “A complementaridade das economias é um convite para um jogo em equipe, colaborativo, principalmente em inovação, tecnologia e parcerias na cadeia de valor”, ponderou.
Por: Fernanda Louise
Fotos: Iano Andrade/CNI
Da Agência de Notícias da Indústria
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