" O grito de alerta contra a desindustrialização e em prol do emprego, com a perspectiva de grande mobilização popular e a criação de uma frente parlamentar para defender os postos de trabalho e a indústria no Congresso, acendeu a luz vermelha em Brasília." ( do artigo)
Comentário: O Brasil submeteu-se a três décadas de mentiras e desindustrialização, que na verdade começou pelo governo Collor, que extorquia empresários para que pemanececem ativos ( são fatos) , prosseguiu com a abertura descontrolada ( exceção positiva para o plano Real), passou pela devassidão intitucionalizada do governo Lula ( seus efeitos perversos vão durar décadas, esperem), de forma que a manufatura está em plena decadência- encolhe.Enfim, parece que acordaram. Contudo as desvantagens competitivas do empresário e do trabalhador brasileiro são muitas em qualidade e também em quantidade. Demorará décadas para resolver - se resolver, pois a presente situação econômica enfrentará uma crise globalizada, que constituirá um problemão a mais
"O subdesenvolvimento é obra de séculos" Nelson Rodrigues, teatrólogo
Mudança na percepção externa
Terça, 27 de Março de 2012, 06h35
Rubens Barbosa
De um experiente político britânico, hoje homem de negócios, ouvi na semana passada, em Londres, que nos meios empresariais europeus e americanos começa a ganhar corpo a percepção de que o Brasil está chegando ao limite de sua capacidade de expansão do crescimento e que o governo terá pouco tempo para reverter essa impressão, caso queira manter a grande visibilidade do País e sua atração de investimentos. "O Brasil está muito caro e muito complicado para investir", disseram-me vários representantes de empresas. O Financial Times e a The Economist, influentes formadores de opinião no mundo dos negócios, repercutiram as medidas recentes de apoio à indústria nesse mesmo tom: mais protecionismo e menos ações efetivas do governo dentro de uma visão estratégica de médio e de longo prazos. A demora e a complexidade da nova regulamentação para a entrada de empresas automobilísticas com novas fabricam no Brasil é um exemplo.
O sucesso da política econômica, demonstrado pela estabilidade da economia, juntamente com o controle da inflação e a volta do crescimento, e pela expansão do comércio exterior, quadruplicado desde 2003, escondeu os reais problemas do setor industrial por mais de uma década. O alto nível do crescimento em 2010 (7,5%) expôs nossa debilidade no tocante a mão de obra qualificada, a educação e a infraestrutura, enquanto a baixa taxa em 2011 (2,7%) expôs o impacto sobre a indústria da perda da competitividade da economia brasileira. A indústria, que representava 27,2% do PIB em 1985, em 2011 viu sua participação reduzida a 14,6%.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), insuspeito ao analisar as políticas do governo nos últimos anos, em estudo recente afirmou que o Brasil precisa de políticas industriais de longo prazo e reconheceu ser preciso atacar o problema de forma sistemática, e não de maneira pontual, como feito até aqui.
A crescente desindustrialização, com a perspectiva de fechamento de grande número de empresas, e o inevitável desemprego, sobretudo na indústria de transformação, uniram as centrais sindicais e o setor empresarial, liderado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O grito de alerta contra a desindustrialização e em prol do emprego, com a perspectiva de grande mobilização popular e a criação de uma frente parlamentar para defender os postos de trabalho e a indústria no Congresso, acendeu a luz vermelha em Brasília.
A presidente Dilma Rousseff convocou, na semana passada, 28 importantes representantes do setor industrial para discutir a situação e determinar aos Ministérios da Fazenda e da Indústria e Comércio medidas concretas de apoio ao setor industrial. Aparentemente, a presidente saiu sensibilizada do encontro e entendeu que o setor industrial de transformação precisa de atenção maior neste momento em que, por questões conjunturais, está perdendo competitividade.
Embora nos dez últimos anos as medidas de apoio à indústria e ao comércio exterior tenham sido tímidas e muitas vezes nem chegado a ser implementadas, a reação presidencial parece representar uma mudança positiva de atitude em relação à indústria de transformação, o setor mais afetado pela perda da competitividade. Nesse sentido, a indústria não pode senão dar um voto de confiança, na expectativa de que medidas efetivas sejam anunciadas pelo governo no curto prazo.
A desoneração da folha de pagamento sem novo tributo sobre o faturamento, a devolução de impostos bem acima de 3% via Reintegra, a simplificação do PIS-Cofins, a melhoria da eficiência da alfândega, medidas para impedir a apreciação cambial, a ampliação e o barateamento do crédito, a busca de formas para reduzir o custo da energia e a melhoria da infraestrutura são, todas, medidas compensatórias bem-vindas. A retomada da indústria depende, entretanto, de medidas mais amplas, que envolvam soluções para o alto custo da tributação, da energia e dos juros bancários, não de mais protecionismo. O cenário internacional, que por muitos anos ficará afetado pela crise econômica e financeira, ameaçando o crescimento global e do comércio exterior, e a China agressivamente competindo com produtos brasileiros no exterior e mesmo no mercado doméstico aconselham um esforço político para reduzir significativamente o custo Brasil.
Chegou a hora de uma ação firme do governo e do Congresso com visão de futuro. Se o governo não enfrentar, no médio prazo, o problema central das reformas estruturais (tributária, da Previdência Social, trabalhista e política), estará perdendo uma oportunidade histórica para criar condições de um grande salto qualitativo ao estilo chinês na economia.
Apesar da guerrilha que o governo hoje enfrenta no Congresso, a frente parlamentar poderia liderar movimento para discutir uma verdadeira reforma tributária que permita uma ampla negociação entre os Estados para benefício de todo o País. Há um pacote pronto para ser discutido entre o governo e os Estados. A reforma do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS); a aprovação da Resolução 72/2010, que prevê a uniformização da alíquota do ICMS interestadual para importações; a repactuação dos royalties do pré-sal; a desoneração da folha de salários; a dívida dos Estados e sua renegociação sem violar a Lei de Responsabilidade Fiscal; todas essas importantes matérias poderiam ser postas conjuntamente na mesa para uma ampla negociação. Se seriamente tratada essa questão, estaria aberta a possibilidade de a presidente Dilma avançar com sucesso numa área minada que os dois governos anteriores não quiseram ou não puderam enfrentar.
Aproveitando o momento, uma modificação no processo decisório do comércio exterior, com o reforço da Câmara de Comércio Exterior (Camex) e a separação da alfândega da Receita Federal, ajudaria, e muito, o setor privado e o funcionamento da economia.
*Presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp
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O programa de integração social(PIS) finge que devolve ao trabalhador através do 14º salario, a arrecadação do tributo. Quando criado, esperava-se que o funcionário iria acompanhar o faturamento das empresas (teriam participação no faturamento) Nada disso aconteceu e ficou o imposto e parte que é devolvida pelo 14º. Então é hora de acabar com esse imposto! Seria uma desoneração imediata e, teoricamente, o governo nada perderia. Será que vão me bater?
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