Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Número de ‘empresas zumbis’ no Brasil cresce 50%, aponta pesquisa da KPMG.

Os casos de empresas em dificuldades financeiras aumentaram 50% agora em 2012 em comparação com o ano passado

Durante este período, foi apurado um número maior de companhias que passou a ser acompanhada pela área de recuperação de crédito, que é acionada quando há atrasos nos pagamentos de empréstimos aos bancos. Conhecidas como “empresas zumbis”, elas não geram caixa e nem lucro suficientes para pagar a dívida nos seus balanços e, com isso, seus negócios tornam-se foco de novos ciclos de crises. Essa foi a principal conclusão de uma pesquisa feita pela KPMG no Brasil com as principais instituições financeiras do País.

O levantamento apontou ainda alguns fatores que levaram ao crescimento da dívida dessas companhias. Assim como ocorreu no segundo semestre de 2008, durante a primeira eclosão da crise financeira internacional, o Brasil começa a sentir os efeitos de um cenário macroeconômico negativo envolvendo recessão na zona do Euro, insolvência de alguns países e crise de confiança generalizada. Esses efeitos se manifestam no mercado financeiro pela maior dificuldade para bancos brasileiros captarem recursos no exterior. Onde a captação ocorre, ela tipicamente se dá em volumes menores e a custos maiores que os anteriores.

Já no caso dos bancos internacionais operando no Brasil, o problema muitas vezes acontece por decisões da matriz de repatriar recursos para cobrir necessidades de capital nos países de origem dos bancos. Alguns executivos de recuperação de crédito de bancos entrevistados no Brasil pela KPMG demonstram preocupação com os efeitos da crise, citando em particular alguns setores, tais como frigoríficos e usinas de açúcar e álcool. O levantamento detectou ainda que o prazo de transferência dessas empresas para a área de recuperação de crédito varia, entre os entrevistados, de dez a 30 dias após o vencimento.

Segundo André Schwartzman, sócio da área de Reestruturação da KPMG no Brasil e responsável pelo serviço de Cash Management, para as empresas, com raras exceções, a crise materializa-se na dificuldade de renovar limites de crédito existentes e no aumento do custo financeiro. “As empresas em situação patrimonial menos favorável podem ficar de fora do mercado financeiro tradicional, tendo que recorrer às operações de desconto de duplicatas a custos insustentáveis”, explica.

De acordo com Salvatore Milanese, sócio responsável pela prática de Reestruturação da organização, no caso brasileiro, as “empresas zumbis” são muitas vezes aquelas que passaram por uma recuperação judicial há algum tempo, somente postergando o vencimento de suas dívidas, sem implementar ações efetivas de reestruturação. “Em diversos casos, elas perderam uma grande oportunidade para tomar ações efetivas, como o equacionamento do montante da dívida, a capacidade de geração de caixa da empresa ou a realização de mudanças na gestão”, explica.

“Muitas vezes, as companhias que passam por recuperação judicial no Brasil não endereçam as reais causas de seus problemas. Os credores, pressionados a resolverem seus problemas de crédito rapidamente e desejando evitar a qualquer custo um prolongado processo de falência, acabam aprovando planos que não são sustentáveis no longo prazo”, complementa Salvatore.

Vida vegetativa
Assim como os zumbis das histórias estão mortos, mas ainda andam, os equivalentes corporativos das empresas ficam vagando em uma zona logo acima da insolvência, porém ainda distantes de uma verdadeira viabilidade. Uma “empresa zumbi” tipicamente está na “Unidade de Terapia Intensiva”, necessitando de ajuda financeira contínua de credores e investidores para continuar suas operações. Geralmente, elas não demonstram necessariamente prejuízos, e têm uma lucratividade próxima do zero ou ligeiramente positiva. Entretanto, embora gerem receitas suficientes para pagar suas despesas operacionais, elas não conseguem pagar suas dívidas. Isto claramente traz preocupações para os credores.

Alternativas para as empresas
O futuro para muitas destas “empresas zumbis” pode ser sombrio. Em muitos casos, a situação é grave e os gestores das empresas estão rezando para um crescimento forte na demanda, sem o qual eles não conseguirão ver a luz no fim do túnel. Isso é mais verdadeiro ainda para as empresas que não conseguirem reconhecer seus problemas. De acordo com o sócio André Schwartzman, em algumas delas, é necessária uma reestruturação profunda da empresa e de seu modelo de negócios. “Sem um diagnóstico preciso, o futuro dessas empresas fica seriamente comprometido. Conforme o refinanciamento fica cada vez mais difícil de ser obtido, empresas que dependem do influxo constante de crédito poderão se encontrar diante de um cenário de recuperação judicial ou, pelo menos, uma reestruturação radical de suas operações”, analisa.

Em casos menos dramáticos, empresas incapazes de gerar recursos suficientes para repagar suas dívidas e manter níveis competitivos de investimento estarão em condições menos favoráveis para aproveitar as oportunidades que aparecerão durante o ciclo de recuperação econômica. Estes negócios estarão bastante vulneráveis a aquisições ou à perda de terreno para concorrentes. “Em época de restrição de crédito e crise global, fica mais relevante a capacidade de a empresa claramente diagnosticar sua situação, instaurar uma cultura de caixa e implantar ações de impacto imediato”, afirma André Schwartzman

fonte:http://www.jornalempresasenegocios.com.br/especial.html

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