Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Não haverá mansão ou cédula para trocar por um gole d’água

O domingo ilegal e imoral de desmatamento brotou no noticiário. O cerrado está se extinguindo (e com ele os aquíferos, os lençóis dágua). A Amazônia continua a ser devastada de forma exponencial (e com ela os “rios voadores” de vapor, como o da foto, que abastecem o Sudeste). Corta-se uma árvore aqui na esquina para colocar um outdoor de homenagem ao... Dia da Árvore. Simbólico? Muito mais são as 2 mil árvores cortadas por minuto na Amazônia. O que parecia apenas um ímpeto do juscelinismo desmedido ( a propaganda da época mostrava como era bonito derrubar árvores na Amazônia), favoreceu a tese do “desenvolvimento a qualquer custo”. Resultado? Estamos, de fato, à beira do colapso. Da sede. Não haverá bem ou dinheiro no leilão da sobrevivência por uma gota d’água.

O domingo ilegal e imoral de desmatamento brotou no noticiário. O cerrado está se extinguindo (e com ele os aquíferos, os lençóis dágua). A Amazônia continua a ser devastada de forma exponencial (e com ela os “rios voadores” de vapor, como o da foto, que abastecem o Sudeste). Corta-se uma árvore aqui na esquina para colocar um outdoor de homenagem ao… Dia da Árvore. Simbólico? Muito mais são as 2 mil árvores cortadas por minuto na Amazônia. O que parecia apenas um ímpeto do juscelinismo desmedido ( a propaganda da época mostrava como era bonito derrubar árvores na Amazônia), favoreceu a tese do “desenvolvimento a qualquer custo”. Resultado? Estamos, de fato, à beira do colapso. Da sede. Não haverá bem ou dinheiro no leilão da sobrevivência por uma gota d’água.

 

1. Em São José do Rio Preto, SP, uma árvore centenária foi derrubada  e deu lugar a um outdoor que, ao fazer a propaganda de um plano de saúde, exalta o Dia da Árvore.

2. A verba do Fundo de Conservação Ambiental da Prefeitura do Rio despencou 80% em cinco anos. Segundo Fernando Walcacer, vice-diretor do Núcleo de Meio Ambiente da PUC-Rio, “O Rio pode vir a sofrer danos devastadores em decorrência da mudança de clima”.

http://oglobo.globo.com/rio/verba-de-fundo-ambiental-carioca-despen...

3. “O  Cerrado está extinto e isto leva ao fim dos rios e dos reservatórios de água, comprometendo o abastecimento de água potável em todo o País“, afirma o professor Altair Barbosa, da PUC- GO.  Simples: a extinção dos grandes mananciais de água do Brasil se dá porque as grandes bacias hidrográficas brotam do Cerrado. Uma vez que se inicia tal processo de degradação, tudo torna-se irreversível. “No Mar de Aral, há navios ancorados em sal. A então União Soviética, na ânsia de se tornar autossuficiente na produção de algodão, fez a transposição dos rios que abasteciam o mar. Em menos de uma década, as plantações não vingaram, o mar secou e uma grande quantidade de tempestades de poeira e sal afetam 30 milhões de pessoas”

http://www.jornalopcao.com.br/entrevistas/o-cerrado-esta-extinto-e-...

4. Antonio Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, relaciona a seca que atinge o Sudeste com o desmatamento da Amazônia. “O ar úmido é exportado para o Sudeste e Sul do Brasil por rios aéreos de vapor, mais caudalosos do que o Amazonas. Sem isso, o clima nestas regiões se tornará quase desértico. Por dia, 20 trilhões de litros dágua são transferidos para a atmosfera;  se continuarmos derrubando a floresta, o oceano é que sugará a umidade da Amazônia. Assim, poderemos ter no continente um cenário semelhante ao da Austrália, com grandes desertos e uma franja úmida próxima ao mar.” O território correspondente a três estados de São Paulo foi desmatado nas últimas décadas (em setembro o desmatamento aumentou em 290%).

http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/estudo-relaciona-desmatame....

5. A temperatura da Terra aumentou em um século em 0,85º. Se continuar este crescimento exponencial da concentração de gases do efeito estufa, segundo o Painel Mundial sobre Mudanças Climáticas, teremos mais 4º em 2100, o que provocará secas, inundações, aumento do nível do mar e extinção de espécies . http://g1.globo.com/natureza/noticia/2014/11/concentracoes-de-gases....

6. Há três décadas iniciei um movimento em defesa de uma figueira centenária no bairro do Jardim Botânico, no Rio. O que então parecia folclórico, era correto. Não se tratava apenas de uma defesa ambiental, mas de um ser vivo que ali estava há 300 anos contemplando a vida da cidade e que ali tinha o direito de permanecer por mais 300 anos. Depois de uma longa refrega, a figueira tornou-se o primeiro bem natural tombado do Brasil, por seu porte, magnitude e rara beleza.

7. Não há como tombar a árvore transformada num poste de outdoor, nem as 2 mil árvores abatidas por minuto na Amazônia. Mas há que se pressionar de forma contundente o Governo Federal, que deixa à deriva o Instituto Chico Mendes da Biodiversidade – ICMBio, cujo único resultado visível foi o desmantelamento do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, e a conivência e destruição do Parque Nacional da Tijuca, no Rio – ambos já denunciados aqui neste blog.

8. Aí em cima, se fala da destruição das espécies. Tudo está indo muito rápido. O ano de 2100 é… daqui a pouco. Parece que damos de ombros à realidade espantosa, ocupados com tolices comezinhas, como atiçar a rivalidade entre brasileiros do Sudeste ou da Amazônia. Os rios flutuantes da Amazônia estão desembarcando antes; os aquíferos do Centro-Oeste estão secando antes…

9. Queridos amigos, ou tomamos tenência ou nós não teremos mais um único copo d’água a sorver em pouco tempo. E aí nos daremos conta de que aquela água que pinga da torneira não é fruto de nenhuma riqueza tosca acumulada, dos bens extraordinários que possuímos, da pecúnia e da fúria individualista que nos alimentou.

10. Não teremos é água para nos alimentar. E não haverá mansões, palácios, artes ou cédulas que possam ser trocadas por um gole d’água.

 

http://veja.abril.com.br/blog/leonel-kaz/sem-categoria/nao-havera-m...

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