Conquistar o comércio exterior exige um trabalho contínuo. Atuar lá fora pode e deve fazer parte do plano estratégico de uma empresa. Uma das maneiras mais interessantes de conhecer as oportunidades que o mundo tem é participar de missões de negócios. Só em junho, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), por meio da Rede Brasileira de Centros Internacionais de Negócios (Rede CIN), promoveu três grandes ações com foco em exportação e importação para empresas brasileiras.
As missões aconteceram na Bahia, na Italia e nos Estados Unidos e promoveram o encontro entre 54 empresários brasileiros dos setores de alimentos, bebidas e móveis e compradores de diversos países.
Em Salvador, teve empresa começando com o pé direito e fechando as primeiras vendas. Com sorrisos no rosto e proposta comercial debaixo do braço, Gabriel Vieira e Leonardo Passos, sócio e gestor comercial da Doces Viera, concluíram a Rodada Internacional de Negócios Alimentos e Bebidas 2022.
“Esta foi a nossa primeira participação numa rodada internacional de negócios. Não tínhamos intenção de fechar vendas, viemos com propósito de aprender, mas fomos surpreendidos com propostas de compra do nosso produto por investidores que exportam para o Uruguai, Dubai e Europa”, conta Gabriel Vieira, representante da marca e filho do idealizador da indústria de doces de São Gonçalo dos Campos, região de Feira de Santana.
As conversas aconteceram durante a Origem Week, nos dias 9 e 10 de junho, e foram realizadas com o apoio da Federação das Indústrias da Bahia (FIEB). Essa missão teve caráter comercial e a expectativa é que movimente cerca de R$25 milhões em negócios no setor nos próximos 12 meses.
Mesmo se tivesse saído sem propostas de vendas, para Leonardo Passos a participação já teria valido a pena. “Amadurecermos nosso processo de internacionalização. Abriu nossa cabeça. Agora, é fazer o dever de casa”, acrescentou o gestor comercial da empresa baiana, que tem 48 funcionários e vende doces com características caseiras para todo o país.
Produtores de cachaça, derivados de cacau, café, geleias, doces, mel, granola, biscoitos, temperos, conservas e polpa de frutas da região participaram de mais de 200 reuniões durante o evento, que contou com dez compradores internacionais.
Os investidores demonstraram bastante interesse nos produtos brasileiros. “Podem ter certeza de que vou fechar muitos negócios. Ao menos cinco empresas e produtos que encontrei e com quem conversei, vou avançar nas negociações. Minha expectativa é tentar, esse ano ainda, direcionar U$100 mil do nosso orçamento para as empresas que encontrei no Origens Brasil”, revela João Ribeiro, CEO da Elements Brazil Import, Export and Distribution, com sede em Vancouver, Canadá.
Em Nova York, a pioneira na produção e distribuição de geleias artesanais no Brasil Homemade Alimentos expôs no Pavilhão do Brasil, na Summer Fancy Food, liderado pela Apex-Brasil.
Em visita técnica ao mercado Seabra’s, um dos maiores importadores e distribuidores de produtos latino-americanos e portugueses dos EUA, Edoardo Magli, um dos sócios da Homemade, apresentou a forma de preparo das geleias e a estratégia de apresentação dos sabores ao público estrangeiro. A empresa paulista levou amostras para degustação, o que agradou os anfitriões americanos.
“Já exportamos para outros países, mas ainda não tínhamos contatos na América do Norte. Fizemos alguns estudos antes da viagem e fomos com objetivos traçados, mas abertos as possibilidades. Lá conversamos com muitas pessoas, trocamos muitas experiências. Vejo uma grande oportunidade de ingressar no mercado", acredita Edoardo.
"Essa ação é como uma semente que plantamos agora para colhermos daqui uns três ou quatro meses”, afirma o representante da Homemade.
O Seabra's foi fundado em 1971 pelo português Américo Nunes Seabra. Atualmente, o grupo atua como importador e distribuidor, atendendo não apenas o público português, mas para toda comunidade latino-americana e americano. Eles foram uns dos primeiros a levar marcas como a Bauducco para os EUA, e atualmente trabalham com diversas marcas brasileiras como Maguary, Catupiry, Forno de Minas, Nestlé e Três Corações.
“Foi um momento chave, em termos prospectivos, para entender a necessidade de adaptar o posicionamento de preço/produto ao mercado e a importância de entender as peculiaridades dos consumidores locais”, destaca a analista de Relações Internacionais da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), Luana Mira, coordenadora da Missão Prospectiva à Feira Summer Fancy Food 2022.
O evento reúne produtores, distribuidores e importadores de diversos países e é uma das principais portas de entrada para o mercado norte-americano para alimentos gourmet, regionais, orgânicos e naturais.
Marlon Gentilin, da Coconuts Brasil, também participou da Summer Fancy Food, mas com o objetivo de aprimorar o produto e entender as possibilidades de levar a Cocada dos Sonhos ao mercado gringo.
Nos dias de visita à feira, ele descobriu que a cocada da Coconuts pode obter o selo de produto não transgênico (non-GMO) e, com isso, se destacar por ser um produto sem glúten. Esses dois pontos são atrativos importantes para o consumidor final, principalmente na comparação com produtos similares, que são concorrentes da cocada do Marlon.
Identificar oportunidades e tendências, como o Marlon fez, foi um dos principais objetivos da Missão Prospectiva à Feira Summer Fancy Food 2022. As visitas técnicas serviram para avaliar o posicionamento do produto dentro de mercados, a adequação da embalagem para aumentar a competitividade da marca, entre outros conhecimentos técnicos.
Em Milão, a capital da moda e do design, empreendedores do setor moveleiro foram em busca de novidades e tendências. Empresários do Ceará, Espírito Santo, Paraíba e Rio Grande do Sul visitaram a maior feira de design de móveis e arquitetura do mundo: o Salone del Mobile.
Neste ano, o salão celebrou a 60ª edição e reuniu mais de 2 mil expositores de 30 países . Com o tema Sustentabilidade e consciência ambiental na produção de móveis, 24 pavilhões exibiram criações para diferentes ambientes.
Eles compõem sete grandes núcleos: o Salone Internazionale del Mobile; o Salone Internazionale del Complemento d’Arredo e Workplace3.0; a bienal EuroCucina (com o evento colateral FTK: Technology For the Kitchen); o Salone Internazionale del Bagno; S.Project; e o Salone Satellite, que prestigiou o talento de 600 designers com menos de 35 anos.
Depois de dois anos sem eventos presenciais para o setor, o grande objetivo da missão foi apoiar as empresas brasileiras na atualização de tecnologias e inovações para o setor, assim como servir de etapa de preparação para a internacionalização dos negócios moveleiros.
Para isso, a programação incluiu visitas guiadas no Salone del Mobile e no Museu do Design ADI; e um workshop sobre o que está em alta no mundo do design e da arquitetura com os especialistas italianos Francesca Rossi e Franchesco Lucchese no Castello Sforzesco.
“As missões abrem os horizontes dos empresários. Muito mais do que fechar negócio, as ações capacitam e dão experiência para que a empresa se internacionalize de forma consistente. Exportar não é uma aventura, muito menos sorte. É um trabalho contínuo, que exige planejamento. E a Rede CIN tem os serviços e a expertise para acompanhar a indústria nesse processo”, explica o coordenador de Internacionalização da CNI, Felipe Spaniol.
Confira, a seguir, o calendário de missões e encontros de negócios da Rede CIN no segundo semestre de 2022:
Coordenada nacionalmente pela CNI, a Rede CIN promove a internacionalização das empresas brasileiras por meio de um conjunto de serviços customizados a suas necessidades.
Presente nas 26 federações de indústria dos estados e no Distrito Federal, ela conta com especialistas de comércio exterior que desenvolvem soluções encadeadas e complementares para os diversos níveis de maturidade das empresas brasileiras. Acesse o canal da Rede CIN e saiba mais.
Por: Giovanna Chmurzynski
Com informações da FIEB e FIESP
Fotos: Giovanna Chmurzynski, Iano Andrade e arquivo pessoal
Da Agência de Notícias da Indústria
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