Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Fonte:|istoedinheiro.com.br|

Com uma semana de folga por ano e salários de US$ 40, o Vietnã se torna o segundo maior exportador têxtil dos EUA. Por que isso pode ser perigoso para as empresas?

Os termômetros marcavam quase 37 graus, num típico dia úmido
do outono do Vietnã. À primeira vista, os imensos galpões da zona industrial de Hanói, capital do país, pareciam abandonados.
Mas, quando uma das portas se abriu, cerca de 150 pessoas olharam assustadas em direção à luz intensa que vinha de fora. Para driblar os altos impostos do governo, a maioria das fábricas do Vietnã trabalha na
maior discrição. Nada de letreiro ou recepção amistosa para uma visita guiada.
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Fábrica no Vietnã: com custos muito baixos, o país se tornou fornecedor de
produtos têxteis para gigantes como Sears, Levi's , Target e Walmart
Apenas trabalhadores num ritmo frenético atrás de suas máquinas de costura. O trabalho não pode parar. Numa jornada de 12 horas diárias, com apenas 30 minutos para o almoço, a marca das 16 mil peças de jeans deve ser batida.
Apesar da lei do silêncio imposta, um quadro de normas com o símbolo da rede americana Sears pregado na parede dá um indício do destino dessa produção. Nos últimos anos, as roupas vietnamitas têm entrado no radar das empresas americanas.
Hoje é possível encontrar etiquetas “Made in Vietnã” em varejistas como Walmart e Target, assim como nos produtos das marcas Banana Republic e Levi's. A Comissão Americana do Comércio Internacional (USITC) considera, inclusive, que o país é um dos únicos capazes de concorrer com a China no setor têxtil.
O Vietnã já ocupa o segundo lugar em exportação de roupas aos Estados Unidos. Segundo Vu Duc Giang, diretor-geral do grupo têxtil e de
confecção do Vietnã (Vinatex), no primeiro semestre deste ano, as
exportações ao mercado americano chegaram a US$ 2,7 bilhões –
crescimento de 20,6%.
Apesar dos números vultosos, a adoção de produtos vietnamitas nem sempre foi bem vista pelos consumidores americanos. Nada a ver com as cicatrizes causadas pela sangrenta guerra entre os Estados Unidos e o Vietnã entre 1964 e 1975.
A desconfiança em relação aos artigos vietnamitas deriva de um problema estrutural: para se tornar competitivo no cenário internacional, o Vietnã viola leis trabalhistas numa política extrema de baixo custo de produção.
Em Hanói, o salário médio no setor é de US$ 40 por mês, com seis dias de trabalho por semana e apenas sete dias de férias no ano, durante o Têt – ano novo lunar. Nas nações vizinhas, o salário já atingiu quase o dobro.
Além disso, é comum o uso de mão de obra infantil por ser ainda mais barata. O trabalho de crianças não é proibido no país, mas pode representar um inconveniente para a imagem dos importadores, como aconteceu com a Nike.


Em 2002, a empresa foi processada pelo ativista Mark Kasky por não proteger os direitos trabalhistas de seus funcionários no Vietnã, na China e Indonésia. A americana teve de pagar U$ 1,5 milhão para um grupo
de monitoramento das condições de trabalho industrial, chamado Fair
Labour Association. Após realizar quase 600 auditorias, a Nike
reconheceu publicamente problemas como o excesso de horas de trabalho e o
assédio moral de seus empregados.
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Desde então, as marcas procuram se certificar do sistema de trabalho nas fábricas vietnamitas. A vantagem do preço baixo, entretanto, deixa muitas vezes essa questão em segundo plano.
Uma calça jeans comprada no Vietnã por US$ 5 é posteriormente vendida entre US$ 30 e US$ 40 no país de destino. As empresas estrangeiras, segundo Frederik Burke, advogado da agência Baker &
McKenzie, identificam o país como uma das regiões prioritárias para
expandir seus negócios, especialmente na atual situação em que as
perspectivas para a economia global permanecem sombrias.
“O sucesso de muitas empresas dos EUA no Vietnã encoraja outros países e mostra que é um mercado onde poderiam prosperar”, diz Burke, também membro da Câmara Americana de Comércio no Vietnã. Os chineses que
se cuidem.

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Comentário de Roberto Cavalcanti em 18 outubro 2010 às 9:44
A questao, amigo José é que o setor calçadista pagou comissão a pessoa correta do governo. Esta "contribuição" a camanha da Dilma, leva aos ministros abrirem as portas. Conclusão o setor textil tem de pagar o suborno as pessoas certos. Fale com a Dilma.
Comentário de JOSE APARECIDO ALVES em 18 outubro 2010 às 7:43
fico indignado , nossos governantes , ou atuais e possiveis governantes, nem olham para isso, a cadeia textil que ja empregou tanta gente e já rendeu tanto impostos para os eles, o quel nem sempre é revertido ao povo,, não é olhada nem de frente e nem por acaso.
Continuamos como bons Brasileiros , apanhando e levantando e apanhando e levantando, sempre acreditando que isso vai mudar.
O setor calçadista passou por crises e conseguiu junto ao governo mudar a situação, quando nós vamos conseguir ?

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