Quando se fala em traição, a maioria de nós pensa em falta de respeito, falta de fidelidade àquilo com que se deveria estar comprometido, porém sem entender como se pode chegar a essa conclusão legitimamente. Em geral, as pessoas acham que isso é o fim de qualquer relacionamento e se negam a discutir a questão supondo estarem certas daquilo que estão fazendo e, mesmo não deixando de amar o outro, preferem a separação. Deixando de lado o quanto isso é patético, e na hipótese de que fazer nossa lição de casa é interessante, tentemos entender tal raciocínio desde o início.
Fidelidade não é uma questão de decisão e relacionar-se não é ser dono do outro. Uma eterna vigilância dá muito trabalho. Amar alguém não quer dizer ter a propriedade do outro.E quando se ama de fato quer-se que o outro esteja bem. Vejo muitos casais que juram fidelidade e, a meu ver e de muitos outros, não há como se sentir atraído apenas pela pessoa que se escolheu para viver. Os que decidem construir um relacionamento não podem pensar que estão mortos para o resto do mundo, pois vão continuar achando outras pessoas interessantes, bonitas e pode acontecer o que muitos julgam o fim do mundo: fazer sexo com ‘outra’ pessoa.
Não há nada de absurdo nisso e os casais que têm maturidade e inteligência podem entender isso, embora na prática seja um pouco difícil. Quando amamos, o amor não pode ser troca somente de coisas boas. Se assim for é um amor oportunista. Se acontecer infidelidade é aí que se deve mostrar que o que se sente é mesmo amor. Com ou não vontade de matar o outro é preciso compreender. Mostrar-se amável com quem faz tudo dentro das regras estabelecidas é muito fácil. A lealdade é valiosa num relacionamento e não é preciso ser brilhante para entender que quem ‘trai’ obedece a um impulso natural, entretanto não creio que apenas o homem tende, por natureza, à inconstância no amor e a mulher o contrário, pois ambos podem desejar outras pessoas mesmo com relacionamentos construídos.
A maioria dos casais não conversa sobre isso e, pior, acha que jurou amor eterno e é proibido sentir qualquer coisa por outra pessoa. Além de não conseguir discutir a questão, mente, se autoengana passando a imagem de família feliz e perfeita. Casais vivem mais em harmonia se nada escondem, pois há os que não se sentem completos com apenas uma única pessoa e se o outro não entender isso não pode dizer que ama. Schopenhaeur quando fala da diferença do amor sexual entre homem e mulher esclarece que mulheres prendem-se a apenas um homem, mas é a natureza que as levam a conservar, instintivamente e sem reflexão, aquele que nutrirá e protegerá a futura prole, mas hoje, uma mulher sozinha consegue proteger e nutrir seus filhos. Fernando Pessoa diz que nunca amamos alguém e sim a ideia que fazemos de alguém, em suma é nós mesmos – que amamos – e que no amor sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa. Isso tem sentido, pois ser fiel àquilo que se é faz-nos sentir confortável.
Acredito no amor e em relações duradouras, mas também acredito que podemos amar uma pessoa e esta não nos satisfazer sexualmente todos os dias. A infidelidade acontece se ela é praticada em segredo e relacionamentos construídos não podem nem devem ser oportunidades para adultério, pois isso é bem diferente da questão discutida no texto.
Fonte:|http://hypescience.com/nao-ha-como-se-sentir-atraido-apenas-pela-pe...
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