Preparem o bolso. A valorização do dólar, que acumula uma alta de 19,3% em setembro em relação ao real, deve deixar o Natal mais caro para os consumidores neste ano.
Não deverão ser só as mercadorias importadas que possivelmente chegarão às prateleiras das lojas com preços mais altos, como vestuário, alimentos, bebidas e os ornamentos natalinos trazidos da China. Produtos que são fabricados com componentes importados, como aparelhos de informática e eletrônicos, também poderão ter seus preços reajustados.
Em que medida os preços irão subir, no entanto, ainda é uma incógnita, até porque as empresas não sabem em que ponto irá parar a taxa de câmbio. Os repasses também vão depender do poder de negociação de cada varejista e do interesse de cada indústria de ganhar participação de mercado.
“Ninguém consegue prever, neste momento, em qual patamar o dólar vai se estabilizar”, afirma Fernado Pimentel, diretor superintendente da Associação Brasileira da indústria Têxtil (ABIT).
A volatilidade na taxa de câmbio dificulta a formação de preços no mercado interno e atrapalha as negociações entre clientes e fornecedores ao longo da cadeia de abastecimento de vários setores. As empresas estão em compasso de espera.
Aumenta procura por produto nacional
Segundo Pimentel, nas últimas semanas, desde que o dólar começou a subir, as indústrias têxteis nacionais começaram a receber um maior número de consultas, o que mostra que os compradores já estão mais preocupados em garantir abastecimento no mercado interno e reduzir, assim, a sua exposição ao câmbio.
“Mas, por enquanto, são só consultas”, diz Pimentel.
O maior impacto do dólar, na sua avaliação, deve ser sentido no início de 2012, quando o varejo de vestuário começará a comprar a coleção outono/inverno. Se a trajetória de alta do dólar for mantida, é provável que as importações percam fôlego. "O impacto será positivo para a indústria brasileira", diz Pimentel
Qual será o reajuste de preços?
Uma grande varejista de eletroeletrônicos afirmou ao iG que “não aceitará aumentos” dos fornecedores. As grandes cadeias de supermercados e mesmo operações de comércio eletrônico, como o Comprafácil, afirmam que já contrataram a maioria dos produtos importados que serão vendidos no fim do ano.
Segundo o Grupo Pão de Açúcar, uma boa parte dessas mercadorias já está até mesmo em seus depósitos. Como as negociações já foram fechadas, as varejistas garantem que poderão vender as mercadorias no Natal com as taxas de câmbio antigas.
Muitas das mercadorias importadas, avalia o diretor da ABIT, também estão vendidas com margens altas de lucro. "As empresas poderão, se quiserem, absorver em parte a alta do dólar e não repassá-la integralmente aos preços", afirma.
No entanto, parece impossível que o varejo consiga frear plenamente os repasses. A elevação dólar deve acelerar a inflação, dizem os economistas.
"É possível que haja um aumento de 10% nos preços em reais dos manufaturados no Natal", afirmou José Augusto de Castro, ice-presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), em entrevista à Agência Estado. Segundo ele, apesar já terem fechado contratos, as empresas precisam levar em conta o custo de reposição dos estoques, que ficarão mais altos daqui para frente.
FONTE: PORTAL IG
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