Notas da coluna que o jornalista Carlos Brickmann publica hoje, domingo, em vários jornais
Há algo em comum entre os 32 partidos políticos do país.
Não, não é o nome Partido: o Solidariedade, de Paulinho, não se chama “partido”. E a Rede, de Marina Silva, se vier a ser registrada definitivamente também não terá este nome.
O que têm em comum é que todos podem aliar-se em eleições estaduais, combater-se em eleições federais, ou vice-versa, unir-se em torno de um candidato, opor-se a ele. E ninguém vai estranhar o ziguezague: aqui, acredita-se, partido é assim mesmo.
Se um partido pode tudo, sem qualquer preocupação com programas de governo ou com alguma ideologia, por que tantos políticos se preocupam em criar outros partidos? Para que formar 32 partidos?
Para que servem?
Que é que são?
São minas de ouro – com a vantagem de não exigir investimento para extraí-lo.
Há montanhas de dinheiro público à disposição de seus dirigentes. O Fundo Partidário distribuiu no ano passado R$ 286,2 milhões. A propaganda política chamada de gratuita custa ao Tesouro perto de R$ 900 milhões em ano eleitoral (só é gratuita para o partido, porque a conta vem para nós).
Os dois partidos novos, PROS e Solidariedade, mal se formaram e já levam R$ 30 milhões anuais do Fundo Partidário.
No Brasil, partido não é um instrumento para chegar ao poder. No Brasil, partido normalmente é um instrumento para chegar ao dinheiro.
Sigam o caminho do dinheiro, dizia aos repórteres que desvendavam o escândalo Watergate sua principal fonte, apelidado de Garganta Profunda.
Quer saber por que surgem tantos partidos? Siga o dinheiro. Há gente com bolsos profundos.
Além da imaginação
Mas é pura ingenuidade acreditar que com este dinheiro os partidos ficam saciados.
Há ainda os cargos públicos com nomeações sem concurso, prêmio extra pelo apoio eleitoral; há o aluguel do horário gratuito, nem sempre oferecido gratuitamente pelos partidos menores aos aliados maiores.
E há certas transferências da organização para os organizadores que, quando descobertas, se transformam em escândalo.
Mas como querer que os beneméritos organizadores, que dedicam a vida ao partido e à democracia, paguem suas contas pessoais no fim do mês?
Os insaciáveis
Com tudo isso, ainda há quem queira que as campanhas sejam financiadas por dinheiro público. Como vimos, já são. O que querem é mais dinheiro público.
Notas da coluna que o jornalista Carlos Brickmann publica
Há algo em comum entre os 32 partidos políticos do país.
Não, não é o nome Partido: o Solidariedade, de Paulinho, não se chama “partido”. E a Rede, de Marina Silva, se vier a ser registrada definitivamente também não terá este nome.
O que têm em comum é que todos podem aliar-se em eleições estaduais, combater-se em eleições federais, ou vice-versa, unir-se em torno de um candidato, opor-se a ele. E ninguém vai estranhar o ziguezague: aqui, acredita-se, partido é assim mesmo.
Se um partido pode tudo, sem qualquer preocupação com programas de governo ou com alguma ideologia, por que tantos políticos se preocupam em criar outros partidos? Para que formar 32 partidos?
Para que servem?
Que é que são?
São minas de ouro – com a vantagem de não exigir investimento para extraí-lo.
Há montanhas de dinheiro público à disposição de seus dirigentes. O Fundo Partidário distribuiu no ano passado R$ 286,2 milhões. A propaganda política chamada de gratuita custa ao Tesouro perto de R$ 900 milhões em ano eleitoral (só é gratuita para o partido, porque a conta vem para nós).
Os dois partidos novos, PROS e Solidariedade, mal se formaram e já levam R$ 30 milhões anuais do Fundo Partidário.
No Brasil, partido não é um instrumento para chegar ao poder. No Brasil, partido normalmente é um instrumento para chegar ao dinheiro.
Sigam o caminho do dinheiro, dizia aos repórteres que desvendavam o escândalo Watergate sua principal fonte, apelidado de Garganta Profunda.
Quer saber por que surgem tantos partidos? Siga o dinheiro. Há gente com bolsos profundos.
Além da imaginação
Mas é pura ingenuidade acreditar que com este dinheiro os partidos ficam saciados.
Há ainda os cargos públicos com nomeações sem concurso, prêmio extra pelo apoio eleitoral; há o aluguel do horário gratuito, nem sempre oferecido gratuitamente pelos partidos menores aos aliados maiores.
E há certas transferências da organização para os organizadores que, quando descobertas, se transformam em escândalo.
Mas como querer que os beneméritos organizadores, que dedicam a vida ao partido e à democracia, paguem suas contas pessoais no fim do mês?
Os insaciáveis
Com tudo isso, ainda há quem queira que as campanhas sejam financiadas por dinheiro público. Como vimos, já são. O que querem é mais dinheiro público.
Notas da coluna que o jornalista Carlos Brickmann
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