As cidades do interior ganham cada vez mais espaço na economia paulista e, no primeiro semestre, foram preponderantes para garantir o avanço da indústria no Estado. Levantamento feito pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Fundação Seade), ligada à Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento, aponta que apenas a indústria de eletroeletrônicos, concentrada no entorno de Campinas, teve um aumento de 24,7% na produção no semestre, a maior variação entre os 21 setores da indústria de transformação analisados.
O segmento, que inclui a produção celulares, smartphones e tablets, é seguido pela indústria automobilística e pela indústria de outros equipamentos de transporte, formada basicamente pelo polo aeronáutico da Embraer, em São José dos Campos, e seu entorno. Juntos, esses três setores foram os principais responsáveis pelo crescimento de 2,9% que a indústria registrou em São Paulo no primeiro semestre, segundo a Pesquisa Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"São setores que receberam muitos incentivos recentemente e que têm se fortalecido especialmente no interior do Estado", disse Vagner Bessa, gerente de indicadores econômicos da Fundação Seade. "As áreas fora da região metropolitana têm crescido bastante e ganham espaço já há algum tempo. Quando a economia vai mal, os investimentos ficam parados, mas quando a economia vai bem, é para lá que os empresários decidem ir", disse, citando a falta de terrenos, custo alto e mesmo o trânsito congestionado como fatores que, aos poucos, afastaram os investimentos industriais da capital.
"O setor de material eletrônico, na região entre Campinas e Sorocaba, é um dos que mais se destaca", aponta Cimar Aparício, pesquisador da Seade. "Em 2000, a produção de eletroeletrônicos nessa região representava 32,5% do total do Estado, e, em 2010, o peso dela tinha dobrado, para 64,5%."
Essa região, situada a 100 km da capital e que inclui também municípios como Jundiaí, Itu e Itatiba, compõe o que a Seade batizou de "corredor asiático", formado por uma série de empresas que vêm se instalando no rastro da taiwanesa Foxconn, a fabricante de iPhones e iPads da Apple, que abriu em 2011 uma unidade em Jundiaí e prepara uma segunda em Itu, e pela produtora chinesa de computadores Lenovo, que já planeja ampliar a fábrica que inaugurou em janeiro, também em Itu.
"A produção cresce conforme essas empresas se instalam, e também pelo consumo interno, que se mantém ainda em um volume razoável. É um ramo promissor", disse Aparício, ao explicar o expressivo crescimento do segmento no início deste ano.
Bessa destaca também o impulso às vendas e aos investimentos dado pela ampliação recente da Lei do Bem, programa federal de 2005 que concede isenção a atividades de tecnologia e que, em abril deste ano, passou também a incentivar a produção de smartphones no país.
Foi também outro benefício - o de redução de IPI para automóveis - um dos alicerces para o bom primeiro semestre paulistano. Em maio, o governo federal anunciou que prorrogaria os descontos do imposto até o fim do ano, o que ajudou a reativar as vendas. Para os modelos 1.0, o cronograma inicial previa que, até julho, essa alíquota voltasse aos 7% originais. Atualmente, ela é de 2%.
Nesse sentido, a região do Grande ABC, na região metropolitana, ainda é o maior polo da indústria automobilística e o grande beneficiado. Mas o interior do Estado também ganhou espaço nos últimos anos, caso de Sorocaba, que recebeu uma fábrica da Toyota, e de Piracicaba, que ficou com os novos investimentos da Hyundai, outras duas montadoras asiáticas que começaram a operar em 2012.
Enquanto subsídios e mercado interno ajudam alguns setores, as importações continuam castigando outros. É o caso de vestuário e acessório, que teve queda de 14,2% na produção do semestre, e da indústria gráfica, uma das poucas ainda concentradas na capital, e que registrou retração de 11,6%. "Até livro didático o Brasil já importa da China", diz Bessa.
No semestre, as importações de São Paulo cresceram 7,9% ante o mesmo semestre em 2012, segundo levantamento da Seade com bases nos dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Por outro lado as exportações caíram 1,8%, elevando o déficit do Estado a US$ 16,7 bilhões, ante US$ 13 bilhões no primeiro semestre ano passado - no total do Brasil, o saldo passou de US$ 7,1 bilhões para déficit de US$ 3,1 bilhões neste ano no mesmo período.
"O Estado de São Paulo é deficitário desde 2008, sempre teve o déficit maior do que o Brasil, pois importa muitos insumos para a indústria e também serve como porta de entrada para vários outros Estados", afirma Bessa.
Os principais avanços nas importações pelo Estado foram em insumos, como peças para aparelhos telefônicos, nafta e óleo diesel. "O que podemos concluir é que, se as exportações estao caindo, e a produção subindo, é mesmo o mercado interno quem está puxando", diz o gerente da Seade.
Publicado em 16/08/2013 no Valor Econômico. Por Juliana Elias.
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