Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Apenas 6,6% dos jovens brasileiros escolhem fazer um curso técnico. O índice é oito vezes menor do que o registrado em países como Alemanha e Japão, por exemplo. Nações desenvolvidas apostam no ensino profissional por entenderem que, ao preparar sua força de trabalho para as demandas do setor produtivo, terão resultados diretos no crescimento econômico. “Não por acaso os índices educacionais pesam cada vez mais na avaliação do grau de desenvolvimento”, avalia o diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Rafael Lucchesi.

Do ponto de vista dos jovens, a educação profissional é uma aposta em um projeto de vida. Por ser focada em uma profissão, pode ser um caminho para atrair quem deixa a escola. Estima-se que 5,3 milhões de pessoas entre 18 e 25 anos não trabalham nem estudam.

O desafio que o Brasil enfrenta agora, na opinião de Lucchesi, é alinhar as oportunidades de trabalho criadas pela indústria às ações do governo, como o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), e a qualidade da educação oferecida instituições de formação, como o SENAI. Em entrevista durante a Olimpíada do Conhecimento, ele defende que, ao equilibrar sua matriz educacional, fortalecendo o ensino profissional, o Brasil favorece o desenvolvimento econômico e social, e atende às necessidades de crescimento do país.

Confira, a seguir, os principais pontos da entrevista:

OC: Em relação a outros países, qual a posição do Brasil?

 

Lucchesi: Se compararmos o Brasil às nações desenvolvidas, fica evidente o desequilíbrio existente em nossa matriz educacional. Enquanto no Brasil, apesar de todo o avanço, apenas 6,6% dos estudantes optam exclusivamente pelo ensino técnico, entre as nações mais ricas a média é de 50% entre os jovens de 15 a 19 anos. Os dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram que esse índice na Alemanha é de 52% e no Japão ultrapassa 55%. França e Coréia do Sul estão e m 41%.

O que é preciso fazer para expandir o ensino profissional e atrair os jovens para a educação profissional?

 

Lucchesi: Esses são, sem dúvida, alguns dos grandes desafios da educação do país. Hoje uma importante parcela dos jovens abandona a escola antes de concluir a educação básica. Uma pesquisa divulgada em 2011, pela Fundação Getúlio Vargas, apontou que 40% dos jovens de 15 a 17 anos deixam de estudar porque acham a escola desinteressante. É um índice muito alto de evasão.

A educação profissional pode ser um caminho para atrair esses jovens para a escola por ser focada em uma profissão. Para se ter uma ideia, 80% dos alunos do SENAI saem empregados dos nossos cursos. Precisamos mostrar isso a essa faixa etária e incentiva-los. Muitas profissões técnicas hoje oferecem salários mais elevados que os do ensino superior. O SENAI fez uma pesquisa com as 21 ocupações técnicas mais demandadas e a remuneração média inicial dessas áreas estão acima de R$ 2 mil, podendo crescer mais de 170% em dez anos, mais de R$ 5,6 mil. Há formações em alguns estados que o salário chega a R$ 8 mil.

Podemos dizer que a educação profissional oferecida pelo Brasil é de qualidade? Que parâmetros utilizamos para isso?

 

Lucchesi: O Brasil tem avançado muito no desenvolvimento de índices de avaliação da qualidade da educação. E isso é um passo fundamental para direcionar os investimentos em política pública. O IDEB, o ENEM e o ENADE são exemplos que estão dando certo e evoluindo a cada etapa. A educação profissional ainda não dispõe de uma metodologia nacional, o que não quer dizer que não exista qualquer tipo de avaliação. O SENAI criou a sua própria forma de avaliar a qualidade do ensino. Além do retorno que temos das empresas, da atualização constante de nossos currículos e de um intercâmbio com instituições que são referências globais, realizamos, a cada dois anos, a Olimpíada do Conhecimento. Esta é a maior competição de educação profissional da América Latina, em que selecionamos os alunos com melhor desempenho em suas áreas de todo o Brasil. Nesta competição, realizada entre 12 e 18 de novembro, em São Paulo, utilizamos padrões internacionais para avaliar o desempenho dos estudantes. O resultado tem sido surpreendente.

Como é o desempenho dos alunos brasileiros em relação ao de outros países?

 

Lucchesi: O Brasil ficou em segundo lugar na última edição do WorldSkills, em 2011, na Inglaterra, atrás apenas da Coréia do Sul e à frente de países como Japão, Suíça e Cingapura.  Essa é a maior competição de educação profissional do mundo, com a participação de mais de 50 países.

Agora, veja só, 50% dos alunos do SENAI são de escolas públicas e nosso sistema educacional é comprovadamente menos eficaz do que o dos países desenvolvidos. Ainda assim, esses meninos e meninas ocupam os lugares mais altos do pódio em torneios internacionais de ponta. Isso mostra que com oportunidade, foco e determinação, eles superam as expectativas. Com o desempenho deles no WorldSkills, o SENAI tornou-se referência em TI, Webdesign, Mecânica de Refrigeração, Desenho Mecânico em CAD e Mecatrônica, áreas em que tradicionalmente ocupamos o primeiro lugar.

E sobre as políticas de expansão do ensino profissional?

 

Lucchesi: Há um esforço relevante do governo federal nesse sentido, mas precisamos ser mais ousados. Precisamos reconhecer as iniciativas importantes para mudar esse cenário, como a expansão das escolas técnicas federais e, especialmente, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que conta com a participação ativa do SENAI e que chegou a 720 mil alunos matriculados em um ano. Porém, podemos dar um salto muito maior se conseguimos ampliar ou fortalecer o ensino médio profissionalizante, que oferece aos alunos do ensino médio um período de aulas para que aprendam uma profissão técnica. Com essa estratégia, o aluno que conclui o ensino médio consegue uma colocação no mercado de trabalho e já inicia uma carreira.

Fonte:http://www.portaldaindustria.com.br/senai/iniciativas/programas/oli...

 

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